Brasil busca auto-suficiência em fósforo e nitrogenados

22.12.2008 | 21:59 (UTC -3)

O Brasil quer se tornar auto-suficiente em derivados de dois insumos mais empregados na produção agrícola: fósforo e nitrogenados. O avanço da produção vai reduzir a elevada dependência da importação de insumos, que gira em torno de 70%.

A redução na importação de insumos é uma estratégia econômica. Com menor necessidade de importar, o setor de alimentação animal e de fertilizantes ficaria menos suscetível aos efeitos de uma alta de preços dos insumos minerais. Em 2008, por exemplo, o aumento chegou a 300%.

O País possui suficientes jazidas de fosfato e grande potencial para produção de nitrogenados. No entanto, ainda é preciso identificar e dimensionar a capacidade dessas jazidas. No caso do potássio, outro insumo de destaque na agricultura, há uma grande reserva na Região Amazônica, cujo uso depende de estudos.

A exploração de jazidas requer, também, mudança na legislação, principalmente, sobre o prazo que as empresas detentoras de lavras podem mantê-las sem utilizá-las. Por isso, o governo federal instituiu um grupo de trabalho que analisa as diretrizes para a exploração das jazidas para a produção de fertilizantes.

O grupo, que estabelecerá metas e ações necessárias para alcançar a auto-suficiência na produção de fertilizantes, é formado por técnicos do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, junto com o setor produtivo, e do Ministério de Minas e Energia, por meio do Departamento Nacional de Produção Mineral e a Petrobrás.

Países do Cone Sul programam ação conjunta - A iniciativa brasileira de ampliar a produção de fertilizantes foi apoiada pelos países do Cone Sul. Na 4ª Reunião Ordinária do Conselho Agropecuário do Sul (CAS), em agosto, no Chile, os titulares da Agricultura do Brasil, Chile, Argentina, Bolívia, Paraguai e Uruguai se comprometeram a designar especialistas no assunto para traçar uma estratégia comum para atingir a auto-suficiência na região.

“Alguns deles têm condições de ampliar significativamente a produção de fertilizantes. É o caso da Argentina que pode aumentar a exploração de potássio”, afirmou o ministro brasileiro, Reinhold Stephanes.

Comércio supera 18 milhões de toneladas - Entre janeiro e setembro de 2008, o comércio de fertilizantes foi de 18,1 milhões de toneladas. No mesmo período em 2007, foram 17,5 milhões de toneladas, com um crescimento de 3,8%. A produção interna permaneceu a mesma nos dois anos, com 7,2 milhões de toneladas. As importações aumentaram de 12,7 milhões de toneladas, em 2007, para 13,6 milhões de toneladas em 2008. As exportações passaram de 520 mil toneladas, nos primeiros nove meses de 2007, para 397 mil toneladas, até setembro de 2008.

Em 2009, o cenário de fertilizantes será influenciado por três fatores: o valor do barril de petróleo, gás natural e derivados; o valor do câmbio; e os preços das principais commodities, como soja, milho e trigo.

Associar reduz custos de produção - O agricultor brasileiro já conta com tecnologia favorável, aplica bem o corretivo de solo, faz adubação e controle fitossanitário de acordo com critérios recomendados, não desperdiça produto e as condições climáticas prometem ser convenientes. Como fazer, então, para diminuir os custos com fertilizantes?

Uma das alternativas para os produtores rurais enfrentarem a alta dos preços dos fertilizantes é mais simples do que se imagina: a formação de consórcios. Reunidos, os agricultores têm mais poder de negociação na hora da compra. Além disso, a união de agricultores em consórcios viabiliza o pleito, junto ao Mapa, para obtenção do registro de importação e fabricação de fertilizantes.

Para tentar reduzir custos, 21 cooperativas do Paraná se uniram, em 2008, para formar o Consórcio Nacional Cooperativo Agropecuário (Coonagro). O Coonagro importará diretamente fertilizantes, defensivos agrícolas e outros insumos, ao mesmo tempo em que exportará a produção das cooperativas. Além de proporcionar a redução dos custos, os consórcios permitem ganho de escala da produção, o que facilita o escoamento para o mercado internacional.

Fomento ao associativismo - O Núcleo de Integração para Exportação da Secretaria de Relações Internacionais do Agronegócio do Mapa (Niex/SRI/Mapa) trabalha para estimular a união entre agricultores e os elos da cadeia produtiva (produtores, agroindústrias e empresas de distribuição).

As atividades de fomento ao associativismo desenvolvidas pelo Niex consistem na realização de seminários (AgroEx e AgroInt) para orientar produtores a se unirem, principalmente, para exportar. Este ano, foram realizados seminários em Minas Gerais, Goiás, Rio Grande do Sul, São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Norte, Rondönia, Mato Grosso e Maranhão.

Adélia Azeredo

Mapa

www.agricultura.gov.br

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