Coluna Mercado Agrícola, com Vlamir Brandalizze
A safra 2020/21 está próxima do início do plantio, com otimismo do setor produtivo. A soja teve um dos melhores anos da história, com perdas pontuais por conta do clima e colheita superior a 120 milhões de toneladas. Deve bater recorde de área plantada, com projeção de 38,5 milhões de hectares, frente aos 37,4 milhões de hectares da última safra e fôlego para passar de 130 milhões de toneladas. O milho da primeira safra deve ter pequena redução de área e ficar perto de cinco milhões de hectares, com potencial de colher 30 milhões de toneladas. A safrinha tende a registrar avanço de plantio a partir de fevereiro, com potencial para alcançar algo próximo de 15 milhões de hectares e atingir 80 milhões de toneladas. Aliado a outros grãos, o Brasil se encaminha para bater o recorde histórico de 270 milhões de toneladas. O mundo precisa de alimentos e o País necessita sair da crise. As cotações estão favoráveis aos produtores brasileiros e tudo conspira favoravelmente para que o setor siga crescendo.
MILHO
A colheita do milho safrinha se encaminha para a fase final, restando ser colhida parte da safra de Goiás, Mato Grosso do Sul e Paraná, além do Sudeste e parte do Norte. Aproximadamente 70% da safra, estimada em pouco mais de 70 milhões de toneladas, já foi negociada e resta pouco para atender o mercado até a colheita da safra de verão.
SOJA
O Brasil tem uma boa demanda de soja, farelo e óleo no segundo semestre, e neste ano o quadro estará muito apertado. No primeiro semestre, mais de 60% da safra já havia sido destinada à exportação e até o final de julho este volume estava acima dos 72%, restando pouco para atender à demanda interna. Com menos de 12 milhões de toneladas para serem negociadas (parte deste volume certamente ainda irá para a exportação), as importações ganharam ritmo antes do meio do ano e até o final de julho já estavam em mais de 240 mil toneladas de soja importadas. O volume do ano deve passar de um milhão de toneladas. Com cotações favorecendo os produtores que também já negociaram grande parte da safra de 2021, que tem mais de 35% dos 130 milhões de toneladas previstas negociadas até o momento. Os portos bateram recorde de cotação e fecharam acima de R$ 121,50 a saca nos melhores momentos.
ARROZ
O mercado do arroz neste ano surpreendeu os produtores, com cotações maiores que o esperado pelo setor. Níveis de R$ 65,00 a R$ 75,00 a saca na base do Casca do Rio Grande do Sul e patamares acima de R$ 80,00 no Norte e no Centro-Oeste para o arroz de 60 quilos próximo às indústrias. Com esses números os produtores venderam a maior parte da safra, e agora resta menos de 30% dos mais de 11 milhões de toneladas colhidas para serem negociadas. Há espaço para novas altas, em um período em que normalmente ainda restaria mais de 50% da safra para ser comercializada. O setor aproveitou para negociar e quitar dívidas antigas, ao mesmo tempo em que se prepara para uma nova e grande safra.
CURTAS E BOAS
TRIGO
O mercado do trigo segue favorável aos produtores, com cotações fortes e à espera de que a partir de agosto comece a chegar a safra nova do Paraná e de outubro em diante a colheita do restante do Sul do País. Então o mercado poderá recuar um pouco, mas não muito, porque o grão importado chegará ao Brasil acima dos R$ 1.200,00 por tonelada. O ano seguirá positivo aos produtores, porque há forte demanda e mesmo com safra maior, perto de 6,5 milhões de toneladas, o consumo tende a ultrapassar 12 milhões de toneladas.
EUA
Os produtores tiveram boas condições para a safra até o final de julho e assim as projeções até aquele momento mostravam indicativos de colheita maior que as projeções do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Estimativa de 113 milhões de toneladas para a soja e mais de 386 milhões de toneladas para o milho. Mas os fundamentos são positivos, porque a demanda mundial irá consumir tudo e parte dos estoques.
CHINA
Mesmo com as disputas políticas e comerciais, a China não parou de comprar forte dos EUA, com a aquisição de milhões de toneladas de milho e de soja americana em julho. Ainda deve comprar forte em agosto, porque o país sofre com a falta de grãos. Teve os menores estoques em quase uma década, na virada do ano comercial (fevereiro), e com isso houve disparada das cotações internas. O milho bateu acima dos 300 dólares por tonelada e a soja superou a marca de 500 dólares por tonelada.
ARGENTINA
A safra dos argentinos fechou sem grandes novidades, com a soja pouco abaixo de 50 milhões de toneladas e o milho também no mesmo patamar. A exportação avançou porque houve muita presença da China comprando e levando boa parte da soja que estava sendo negociada, deixando o mercado interno apertado para o restante do ano.