TCU autoriza construção da Ferrovia de Integração do Centro-Oeste
Medida vai permitir construção da Ferrovia de Integração do Centro-Oeste (FICO) com mecanismo de investimento cruzado
A batata (Solanum tuberosum L.) é uma cultura de grande importância para a segurança alimentar da humanidade. A sua produção é limitada por diversos fatores, destacando-se as doenças, dentre as quais a requeima, causada pelo Oomiceto Phytophthora infestans (Mont.) de Bary, é uma das mais destrutivas e de maior impacto econômico.
A requeima ocorre em todo o mundo e continua sendo a doença mais difícil de controlar para a cultura da batata e encontra-se disseminada em todas as regiões produtoras. Quando medidas de controle não são adotadas corretamente, a rápida disseminação e o elevado potencial destrutivo dessa doença podem resultar em perda total da produção em poucos dias e sérios prejuízos econômicos ao produtor.
Phytophthora infestans (Mont.) de Bary é um Oomiceto, conhecido como fungo não verdadeiro por ser semelhante morfologicamente aos fungos superiores. No entanto, esse patógeno está intimamente relacionado a organismos aquáticos, como as algas marrons e as diatomáceas.
Esse micro-organismo apresenta micélio hialino, cenocítico e é diploide na maior parte do seu ciclo de vida. P. infestans produz esporângios hialinos, com formato de limão e dimensões que variam de 21 a 38 x 12 a 23 µm, sendo formados em períodos de umidade relativa superior a 90% e temperaturas entre 16ºC e 23°C. Também produz sacos semelhantes a esporangióforos que são desenvolvidos com ramificação simpodial, que ajudam na disseminação dos esporângios no ar.
Em condições específicas de temperatura e baixa umidade formam esporos móveis (zoósporos) com dois flagelos (biflagelados) que os tornam capazes de nadar. Após nadar na superfície da planta hospedeira, os zoósporos se fixam e infectam a planta.
Possuem dois grupos (A1 e A2) sexualmente compatíveis, necessários para reprodução sexuada. O contato de duas cepas compatíveis pode levar à formação de oósporos, estruturas bastante resistentes que podem sobreviver no solo por vários anos.
A reprodução mais frequente é assexual. No inverno, normalmente sobrevive na forma de micélio assexual em restos de tubérculos deixados no campo, em pilhas de descartes e em armazenamento. Na primavera, esse micélio sobrevivente produz esporângios, que são disseminados por vento, água da chuva e implementos contaminados, infectando novas plantas e iniciando um novo ciclo da doença. Os tubérculos recém-formados são infectados quando os esporângios formados na parte aérea das plantas são transportados pela água da chuva para o solo.
A requeima ocorre em qualquer fase do desenvolvimento da batata, afetando de forma drástica a parte aérea e em alguns casos os tubérculos. Nas folhas, os primeiros sintomas são caracterizados por manchas pequenas, irregulares, de coloração verde-claro ao escuro e com aspecto úmido. Com o progresso da doença, essas manchas tornam-se escuras, amarronzadas ou negras, irregulares, podendo ou não ser envoltas por um halo amarelado ou verde-claro. Na face inferior dos folíolos, em condições de alta umidade, observa-se a presença de um crescimento branco-acinzentado nas margens das lesões e a produção de esporângios e esporangióforos. Ocorre a necrose dos tecidos foliares, que passa a exibir um aspecto de queima generalizada, ocasionando a destruição de toda parte aérea.
Em hastes, caules e pecíolos as lesões são marrom-escuras, úmidas, contínuas e aneladas, podendo ocorrer a quebra ou a morte desses órgãos. Nos tubérculos, os sintomas típicos são caracterizados por lesões castanhas, superficiais, irregulares e com bordos definidos, que atingem aproximadamente 1,5cm de profundidade. No seu interior a necrose é irregular, de coloração marrom. As infecções geralmente começam em rachaduras nos tubérculos, “olhos” ou lenticelas.
Temperatura e umidade são os fatores ambientais mais importantes para o desenvolvimento da doença, que é favorecida por temperaturas que variam de 12ºC a 25°C e períodos de molhamento foliar superiores a dez horas. Os esporângios podem germinar na superfície do tecido foliar a uma temperatura de 18ºC a 25°C e umidade relativa acima de 90% e produzir zoósporos biflagelados de 12ºC a 16°C. Os zoósporos são disseminados por água livre, ventos fortes e implementos agrícolas contaminados. O patógeno desenvolve estruturas de resistência (oósporos), que permanecem viáveis em restos de cultura e no solo por muitos anos, sem perder a capacidade de germinar e dar origem a um novo ciclo da doença.
Tendo em vista que epidemias de requeima são extremamente destrutivas, que o patógeno possui alta variabilidade genética, alta capacidade de reprodução e disseminação, que a doença apresenta rápido desenvolvimento, aliados ao plantio de batata em larga escala, torna-se essencial a adoção de medidas preventivas e integradas de manejo.
Dentre os controles, o uso de variedades resistentes é o mais utilizado, podendo ser integrado facilmente às demais formas de manejo. No entanto, essa não deve ser a única medida, pois o fungo apresenta alta variabilidade genética, não dispensando outras formas de controle, como o químico.
Nenhuma cultivar de batata é imune a todas as linhagens de P. infestans, mas algumas são mais resistentes que outras.
Se o clima em que as batatas são cultivadas é relativamente seco, mesmo as cultivares com baixos níveis de resistência podem reduzir significativamente a gravidade da doença. Combinadas com pulverizações com fungicidas foliares registrados para a doença e outras formas de manejo oportunas podem gerenciar de forma eficaz a requeima.
O controle preventivo deve ser uma estratégia utilizada pelos agricultores, a fim de restringir a entrada de inóculo inicial na área a ser cultivada. Dentre as principais medidas preventivas, destacam-se o plantio em áreas isentas e sem o histórico da doença, a utilização de batatas sementes sadias, equipamentos previamente sanitizados e irrigação sem contaminação.
Realizar rotação de culturas por, no mínimo, três a quatro anos com culturas não hospedeiras, com o objetivo de reduzir o inóculo inicial da doença nas áreas cultivadas.
Além da batata e do tomate, várias ervas daninhas e plantas ornamentais da família Solanaceae são hospedeiras desse patógeno. Com isso, é necessário realizar a eliminação criteriosa dessas plantas invasoras. Além de concorrerem por espaço, luz, água e nutrientes, dificultam a dissipação da umidade, condição ideal para a requeima.
Plantios adensados possibilitam um maior acúmulo de umidade nas folhas e, consequentemente, favorecem a requeima. Além disso, é importante a escolha de um local adequado ao plantio, evitando áreas sujeitas ao acúmulo de umidade, sem circulação de ar e próximas a lavouras em final de ciclo.
Os tubérculos infectados e os restos de culturas deixados no campo na colheita ou pilhas de descartes de tubérculos após a classificação e embalagem são as fontes mais importantes de inóculo inicial da doença, por isso devem ser eliminados para evitar a propagação da doença em plantios futuros.
Evitar longos períodos de molhamento foliar é fundamental para o manejo da requeima, com o objetivo de prevenir o desenvolvimento da doença nos campos de cultivo. Para tanto, deve-se evitar irrigações no final da tarde, no início da noite ou da manhã, assim como minimizar o tempo e reduzir a frequência das regas em períodos favoráveis, permitindo um tempo para a secagem das plantas. A irrigação excessiva também pode lavar parte do solo da base das plantas, expondo os tubérculos a um maior risco de infecção. Com isso, a adoção de irrigação localizada pode ser um importante aliado no manejo da requeima nessa cultura.
A fertilização excessiva por nitrogênio aumenta o crescimento e a cobertura do dossel, atrasa a maturidade e pode reduzir o rendimento. A maturação atrasada resulta em mais folhagem exposta a infecções em potencial por mais tempo. Dessa forma, cresce a probabilidade de os tubérculos serem infectados e aumenta o risco de ocorrer a requeima.
O uso de fungicidas é a principal medida de controle da requeima, particularmente em áreas úmidas. Os fungicidas de contato são eficazes e não resultaram em resistência do patógeno após muitos anos de uso.
Esses produtos revestem as folhas para evitar infecções, mas não conseguem pará-las depois que ocorrem. Portanto, devem ser aplicados antes que as plantas sejam expostas a esporos. Os fungicidas sistêmicos podem oferecer algum controle pós-infecção.
Não é recomendado o uso exclusivo e consecutivo de fungicidas sistêmicos, pois existe o risco de surgimento de resistência. A resistência ao metalaxil/mefenoxam na cepa de P. infestans no início dos anos 1990 fez produtores perderem plantações inteiras de batata para doença. As linhagens US-8 e US-11 são resistentes ao mefenoxam, mas as linhagens atuais são sensíveis ao fungicida. Além desse, vários são os fungicidas sistêmicos que foram registrados para controle da requeima, como os a base de dimetomorfe, cimoxanil, fluopicolide e propamacarb.
Com isso, os produtores foram incentivados a alternar defensivos e a se concentrar no uso profilático de fungicidas de contato. Alguns produtores usam rotineiramente fungicidas de contato no início da temporada, mas depois dependem de sistemas de previsão após as plantas amadurecem e o dossel ser estabelecido.
O uso de fungicidas específicos de forma alternada ou formulados com produtos de contato, evitar a utilização repetitiva de produtos com o mesmo mecanismo de ação e não fazer aplicações curativas em situações de alta pressão de doença são medidas para evitar a ocorrência de resistência de P. infestans a fungicidas. Além disso, o agricultor deve seguir todas as recomendações do fabricante quanto a dose, volume, momento da aplicação, intervalo e número de pulverizações, período de carência, uso de equipamento de proteção individual (EPI), armazenamento e descarte de embalagens.
O sistema de previsão da doença tem como objetivo gerenciar a aplicação do fungicida em períodos subsequentes às condições favoráveis ao desenvolvimento da doença. Atua no controle eficiente da requeima da batata e impede ciclos secundários, antes que as perdas ocorram.
O desenvolvimento do patógeno é altamente dependente das condições ambientais, principalmente umidade e temperatura. Com isso, o sistema de previsões de doença usa esses dados para prever surtos da doença, com base em padrões históricos.
O projeto USAblight (USAblight.org) foi financiado pelo USDA Afri em 2011 e fornece um conjunto de ferramentas para os produtores usarem para evitar a requeima. O sistema de previsão de doenças inclui um sistema de notificação que permite um relatório da doença em seu município, para que os agricultores possam visualizar onde ocorreram surtos e receber alertas de doenças nas proximidades.
Essas ferramentas recomendam a aplicação de fungicidas quando a previsão indica que o desenvolvimento da doença é provável. Os sistemas de previsão para a requeima incluem o sistema Hyre, o sistema Wallin e o Blitecast. Os sistemas de apoio à decisão estão ligados às estações meteorológicas locais e, portanto, o aconselhamento é feito sob medida para as previsões regionais. No Brasil existem vários estudos, mas nenhum sistema de previsão em uso rotineiro.
Pesquisas recentes têm observado que formulações de Bacillus subtillis e Trichoderma harzianum aplicados de forma preventiva podem reduzir a severidade da requeima em campos de batata.
No momento da colheita é possível que algumas infecções tardias estejam presentes na folhagem. Para evitar a inoculação dos tubérculos durante a colheita, a folhagem precisa ser destruída com a utilização de herbicidas, o que garante que as plantas tenham morrido completamente antes da colheita. Os tubérculos infectados devem ser removidos antes de serem armazenados e descartados adequadamente. Lembre-se, a qualidade do produto é realizada no campo e todo manejo é essencial para alcançar maiores produtividades.
Ibituaçu, Itararé, Araucária, Cristal, Pérola, Catucha, BRS Clara, Iapar Cristina, Monte Alegre 172, SCS 365- Cota;
Crebella, Apuã, Aracy e AracyRuiva, Cristina, Cristal, Naturella, Panda;
BRS Ana, BRS Eliza, BRSCamila, Baraka, Baronesa, Caesar, Emeraude, Florice, Itararé, Innovator, Markies, Marlen, Melody, Soleia, Oceania, Voyager, Colorado, Novella e BRSIPR Bel
Ágata, Almera, Arrow, Armada, Artemis, Asterix, Atlantic, Amorosa, Bailla, Bintje, Canelle, Chipie, Contenda, Cupido, Delta, Elodie, Eole, Éden, Fontane, Gourmandine, Gredine, Isabel, Monalisa, Maranca, Mondial, Omega, Opilane, Isabel, El Paso, Chipie e Sinora.
Otília Ricardo de Farias e José Manoel Ferreira de Lima Cruz, Universidade Federal da Paraíba Centro de Ciências Agrárias
A cada nova edição, a Cultivar Hortaliças e Frutas divulga uma série de conteúdos técnicos produzidos por pesquisadores renomados de todo o Brasil, que abordam as principais dificuldades e desafios encontrados no campo pelos produtores rurais. Através de pesquisas focadas no controle das principais pragas e doenças do cultivo de hortaliças e frutas, a Revista auxilia o agricultor na busca por soluções de manejo que incrementem sua rentabilidade. Na edição de junho de 2020 você confere também:
Receba por e-mail as últimas notícias sobre agricultura
Receba por e-mail as últimas notícias sobre agricultura
Medida vai permitir construção da Ferrovia de Integração do Centro-Oeste (FICO) com mecanismo de investimento cruzado
A 5ª edição da campanha #Mulheres Rurais, mulheres com direitos, foi lançada nesta quarta-feira. O objetivo é dar visibilidade às mulheres rurais, indígenas e afrodescendentes