CADERNO TÉCNICO: Agricultura 4.0
De que modo soluções em tecnologia de informação como plataformas digitais para manejo de doenças, geração de modelos agronômicos, detecção automatizada de pragas, otimizaçã
Conheça o trator Mahindra 6075, conhecido por sua simplicidade aliada à robustez, com foco em pequenos e médios produtores que buscam uma máquina forte e com pouca manutenção
Para encontrar o trator Mahindra 6075, que testamos para esta edição da Cultivar Máquinas, fizemos muitos quilômetros por estradas do Estado do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Nestes mais de dez anos de testes, nunca havíamos tido a oportunidade de conhecer a fundo e testar um trator da marca Mahindra. A empresa indiana chegou ao Brasil em 2016, como líder mundial na produção de tratores, e já está se tornando importante no mercado nacional e conhecida dos produtores rurais. Vamos, neste texto, reproduzir nossa impressão sobre este produto interessante que conhecemos no município de Ibiam, no interior de Santa Catarina.
A Mahindra é uma empresa de origem indiana, atuando no país asiático desde 1945 e que desde 2016 fabrica e comercializa produtos no Brasil, com alternativas mecânicas diferentes do que normalmente encontramos nas marcas tipicamente nacionais, por isto este detalhe nos pareceu interessante. De princípio, nos chamou a atenção a característica mecânica do powertrain, composto por motor, passando pela caixa de velocidades, diferencial e semieixos. Por esta razão, vimos e vamos tentar contar aos nossos leitores o que mais nos chamou a atenção neste modelo.
Atualmente, a Mahindra comercializa no país vários modelos. O menor modelo comercializado é o 2025, com 25cv de potência e motor Mahindra MDI 1365, de 2 cilindros. O 4530 4WD, TEM motor Mahindra, modelo NE-342-R de 42cv. Passando à linha 6000, com dois modelos, Mahindra 6060, com motor Mahindra modelo MSI 457 de 60cv e aspiração natural e o Mahindra 6075, com o mesmo motor Mahindra, porém denominado modelo MSI 475 de 75cv, equipado com turbo compressor. Também oferece os modelos 8000S, com motor Mahindra VNE-476 de 80cv, com turbo intercooler, e o 9500S, com motor Mahindra VNE-495 de 95cv. Outros quatro modelos estão em fase testes: dois modelos da série 7000, com 80cv e 95cv, e dois modelos da série 9000, com 110cv e 125cv.
Para atender a legislação de restrição de emissões de poluentes, todos os modelos com potência acima de 60cv são equipados com sistema de controle de emissões do tipo EGR, do qual o funcionamento explicaremos adiante. Os demais atendem aos limites da norma, sem o sistema EGR. Os testes de comprovação do sistema foram realizados na Índia.
Um dos pontos que chama a atenção rapidamente é em relação à garantia que a Mahindra oferece. São 5 anos de garantia em todos os componentes fabricados pela empresa. Comparado com o que o mercado brasileiro oferece, é possívle concluir que trata-se do maior período de garantia oferecido pelas montadoras no país.
A série 6000 está em fase de nacionalização e portanto ainda os modelos são todos importados da Índia. Por isso, a Mahindra oferece 5 anos de garantia em todos os componentes. Para os modelos nacionalizados, como o 8000S e o 9500S, o motor e a transmissão, juntamente com o eixo traseiro e o sistema hidráulico, que são fabricados na Índia, também recebem garantia de cinco anos ou 3.000 horas e os demais componentes do trator, que não são fabricados pela Mahindra, tem garantia dois anos ou 2.000 horas.
MOTOR
O motor que equipa este trator é da marca Mahindra, modelo MSI 475, de quatro cilindros com volume deslocado de 3.822cm³, proveniente da fábrica matriz da Índia. Tem admissão de ar assistida por um turbocompressor da mesma marca, obtendo potência máxima de 75cv a 2.100rpm e torque de 325Nm a 1.260rpm (Norma DIN).
O sistema de injeção de combustível apresenta uma bomba injetora marca Bosch em linha. Para o controle de emissões de gases poluentes, o fabricante optou por montar um sistema EGR, que utiliza uma válvula EGR da marca Mahindra.
O sistema EGR utilizado pela Mahindra se baseia nesta válvula, colocada entre a turbina e a admissão, que permite a passagem de determinada quantidade de gás da descarga para dentro do coletor de admissão. O motor queima a mistura de ar e combustível, emitindo um gás proveniente da combustão, que seria enviado ao exterior por meio do tubo de escape. Uma parte do gás é resfriada no sistema de arrefecimento e retorna ao coletor de admissão, sendo reintroduzido para dentro da câmara, junto com o ar puro absorvido do exterior e que passou pelo sistema de filtragem. Este sistema permite que se reduza a quantidade de emissões, diminuindo a poluição do meio ambiente e atendendo a normativa nacional vigente.
TRANSMISSÃO
A transferência de potência é feita diretamente do volante do motor a uma embreagem do tipo disco duplo (seca), com um disco dedicado para a caixa de velocidades e outro para a tomada de potência (TDP). O material utilizado para o elemento de fricção dos discos é cerametálico, e o acionamento é realizado mecanicamente pelo pedal da embreagem.
O Mahindra 6075 está equipado com uma transmissão mecânica sincronizada 15x15, ou seja, com 15 velocidades à frente e 15 à ré, resultado da combinação de cinco marchas e três grupos de velocidades. O sistema de reversão é do tipo mecânico, através de uma alavanca à esquerda do painel de instrumentos, logo abaixo do volante. Seu sentido é lógico, deslocando a alavanca para frente, marchas para frente, no meio o neutro e para trás a marcha à ré. Para sua utilização, é necessário o acionamento do pedal da embreagem, assim como para a alavanca de marchas e grupos. As alavancas de seleção de marchas não apresentam a posição de ré e o ponto morto pode ser obtido de três maneiras: neutro na alavanca de grupos, neutro na alavanca de marchas e neutro na alavanca do inversor.
Nota-se um diferencial em relação aos demais tratores deste segmento de potência, devido à transmissão 15x15, que permite variadas combinações entre marchas e grupos, fornecendo uma boa gama de velocidades. Com isso, considerando que é recomendado que a maioria das operações agrícolas seja desempenhada em velocidades de 4km/h a 12km/h, verificamos nove combinações entre marchas e grupos por sentido (frente ou ré), possibilitando atender a grande maioria das atividades agrícolas. Também verificamos que as opções de velocidades entre os grupos de transmissão apresentam sobreposição, ou seja, as últimas marchas de um grupo têm maior velocidade que as primeiras marchas do grupo seguinte, aumentando a disponibilidade de velocidades em cada grupo e evitando a troca entre os mesmos durante a operação. Como opcional, a Mahindra oferecerá a transmissão de 20x20, com redutor de velocidades, que possibilita trabalhar com velocidades a partir de 360 m/h.
O sistema de freios é do tipo mecânico, imersos e resfriados a banho de óleo, atuando no eixo traseiro. O freio de estacionamento é acionado através de um sistema de trava pedais, com o bloqueador logo acima dos pedais de freio. O bloqueio do diferencial traseiro é de acionamento mecânico, via pedal. Possui também tração dianteira auxiliar (TDA) de série, que é da marca Carraro, com diferencial em posição central e acionamento mecânico através de uma alavanca logo abaixo do assento do operador. Apresenta uma luz espia no painel de instrumentos, indicando o seu funcionamento.
SISTEMA HIDRÁULICO E TDP
No modelo 6075, o sistema hidráulico conta com uma bomba de centro aberto, instalada na parte dianteira do motor, fornecendo uma vazão máxima de 58L/min e 190kgf/cm², valor superior à média do segmento. Ela é compartilhada entre as válvulas de controle remoto (VCR) e o sistema hidráulico de levante. Quanto ao número de VCRs, são duas unidades de dupla ação na versão standard ou três unidades como opcional, todas com o sistema de engate rápido. A direção é hidrostática e conta com circuito hidráulico independente, apresentando vazão de 17,5L/min.
O sistema hidráulico de levante de três pontos possui capacidade de levante de 2.600kg na rótula, estando enquadrado como de categoria II. Está equipado com um facilitador de engate, consistindo em um extensor retrátil do braço, facilitando o acoplamento de implementos quando o operador está trabalhando sozinho. Os braços também possuem regulagens de altura individuais para o acoplamento e o nivelamento, no entanto, não contam com a possibilidade de oscilação dos braços de levante para equipamentos que trabalham abaixo do nível do solo, através da mudança da posição do pino que suporta o braço de levante. O controle de posição e profundidade é realizado de forma mecânica, através de duas alavancas independentes, situadas à direita do assento do operador.
A TDP é do tipo independente, com o acionamento realizado através de uma alavanca exclusiva, e uma segunda alavanca destinando-se à seleção das velocidades, neutra ou reversão. A posição neutra é ideal quando do acoplamento da árvore cardânica ao trator, pois permite que o giro do eixo fique livre. Já a reversão é útil para operações de desembuchamento de máquinas, por exemplo, de ensiladeiras. Para a proteção contra o contato com a árvore da TDP, o fabricante colocou uma proteção tipo escudo.
Conta com duas velocidades angulares do eixo, 540rpm e 540E, em velocidades distintas do motor. Para operações que demandem maior potência, como na utilização de enxadas rotativas ou roçadeiras, é recomendado utilizar a primeira opção, que atinge 540rpm na TDP com 1.993rpm no motor. Já para atividades leves que demandam baixa potência, como a pulverização ou a distribuição de sementes e fertilizantes a lanço, é possível utilizar a TDP econômica (540E), onde são necessários apenas 1.469rpm no motor para atingir as mesmas 540rpm na TDP, propiciando menores ruídos, vibrações e desgastes de componentes, além de reduzir o consumo de combustível. A potência máxima na TDP, indicada pelo fabricante, é de 66cv.
DIMENSÕES E CAPACIDADES
O trator testado estava equipado com pneus diagonais, sendo os traseiros de especificação 18.4-30 R1 com 14 lonas, e os dianteiros 12.4-24 R1 com 8 lonas. Tem peso de embarque de 3.137kg, no entanto, este peso pode ser alterado através de lastragem metálica, realizada com a colocação de 6 contrapesos de 27kg cada na parte dianteira, e com dois discos metálicos de 37 kg em cada roda traseira, fixados através de parafusos. Também é possível acrescentar até 75% de água nos pneus, e com isso cada pneu dianteiro passa a contar com mais 114 kg e os traseiros 337 kg. Assim, a lastragem metálica obtêm um total 236kg e a lastragem líquida 902 kg de adição de peso, possibilitando que o trator passe de uma relação peso/potência de aproximadamente 42 kg/cv para 57kg/cv, em ordem de marcha, atendendo desde atividades leves na propriedade, onde não é necessário um trator pesado, até a atividades em que a demanda de tração é elevada, ou deseja-se maior segurança ao transportar e trabalhar com implementos ou carretas em áreas íngremes, propiciando maior capacidade de tração e frenagem motora do trator.
Quanto às dimensões, o comprimento total do trator é 3.850mm, largura máxima de 2.150mm e altura de 2.700mm. O vão livre em relação ao solo é de 390mm e a distância entre eixos 2.220mm. O ajuste da bitola é feito pelo posicionamento das flanges e o posicionamento das rodas em relação ao eixo. O Mahindra 6075 realiza o raio de giro sem o uso do freio em 4.500mm, e com o uso do freio em 3.800mm. Já o tanque de combustível é construído de material plástico, tem capacidade de 68 litros e está posicionado em posição central, entre o capô e o painel de instrumentos.
O sistema elétrico é de 12V, e conta com um alternador de 45Ah e uma bateria de 88Ah. A bateria está localizada no lado direito abaixo da plataforma do operador, sendo protegida por uma capa. O trator também conta com uma útil caixa porta-ferramentas, localizada à esquerda do trator, ao lado da escada de acesso ao posto do operador.
TESTE
Em geral, nos testes da Revista Cultivar fazemos uma ou várias operações agrícolas com equipamentos que dispomos nos locais escolhidos. em comum acordo com o fabricante e o editor da Revista. Neste caso, pudemos contar com um trator fornecido pelo fabricante, equipado com uma semeadora da marca Produfort Soluções Tecnológicas, modelo SMP 1305, especificada para uma potência de até 75cv. A semeadora era dotada de 13 linhas com espaçamento de 17cm, para cultivos de sementes pequenas e distribuição em fluxo contínuo e que igualmente pode ser utilizada para culturas anuais de grãos grandes com semeadura individualizada de sementes, podendo para isto ser configurada para cinco linhas com espaçamento de 45cm a 50cm. O sistema dosador de sementes é de rotor acanalado, equipado com dosador de adubo Fertsystem.
Devido ao terreno ser bastante declivoso e irregular, foi utilizada a 2ª marcha do grupo M (para culturas de verão o proprietário utiliza 1-M). O trator estava com 75% de água nos pneus e pressão interna de 152kPa (22lbs), trabalhando com rotação de 1.600rpm, selecionada através do acelerador de mão.
O produtor que nos recebeu estava planejando semear uma mistura de aveia e azevém, que foram previamente misturados, sem fertilizante nos depósitos. A taxa de aplicação de sementes era de 120kg de sementes/ha. A propriedade utiliza a adubação orgânica com dejetos de suínos, sendo nesta etapa somente realizada a semeadura.
Dividimos a operação com o produtor rural Idacir Junior Zardo, proprietário da área de teste e cliente Mahindra, fazendo a observação do comportamento do trator, ora no posto de condução, ora acompanhando sua movimentação. Como todo o trabalho foi realizado com a tração dianteira assistida, pudemos observar que a relação cinemática estava adequada entre 2% e 3%, e que o eixo dianteiro estava efetivamente contribuindo com a tração.
Fomos auxiliados em toda a atividade de avaliação pelos técnicos da Mahindra, o Engenheiro Josué Fernando Beutler, Especialista em Pós-Venda, e o Coordenador Comercial Região Sul, Adoniran Luiz Scapini. Também esteve dando o suporte para o teste o senhor Renan Gaspar, Gerente de Vendas do concessionário Rodair Tratores.
Depois de concluída a operação de semeadura, fizemos vários testes de manobrabilidade, engate de marchas e frenagem, verificando que são necessárias quatro voltas do volante de um batente a outro para mudar totalmente a direção nas manobras.
POSTO DO CONDUTOR E ERGONOMIA
O posto do condutor é bastante simples, dotado de uma plataforma plana para a qual o operador tem acesso por uma escada de dois degraus, no lado esquerdo. O trator está provido de Estrutura de Proteção Contra Capotamento (EPCC), tipo arco, com sistema retrátil para basculamento da capota, facilitando a retirada e diminuindo a altura caso se faça necessário para transporte. Sobre o condutor, está instalada uma capota de proteção à chuva e ao sol. O arco de segurança é certificado de acordo com as normas brasileiras de segurança, em testes realizados no centro de desenvolvimento da Mahindra na Índia.
O capô frontal apresenta faróis e, como opcional, pode vir equipado com faróis na capota e, no caso da cabina, na parte superior. Para melhorar a visibilidade do operador, o tubo de escape foi colocado na posição lateral do capô.
O posto do condutor é dotado de um assento com regulagens de aproximação e altura, tendo à frente um painel com design automotivo, proveniente da fábrica na Índia. Bastante simples, com instrumentos analógicos apresentando o regime de rotação do motor, o nível de combustível e a temperatura da água. Na coluna da direção, há ainda a chave indicadora de direção, o seletor de acionamento de faróis e a buzina. No painel há uma tomada de 12V.
No lado direito, estão disponíveis as alavancas de seleção de marchas e controle das válvulas VCRs, e as duas alavancas do sistema hidráulico, de posição e flutuação. No lado esquerdo, estão colocados a alavanca de seleção de grupos Baixa (L), Alta (H) e Média (M) e para os tratores com Creeper (C) esta posição também está posta na mesma alavanca.
Para controlar o regime de rotação do motor, há um acelerador de mão colocado na coluna de direção e outro de pé, que acionam a regulação diretamente na bomba injetora através de cabos de aço. A parada do motor é feita através de estrangulador tradicional, que corta o fornecimento de combustível. O freio de estacionamento está colocado na parte inferior do painel, acionado por meio de uma pequena alavanca.
Na parte traseira, se vê um símbolo de veículo lento, formado por um triangulo na cor vermelha. Nos para-lamas há um bom número de adesivos de advertência e orientação para segurança e operação. Para a visualização para trás, o operador conta com um espelho colocado na lateral direita do posto do condutor, e um farol de trabalho na lateral direita traseira do assento do operador.
MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO
Os intervalos para manutenção, indicados pelo fabricante, são de 300 horas trabalhadas para a substituição dos filtros de combustível, como também para óleo lubrificante e o filtro do motor. A Mahindra adota uma estratégia diferenciada dos demais fabricantes quanto ao material para as revisões: enquanto os filtros são fornecidos por ela, o óleo lubrificante pode ser adquirido pela concessionária, seguindo rigorosamente as especificações indicadas (para o motor SAE 15w40 e para a transmissão SAE 10W30). Isto propicia um menor custo de aquisição conforme a região, e concede ao proprietário escolher, após o término da garantia, o óleo que melhor atende à sua necessidade, possibilitando a unificação de uma especificação de óleo para diversos equipamentos. O óleo do sistema hidráulico, da transmissão e da direção é o mesmo, e o intervalo de substituição é a cada 600 horas. Uma única revisão adicional é realizada, com 50 horas trabalhadas devem ser substituídos o óleo lubrificante e filtro do motor, devido ao processo de amaciamento do motor, que pode gerar limalhas e outros resíduos durante o processo de ajuste das suas peças móveis.
Verificamos também a presença de proteção metálica em todos os filtros do trator, pensados para evitar rompimentos quando se trabalha em áreas com galhos ou objetos que possam ser projetados e danifiquem os filtros, causando também a interrupção das atividades.
Quando o assunto é servicibilidade, nos impressionou a facilidade de acesso aos varões e cabos que realizam a regulagem da embreagem, dos freios, do acelerador e dos comandos VCR, propiciando estes ajustes pelo operador de forma facilitada e intuitiva. A Mahindra também equipou o 6075 com um capô basculante, seguindo a tendência mundial e brasileira, permitindo amplo acesso ao motor, aos filtros e outros componentes no momento da manutenção. O medidor de nível de óleo da transmissão também merece destaque. Localizado ao lado do eixo da TDP estão dois visores, que permitem a rápida conferência do nível de óleo da transmissão.
LOCAL DO TESTE
O teste desta edição foi realizado na localidade de linha Santo Alécio, cidade de Ibiam, 57 quilômetros distante de Joaçaba, no estado de Santa Catarina. Esta região é conhecida como Vale do Contestado, em função da Guerra do Contestado que ocorreu no início do século 20. Ali vimos vales e planaltos de vegetação preservada, muitas araucárias, cachoeiras, arquitetura típica das construções e riqueza multicultural. Neste roteiro, as belas e sinuosas estradas oferecem um visual à parte, ora margeando plantações agrícolas e pomares, ora cortando matas.
Em meio a estas belezas naturais, situa-se a propriedade do Sr. Idacir Junior Zardo que, juntamente com sua esposa Simone e suas filhas Natália e Letícia, produzem soja e milho, gado de corte e leiteiro, além de preservar sua reserva natural, em uma área total de aproximadamente 120 ha. Idacir nos revelou que apesar da topografia acidentada, atingem boa produtividade nas culturas de soja e milho, com produtividade de 60 e 150 sacas por hectare, respectivamente. No entanto, devido ao trabalho com o gado leiteiro, a família trabalha o ano todo, não tendo períodos livres ou de férias.
Há um ano e meio, adquiriram um trator Mahindra modelo 9200, que utilizam para tracionar a semeadora e a carreta agrícola, fazer silagem e demais atividades da propriedade. Somente a colheita é realizada por terceiros, sendo todos os outros serviços feitos pela família. Atualmente com 200 horas de trabalho, mostrou-se satisfeito com o trator e destacou o baixo consumo de combustível.
Em relação ao trator testado em sua propriedade, nos pontuou que, apesar de possuírem potências distintas, houve evoluções no trator Mahindra modelo 6075 em relação ao 9200. Evidenciou-nos que a direção ficou mais macia e os freios mais eficientes. Também nos comentou que achou o trator mais “leve” em relação ao outro (provavelmente pela diferença de tamanho, 15cv maior que o 6075). Em um contexto geral, este trator melhorou em relação ao outro, e consideraria a compra de um novo trator Mahindra.
A GIGANTE DA MAHINDRA
A Mahindra é uma empresa proveniente da Índia, com grande expressão em nível mundial e que atua na fabricação de tratores, caminhões e veículos de passeio. No início, era uma empresa de comercialização de aço, que foi crescendo até chegar a 200.000 funcionários distribuídos em muitos países do mundo.
Atualmente é a líder mundial na fabricação de tratores, comercializando aproximadamente 330 mil unidades ao ano, com um portfólio de 31 modelos, além de acessórios e implementos.
No Brasil, a empresa se instalou em 2016, com fábrica na cidade de Dois Irmãos, no Vale do Sinos, no Rio Grande do Sul. Há algum tempo a empresa anunciou sua ampliação no país, informando que abrirá uma nova unidade fabril, devido à limitação de espaço no atual local, que impede o aumento pretendido. Embora ainda não tenha sido anunciado o local, já está definido que no estado de São Paulo será construída uma fábrica mais moderna, e que a atual fábrica será destinada a uma unidade de central de peças, engenharia e treinamento. Atualmente, a Mahindra Brasil atende todo o mercado da América Latina.
A empresa trabalha com um atrativo particular que é a garantia de cinco anos ou 3.000 horas para motor, transmissão, eixo traseiro e hidráulico (produtos fabricados pela Mahindra) e dois anos ou 2.000 horas de garantia para eixo dianteiro e o restante do trator.
Todos os tratores que comercializa no país apresentam motor mecânico, com bomba injetora em linha, exceto o modelo 4530 (de 42cv), que está equipado com bomba rotativa.
A Mahindra também já está testando sua primeira colhedora a ser lançada no Brasil, em no máximo três anos. Este produto é fabricado por uma empresa do grupo Mahindra e está em fase de validação.
CONCESSIONÁRIA RODAIR TRATORES
A empresa Rodair Tratores, com loja em Tangará, SC, atua há quatro anos como concessionário Mahindra, e há 27 anos com mecânica agrícola e revenda de tratores usados. É uma empresa familiar, onde o senhor Odair Gaspar, juntamente com o seu filho Rene Gaspar, atua desde a venda, mas valorizando muito a etapa de pós-venda. O senhor Renan Gaspar, sócio da empresa e também filho do senhor Odair, e que atua como Gerente de Vendas, nos acompanhou no teste.
A Rodair Tratores atua em 22 municípios como concessionário Mahindra. Seus princípios de atuação são voltados às características do produto que comercializam e dão assistência, que são a robustez do produto e a economia de combustível. Ele acredita que a principal qualidade de um trator para a região é que tenha grande capacidade de tração e possibilidade de adaptação, pois os agricultores dali não gostam que o trator patine durante a operação. Ele acredita que outro ponto obrigatório em um trator é um bom escalonamento de marchas. Do trator Mahindra, além das características mencionadas, ele acredita que a garantia estendida de cinco anos é um diferencial importante.
Quanto ao atendimento dos clientes da empresa, ele declara estar muito satisfeito, pois em 2018 foram vendidas 38 máquinas de um total de 87 desde o início da concessão. Ressalta que sua maior alegria é ver que os próprios clientes indicam a marca aos outros agricultores.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Consideramos as maiores virtudes deste modelo a simplicidade e a rusticidade. No entanto, conseguimos neste panorama encontrar vários pontos positivos, como a atuação dos comandos, pela precisão de engate e facilidade de movimentação.
Embora seja um modelo básico, estes tipos de tratores são necessários para o nicho de mercado que atendem. Acompanhados de um preço atrativo, são muito úteis para agricultores que trabalham com pequena escala e culturas de baixa rentabilidade.
Impressionou-nos positivamente a qualidade da fundição, com indícios de ser um processo cuidadoso e de excelência. Em igual medida nos deu mostras de que tem boa resistência e robustez.
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Por Roberto Sant'Anna, advogado pela Universidade Mackenzie. Pós-graduação em Direito e Agronegócio pela Fundação Getúlio Vargas e especialização em Propriedade Intelectual e Inovaç&ati