Phytophthora infestans causa a doença comumente conhecida como requeima, míldio, mela, crestamento ou mufa.
Culturas atacadas
As principais culturas afetadas por P. infestans são:
- Batata (Solanum tuberosum): a requeima é uma das doenças mais destrutivas para a batata, podendo levar a perdas totais em poucos dias se não controlada adequadamente.
- Tomate (Solanum lycopersicum): a doença é altamente agressiva no tomateiro, capaz de dizimar lavouras inteiras em curto espaço de tempo.
Além dessas, outras solanáceas como berinjela, pimentão e algumas plantas daninhas podem ser hospedeiras potenciais.
Sintomas
Os sintomas da requeima podem se manifestar em qualquer fase do desenvolvimento das plantas e afetam severamente todos os órgãos da parte aérea:
- Folhas: manchas pequenas, irregulares, de coloração verde-escura que evoluem para lesões maiores, marrons ou pretas, com aspecto de queima. Em condições de alta umidade, observa-se um crescimento esbranquiçado na face inferior das folhas, correspondente às estruturas de frutificação do patógeno.
- Caules e pecíolos: lesões escuras, geralmente superficiais, irregulares e quebradiças, que podem resultar na morte da porção acima da lesão devido ao anelamento desses órgãos.
- Frutos (tomate): manchas de coloração marrom-parda, de aspecto oleoso e consistência firme, que podem aumentar de tamanho até atingir toda a superfície do fruto, sem causar a queda.
- Tubérculos (batata): manchas marrons sob a epiderme que evoluem para uma podridão dura e escura, atingindo aproximadamente 1,5 cm de profundidade. As plantas exalam um odor putrefato característico.
Etiologia e características
Phytophthora infestans é um oomiceto. Pertence ao filo Oomycota, classe Oomycetes, ordem Peronosporales e família Pythiaceae.
Apesar de muitas vezes ser tratado como um fungo devido ao seu modo de vida e morfologia semelhantes, é mais proximamente relacionado a algas, pois pertence ao grupo dos Stramenopiles.
Esse patógeno apresenta um ciclo de vida complexo, alternando entre esporulação, dispersão, infecção e reprodução. Seu desenvolvimento depende fortemente das condições ambientais, sendo favorecido por alta umidade e temperaturas moderadas (entre 10°C e 24°C).
- Esporângios e zoósporos: a reprodução assexuada ocorre pela produção de esporângios, que podem germinar diretamente ou liberar zoósporos biflagelados (esporos móveis) quando as temperaturas estão entre 8°C e 18°C. Esses zoósporos nadam na película de água sobre as folhas e penetram no hospedeiro, iniciando a infecção. Em temperaturas entre 18°C e 24°C, os esporângios germinam diretamente, produzindo um tubo germinativo que penetra nos tecidos vegetais.
- Oósporos (sobrevivência no solo): a reprodução sexuada ocorre pela formação de oósporos, estruturas de resistência que permitem a sobrevivência do patógeno em restos culturais e no solo por longos períodos. No entanto, sua ocorrência no Brasil ainda é incerta.
- Disseminação: o patógeno espalha-se principalmente por meio de respingos de chuva, ventos fortes e implementos agrícolas contaminados. A alta capacidade de dispersão e o curto tempo de incubação (3-5 dias) fazem com que a doença progrida rapidamente em condições favoráveis.
Phytophthora infestans sobrevive em restos culturais infectados, incluindo folhas, hastes, frutos e tubérculos.
Temperaturas acima de 30°C inibem a infecção, enquanto umidade relativa superior a 90% acelera a esporulação e a disseminação.
Chuvas frequentes aumentam a propagação da doença, pois a água facilita o deslocamento dos zoósporos e mantém as folhas molhadas por períodos prolongados.
Phytophthora infestans apresenta grande variabilidade genética, o que dificulta o controle da doença. Novas raças fisiológicas surgem constantemente, tornando algumas estratégias de controle rapidamente obsoletas. Essa variabilidade também favorece a seleção de estirpes resistentes a fungicidas, exigindo uma gestão cuidadosa no uso de produtos químicos.
Controle
O manejo da requeima envolve uma combinação de práticas culturais e controle químico:
- Práticas culturais: evitar o plantio em áreas sujeitas a períodos prolongados de alta umidade ou em solos mal drenados; utilizar material de propagação sadio; realizar rotação de culturas com gramíneas ou plantas não hospedeiras; eliminar restos culturais e plantas voluntárias que possam servir de inóculo; e adotar espaçamento adequado entre plantas para melhorar a ventilação.
- Controle químico: aplicações preventivas de fungicidas de contato, como mancozebe e clorotalonil, desde a emergência das plantas. Após a detecção dos primeiros sintomas, recomenda-se o uso de fungicidas sistêmicos, como metalaxil-M, dimetomorfe e propamocarbe, que oferecem proteção mais prolongada. É importante alternar ingredientes ativos e modos de ação para prevenir a seleção de patógenos resistentes.
A adoção de um sistema de previsão de doenças, baseado em informações climáticas locais, pode auxiliar na determinação do momento ideal para as aplicações de fungicidas, aumentando a eficiência do controle e reduzindo custos.
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