Biológicos on farm: em defesa do agricultor brasileiro
Por Solon C. Araujo, conselheiro da ANPI
O Brasil consolida sua posição de gigante do agronegócio mundial, como líder na exportação de soja (56% do total exportado), milho (31%), café (27%) e açúcar (44%). Recentemente, o país superou os Estados Unidos também nas exportações de algodão, se tornando o maior exportador global pela primeira vez na história, segundo a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa). Além de commodities brutas, o Brasil também lidera no setor de alimentos industrializados, exportando para 190 países, de acordo com a Associação Brasileira de Alimentos (Abia).
À frente desses resultados está o agricultor, cujo trabalho dedicado no campo posiciona o Brasil como referência mundial. O último Censo Agropecuário do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que há cerca de 5 milhões de produtores rurais no país. Esses trabalhadores contribuem diretamente para o setor, que figura entre os motores da nossa economia, representando 7,1% do Produto Interno Bruto (PIB), conforme o IBGE.
Apesar de parte do imaginário urbano ainda atrelar, por vezes, a atividade agrícola a algo braçal, há décadas as propriedades rurais têm se modernizado, graças aos investimentos em pesquisa, inovação e desenvolvimento. O uso de sensores e IoT (Internet das Coisas) para monitoramento em tempo real das condições do solo e do clima, a aplicação de sistemas de irrigação automatizada, drones para pulverização, análise de dados através de big data e inteligência artificial para tomadas de decisão mais assertivas, e a adoção de plataformas digitais para gestão da propriedade rural são apenas alguns dos exemplos de como a tecnologia se tornou uma realidade nas propriedades rurais brasileiras.
Entre os pilares desse progresso está o melhoramento genético, que permite o desenvolvimento de cultivares mais produtivas e resistentes a pragas, doenças e condições climáticas adversas - tema que, assim como o crescimento populacional, eleva o debate sobre a segurança alimentar mundial. Não à toa, o Governo Federal assinou um acordo em maio deste ano visando a promoção da segurança alimentar em força-tarefa ao G20. Segundo relatório da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), em 2022 o número de pessoas que passaram fome no mundo aumentou em 122 milhões em relação a 2019 — antes da pandemia de Covid-19. Esses números ressaltam a responsabilidade de tornar a atividade agrícola cada vez mais eficiente.
As pesquisas em biotecnologia e genômica têm sido fundamentais para contribuir com este aspecto. Estudos liderados pela TMG -Tropical Melhoramento & Genética-, identificaram materiais genéticos que superam em 5% a média do mercado em ensaios de pesquisa para a soja. A ciência tem buscado soluções há décadas e já há no mercado cultivares resistentes que resultam em safras mais produtivas e reduzem o uso de agentes químicos, elevando não somente o teto produtivo, mas também a rentabilidade da produção.
Nossa missão como integrantes do setor é garantir os recursos necessários para expandir, safra após safra, a tecnologia empregada e, por consequência, os resultados da atividade agrícola. Precisamos continuar a investir em inovação para garantir que, no campo, o agricultor possa seguir construindo práticas agrícolas que assegurem a continuidade da produção e acompanhem o crescimento da demanda global. A responsabilidade que temos vai além de alimentar a nossa própria população; devemos garantir a disponibilidade de recursos globalmente, oferecendo soluções que mitiguem os desafios do atual cenário e promovam cada vez mais o trabalho dos agricultores brasileiros.
*Por Francisco Soares (na foto), presidente da TMG - Tropical Melhoramento & Genética
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