
Meloidogyne incognita é conhecido como nematoide-das-galhas devido às deformações que causa nas raízes das plantas hospedeiras. Em algumas culturas, também é chamado de nematoide-das-raízes.
Culturas atacadas
Meloidogyne incognita afeta diversas culturas agrícolas no Brasil, incluindo soja, algodão, tomate, melão, abóbora e outras cucurbitáceas.
Ele está amplamente distribuído e pode comprometer seriamente a produtividade das lavouras.
Biologia
Meloidogyne incognita possui ciclo de vida relativamente curto, variando entre 21 e 28 dias, dependendo da temperatura do solo.
Seu ciclo inclui os seguintes estágios:
- Ovo: o desenvolvimento inicia-se no interior do ovo, onde ocorre a embriogênese. Cada fêmea pode produzir de 200 a 500 ovos agrupados em uma massa gelatinosa na superfície da raiz. Esse número pode variar conforme a planta hospedeira, a densidade populacional do nematoide e as condições do solo.
- Juvenil de primeiro estádio (J1): ainda dentro do ovo, ocorre a primeira muda.
- Juvenil de segundo estádio (J2): esta é a fase infectante. Após eclodir, o J2 move-se pelo solo e penetra nas raízes da planta hospedeira. Ele se desloca através do córtex até alcançar o cilindro vascular, onde se fixa e induz a formação de células nutridoras chamadas de células gigantes.
- Juvenis de terceiro e quarto estádios (J3 e J4): durante estes estágios, o nematoide sofre novas mudas e aumenta de tamanho. Ele se torna sedentário, alimentando-se do fluxo de nutrientes que circula nas células gigantes.
- Adulto: pode tornar-se macho ou fêmea. As fêmeas são responsáveis pela reprodução partenogenética (sem necessidade de fecundação), formando novas massas de ovos na raiz da planta. Já os machos, em sua maioria, não se alimentam e possuem vida curta.
A reprodução rápida e a alta capacidade de sobrevivência no solo fazem com que a infestação possa aumentar consideravelmente de um ano para outro, especialmente se a cultura seguinte for suscetível ao nematoide.
Ecologia e características
Meloidogyne incognita tem uma ampla distribuição geográfica e é altamente adaptável a diferentes condições climáticas e tipos de solo.
Alguns fatores ambientais favorecem sua disseminação e reprodução:
- Temperatura do solo: a faixa ideal de temperatura para seu desenvolvimento está entre 25°C e 30°C. Em temperaturas abaixo de 15°C, a atividade do nematoide diminui significativamente, e acima de 35°C, sua sobrevivência é reduzida.
- Umidade do solo: precisa de umidade para se locomover e penetrar nas raízes. Solos excessivamente secos dificultam sua mobilidade, enquanto solos muito úmidos podem favorecer a dispersão de inimigos naturais.
- Tipo de solo: os nematoides-das-galhas são mais prevalentes em solos arenosos ou franco-arenosos, onde o deslocamento do J2 é mais fácil. Em solos argilosos, sua movimentação é mais limitada.
- Sobrevivência no solo: em condições adversas, os ovos de Meloidogyne incognita podem permanecer viáveis no solo por longos períodos, aguardando condições favoráveis para eclosão. Isso dificulta o controle e reforça a necessidade de estratégias integradas de manejo.
- Hospedeiros alternativos: além das culturas comerciais, muitas espécies de plantas daninhas atuam como hospedeiros secundários, permitindo a manutenção do patógeno na área e dificultando sua erradicação.
A combinação de fatores como alta taxa de reprodução, adaptação a diferentes ambientes e capacidade de sobrevivência prolongada torna Meloidogyne incognita um dos nematoides fitoparasitas mais destrutivos da agricultura.
Danos
Os sintomas do ataque de Meloidogyne incognita incluem:
- Redução do crescimento das plantas;
- Manchas amareladas em reboleiras nas lavouras;
- Necrose internerval nas folhas (carijó);
- Abortamento de vagens e amadurecimento precoce em soja;
- Formação de galhas nas raízes, prejudicando a absorção de água e nutrientes.
Em casos severos, as perdas de produtividade podem chegar a 100%.
Controle
O manejo de Meloidogyne incognita exige estratégias integradas:
- Controle biológico: inimigos naturais, como fungos e bactérias nematófagos, podem ser usados para reduzir populações no solo.
- Controle químico: nematicidas específicos podem ser aplicados.
- Eliminação de plantas daninhas hospedeiras: algumas ervas daninhas também servem de hospedeiro para Meloidogyne incognita, favorecendo sua persistência na área.
- Rotação de culturas: alternar com espécies não hospedeiras, como amendoim e genótipos resistentes de milho e sorgo, pode reduzir a população do nematoide.
- Uso de adubos verdes: espécies como Crotalaria spectabilis e mucuna-preta contribuem para diminuir as populações do patógeno.
- Uso de cultivares resistentes: o melhoramento genético tem disponibilizado cultivares resistentes para culturas como soja, algodão e melão.
A combinação dessas estratégias é essencial para minimizar os impactos desse fitonematoide na produção agrícola.
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