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Praga desafiadora e capaz de provocar prejuízos devastadores na cultura do algodão, a Helicoverpa armigera exige que os produtores integrem medidas para enfrenta-la de modo racional, eficaz e sustentável. O uso de bioinseticidas é uma das ferramentas disponíveis para ser associada ao complexo manejo dessa lagarta.
A cultura do algodoeiro no cerrado é favorecida pelas condições que a região oferece, como clima e terras planas, que permitem a mecanização da lavoura. A importância socioeconômica do algodão está intimamente associada à questão do controle de insetos-praga por ser este desafio um dos fatores de maior custo na produção. Desde a safra 2012/2013, mais uma praga com grande poder de destruição passou a preocupar os produtores. Trata-se da Helicoverpa armigera, lagarta com potencial para causar prejuízos devastadores. O manejo desta praga passou por grandes dificuldades. Entre as ações de manejo integrado sugeridas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para evitar e combater a praga, está o controle biológico.
Com o objetivo de analisar o efeito do bioinseticida Diplomata, à base do vírus HaSNPV no controle da lagarta Helicoverpa armigera foram conduzidos bioensaios no Laboratório de Entomologia Agrícola da Universidade do Estado da Bahia, Campus IX, em Barreiras, Bahia, no período de setembro/2014 a janeiro/2015, em BOD (25ºC 1ºC e 12 horas de fotofase) durante dez dias. Avaliou-se a mortalidade diária de lagartas de primeiro, segundo e terceiro instares após 24 horas de alimentação em folhas de algodão pulverizadas com o produto (80ml/ha). O delineamento estatístico foi inteiramente casualizado, com cinco repetições, sendo cada repetição representada por dez lagartas. Os dados de mortalidade foram submetidos à análise de variância por meio do teste de Scott-Knott (1974), a 5% de probabilidade. Quando comparados os instares para controle da lagarta H. armigera houve influência do instar na mortalidade total de lagartas sob efeito do bioinseticida (80ml/ha), sendo 3º instar inferior aos demais com 73%, o 1º e 2º instares não apresentaram diferença significativa estatisticamente. O pico de mortalidade ocorreu entre o 4º e 5º dia após a ingestão dos corpos de oclusão, a mortalidade média para os três instares foi de 64% aos quatro dias, 86,5% aos sete dias e 90% aos dez dias. Entre o 1º e o 2º instares não houve diferença estatisticamente, sendo estes eficazes no controle da Helicoverpa armigera. O 3º instar apresentou diferença estatística com valor de mortalidade inferior aos outros, porém ainda mantendo um controle eficaz.
As lagartas de H. armigera utilizadas nos bioensaios tiveram origem em ovos provenientes das gaiolas de criação dos adultos, em laboratório.
Nos bioensaios com uso de lagartas de segundo e terceiro instares, estas, ao nascerem, foram mantidas em caixas (vasilhas), contendo folhas novas de algodão como alimento até atingirem o instar desejado. As folhas de algodão foram obtidas de plantas cultivadas em casa de vegetação, cultivar BRS 335 (cultivar não Bt) sem resíduo de defensivos agrícolas.
Foram utilizadas lagartas de primeiro, segundo e terceiro instares de H. armigera, e a formulação comercial do bioinseticida à base do vírus HaSNPV (baculovírus) armazenada sob refrigeração em geladeira (± 5°C).
Para os bioensaios, com os instares separadamente, foi preparada solução-estoque de 100ml do vírus HaSNPV (baculovírus) (dose = 80ml p.c./ha), em volume de calda equivalente a 200L do produto comercial/ha, utilizando-se água destilada estéril. Para o tratamento Testemunha, foi empregada apenas água destilada estéril. As soluções foram então colocadas em borrifadores manuais individuais. Os tratamentos (T1 = Vírus HaSNPV; T2 = Testemunha) foram então aplicados sob a face inferior de folhas de algodão, retiradas do ponteiro das plantas, em uma única borrifada suficiente para cobrir com gotículas toda a superfície da folha. Em seguida, as folhas dos tratamentos, com a face pulverizada voltada para baixo, foram colocadas em copos transparentes na quantidade de uma folha/copo, contendo uma lagarta no fundo (Figura 1). Os copos identificados com os tratamentos foram fechados com a tampa, e então colocados em vasilhas (40cm de comprimento, 20cm de largura; 10cm de altura) contendo no fundo papel-toalha umedecido para conferir elevada umidade no interior da caixa.
Para evitar contaminação, não foram misturados os copos de tratamentos diferentes em uma mesma caixa (vasilha). Em seguida, as caixas foram mantidas em câmara BOD (25°C±1°C e 12 horas de fotofase).
As folhas de algodão de todos os tratamentos foram substituídas diariamente, por ocasião das avaliações, por outras sem o vírus. As avaliações consistiram na determinação da mortalidade diária de lagartas nos tratamentos, até a morte ou passagem para a fase pupal da última lagarta viva dos tratamentos com vírus.
Os valores de mortalidade acumulada (%) de lagartas no tratamento Testemunha (sem aplicação de vírus) foram pouco relevantes em todos os instares larvais de H. armigera, sendo ao décimo dia após o início do ensaio de 6% para o primeiro instar, 12% e 18% para o segundo e terceiro instares larvais, respectivamente (Figuras 2 a 4). Já ao 5º dia, ocorreu momento de intensa mortalidade nos tratamentos com vírus HaSNPV. (Tabela 1).
Os valores de mortalidade acumulada (%) da Testemunha foram utilizados para determinar a mortalidade corrigida por Abbott (1925) dos tratamentos com vírus, e também como uma referência para atestar a qualidade do ensaio. Assim, pode-se inferir, com base na reduzida mortalidade das Testemunhas (Figuras 2 a 4), que os valores de mortalidade apresentadas pelo produto à base do vírus HaSNPV (baculovírus) na Tabela 1 expressa de maneira consistente a capacidade de controle do produto nos diferentes instares larvais de H. armigera, com reduzida interferência da manipulação diária pela qual as lagartas foram submetidas, e também do ambiente representando pelo alimento, umidade, fotoperíodo, aeração e combinação destes fatores, entre outros.
No primeiro instar ocorreu mortalidade desde o primeiro dia, estendendo-se pelos seguintes, destacando o 4º dia como o momento onde se deu o pico com 45%. Ainda houve mortalidade ao 5º dia, que somado ao anterior alcançou 68,3% de todas as lagartas mortas pelo tratamento (Figura 5).
No segundo instar a mortalidade ocorreu a partir do segundo dia, estendendo-se até o décimo. Apesar de um pouco mais tardio, o pico também ocorreu ao 4º dia com valor de 63,3% e o segundo maior pico ao 5º dia com 15%, totalizando 78,3% de mortalidade (Figura 6).
A mortalidade ao terceiro instar ocorreu no primeiro dia, retomando ao terceiro dia, estendendo-se até o 10º e último dia de avaliação. O pico ocorreu ao 4º dia com valor de 31,3% e ao 5º dia com 13,3%, totalizando aproximadamente 40% de mortalidade, sendo este valor referente à metade do período de avaliação (Figura 7).
O pico de mortalidade ocorreu entre o 4º e 5º dia após a ingestão dos corpos de oclusão. A mortalidade média para os três instares foi de 64% aos quatro dias, 86,5% aos sete dias e 90% aos dez dias. Quando comparados os instares para controle da lagarta H. armigera, houve influência do instar na mortalidade total de lagartas sob efeito do Vírus HaSNPV (80ml/ha) para o 3º instar com valor inferior aos demais com 73%, o 1º e o 2º instares não apresentaram diferença significativa estatisticamente.
Portanto, o maior índice de mortalidade ocorreu do 4º ao 10º dia nas lagartas de 1º e 2º instares com 96% e 100%, respectivamente. O 3º instar apresentou 73% de mortalidade, valor inferior aos demais instares, porém ainda com manutenção de controle eficaz.
Mikaele S. Silva, Marco A. Tamai, Ana Paula S. lima, Ilzimara C. Ledo, Marcelo R. B. S. T. Andrade, Gracielia T. Oliveira, Universidade do Estado da Bahia; Mônica C. Martins, Círculo Verde Assessoria Agronômica e Pesquisa
Artigo publicado na edição 201 da Cultivar Grandes Culturas.
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