Comparativo de Tratores de 120cv a 128cv

Com bons pacotes tecnológicos, os tratores New Holland T6.110, Case Farmall 110A, John Deere 6125J, Massey Ferguson 6712R Dyna-4, Valtra A124 HiTech e LS H125 apresentam características que atendem produtores que procuram modelos entre 120cv

02.09.2020 | 20:59 (UTC -3)

Com bons pacotes tecnológicos, os tratores New Holland T6.110, Case Farmall 110A, John Deere 6125J, Massey Ferguson 6712R Dyna-4, Valtra A124 HiTech e LS H125 apresentam características e configurações que certamente atenderão às necessidades dos produtores que procuram modelos entre 120cv e 128cv.

Aos leitores da Revista Cultivar Máquinas trazemos, nesta edição, um comparativo técnico de tratores médios-grandes. A faixa que escolhemos para esta comparação é a central de toda a oferta, representando a potência média de motores entre 120cv e 128cv, de seis marcas diferentes, com os modelos New Holland T6.110, Case Farmall 110A, John Deere 6125J, Massey Ferguson 6712R Dyna-4, Valtra A124 HiTech e LS H125.

Para a escolha de quais modelos iriam ser incluídos no comparativo, optamos por considerar a potência máxima de motor declarada pelo fabricante, corrigindo-a para o padrão estabelecido pela norma ISO TR14396. Isto é, se um trator é apresentado com a potência de referência ISO, foi utilizado o valor informado pelo fabricante, porém se a sua potência era informada com referência a outra norma, usamos um fator de correção para igualar os padrões, visto que a metodologia de medida varia de uma norma para a outra, favorecendo a obtenção de maiores valores nas medições em que se retiram consumidores de potência. 

Valtra A124 HiTech com motor AGCO Power 44CWC3 de quatro cilindros, com 120,5cv
Valtra A124 HiTech com motor AGCO Power 44CWC3 de quatro cilindros, com 120,5cv

Além disso, tomamos a informação da oferta atual e a dividimos em categorias, levando em conta a potência informada pelo fabricante, no padrão ISO, e enquadramos em classes para que tivéssemos modelos de tratores que competem entre si pelo mercado. Para isto, aplicamos o padrão de demanda de tração de 14cv por linha de semeadura, procurando a capacidade de tracionar um número igual de linhas.

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Por último, decidiu-se comparar apenas um modelo de cada marca, optando-se por considerar o modelo de melhor especificação, da oferta de motores de quatro cilindros, turbocomprimidos. Aplicando-se este critério obteve-se uma categoria uniforme com potência de motor entre 120cv e 128cv, composta pelos modelos New Holland T6.110, Case Farmall 110A, John Deere 6712J, Massey Ferguson 6112R Dyna-4, Valtra A124 HiTech e LS H125.


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Portanto, a potência corrigida já contém a correção devido à norma adotada em relação à de referência, podendo ser diferente daquela que as empresas optam por fornecer em seus materiais de divulgação. Para o enquadramento nesta classe, as diferenças de potências corrigidas apresentaram uma variação de 2,4% a 6,2%, entre a maior e a menor potência de motor, sendo que todos os modelos enquadrados estão dimensionados para tracionar nove linhas de semeadura, pelo referencial utilizado.
Os valores de potência foram obtidos nas páginas web dos fabricantes.

Definindo pelo motor

Os motores dos tratores são fundamentais para disponibilizar energia para que os demais componentes funcionem de maneira adequada, sejam mecânicos, elétricos ou hidráulicos. Como mencionado anteriormente, as potências divulgadas por um fabricante podem ser diferentes de acordo com a norma técnica escolhida, pois no Brasil não há exigência de adoção de normas que certifiquem esta informação. Desta forma, isto permite que dois modelos de tratores que utilizem o mesmo motor, possam informar valores diferentes de potência, adotando referências diferentes. 

MF 6712R Dyna-4 com motor AGCO Power 44CWC3 de quatro cilindros e 120,5cv de potência
MF 6712R Dyna-4 com motor AGCO Power 44CWC3 de quatro cilindros e 120,5cv de potência

Os tratores contemplados neste comparativo são enquadrados na classe III, apresentando potências que vão de 120cv a 128cv na rotação nominal, com motores de quatro cilindros, equipados com turbocompressor e intercooler, geralmente dotados de um sistema de injeção eletrônica de combustível.

O trator New Holland T6.110 utiliza o motor da marca FPT, série NEF, modelo N45 de quatro cilindros, com 4.400cm3 de volume interno deslocado, adotando o sistema de injeção mecânica de combustível. Este motor é dotado de um turbocompressor da marca Garret e intercooler apresentando potência nominal de 120cv a 2.200rpm e torque máximo de 550Nm a 1.400rpm. A informação não está disponível, mas, por ser do mesmo Grupo CNH, supõe-se que o modelo Case IH Farmall 110A utilize o mesmo motor, porém informando valor de potência máxima de 123cv na mesma rotação e valor de torque igual nestes dois modelos.

No caso do trator 6125J da John Deere, esse conta com motor agrícola de fabricação própria da John Deere, modelo Power Tech 4045H de quatro cilindros, sistema de turbocompressor e intercooler. Possui 4.500cm3 de volume interno deslocado, sistema de injeção eletrônica common rail e sistema EGR (Exhaust Gas Recirculation) para o controle de emissões. O motor desse trator rende uma potência corrigida de 120,5cv a 2.300rpm e torque máximo de 504Nm a 1.500rpm. 

Já os modelos de tratores A124 HiTech e 6712R Dyna-4 compartilham o motor AGCO Power 44CWC3 de quatro cilindros, 4.400cm3, injeção eletrônica common rail e sistema turbointercooler. Para atender à norma nacional de emissões de poluentes, contam com sistema iEGR, muito semelhante ao EGR tradicional, mas com algumas alterações de componentes internos. Informam a potência corrigida de 120,5cv a 2.000rpm e torque máximo de 510Nm no Massey Ferguson 6712R Dyna-4 e 528Nm no Valtra A124 HiTech, ambos a 1.400rpm. 

O trator LS H125 é equipado com motorização do fabricante Perkins, modelo 1104D-E44TA de quatro cilindros, sistema de injeção eletrônica common rail, 4.400cm3 de volume deslocado e sistema EGR, tecnologia de recirculação dos gases do escape, que reduz as emissões de poluentes sem a necessidade de aditivos à base de ureia. Também conta com turbocompressor e intercooler. Possui potência nominal de 128cv a 2.200rpm, torque máximo de 526Nm a 1.400rpm. 

LS H125 tem motor Perkins, modelo 1104D-E44TA de quatro cilindros, com 128cv de potência
LS H125 tem motor Perkins, modelo 1104D-E44TA de quatro cilindros, com 128cv de potência

Ao analisarmos os valores de torque, os tratores que possuem em ordem decrescente os maiores valores observados são o Case IH Farmall 110A e o New Holland T6.110, ambos com 550Nm a 1.400rpm. Logo após, aparecem os tratores Valtra A124 HiTech com 528Nm a 1.500rpm, LS H125 com 526Nm a 1.400rpm, Massey Ferguson 6712R Dyna-4 com 510Nm a 1.500rpm e John Deere 6125J, com 504Nm a 1.500rpm.

Como mencionado anteriormente, todos os motores dos tratores deste comparativo são sobrealimentados com turbocompressor, acrescidos de intercooler. O sistema de sobrealimentação é conectado ao coletor de escape do trator aproveitando a velocidade de saída dos gases provenientes da combustão, para acionar uma turbina que está conectada diretamente a um rotor que está ligado à linha de ar de admissão.  Isso acarreta o aumento da pressão e de volume de ar na admissão, proporcionando maior eficiência na combustão, consequentemente acréscimo na potência e na economia de combustível, em relação aos motores aspirados. Já o intercooler consiste em um radiador que atua como trocador de calor, tendo como finalidade reduzir a temperatura do ar pressurizado pela turbina, tornando-o mais denso, permitindo o aumento no volume de ar admitido. 

Referente ao sistema de injeção eletrônica de combustível, este encontra-se presente nos modelos John Deere 6125J, LS H125, MF 6712R Dyna-4 e Valtra A124 HiTech. Embora seja um sistema mais moderno, é mais sensível e com maior custo de manutenção, possuindo vantagens em relação à injeção mecânica, como maior economia de combustível e rendimento termodinâmico, decorrente do aumento na pressão de injeção de combustível. Além disso, proporciona a redução na emissão de gases poluentes, permitindo uma melhor adequação dos motores às normas atuais referentes à parte de emissões. Também são suscetíveis à reprogramação e ao ajuste a situações particulares. Já os modelos New Holland T6.110 e Case IH Farmall 110A estão dotados de sistema de injeção mecânica. Segundo os fabricantes, a escolha desse tipo de sistema de injeção permite uma manutenção mais simples e acessível, além de possuir custo inferior, quando comparado à injeção eletrônica, permitindo intervalos mais longos de trocas de óleo.

6125J da John Deere, com motor John Deere, modelo Power Tech 4045H de quatro cilindros e 120,5cv de potência
6125J da John Deere, com motor John Deere, modelo Power Tech 4045H de quatro cilindros e 120,5cv de potência

O volume interno dos motores dos tratores comparados é muito semelhante, sendo o FPT N45 o de maior volume deslocado, com 4.485cm³, muito próximo do Power Tech 4045H, da John Deere, com 4.482,9cm³. O motor de menor volume é o Perkins 1104D-E44TA, com 4.398,7cm³, seguido pelo AGCO Power 44CWC3, com 4.397,2cm³.

Quando buscamos um comparativo de eficiência e confrontamos o volume interno em relação à potência produzida, os valores resultantes deste quociente tornam-se interessantes, demonstrando que o LS H125 possui a melhor relação, com 34,37cm³/cv, seguido por Massey Ferguson 6712R Dyna-4 e Valtra A124 HiTech com 36,49cm³/cv, John Deere 6125J com 37,20cm³/cv e, por último, os modelos New Holland T6.110 e Case IH Farmall 110A, com 38,01cm³/cv.

Seguindo a mesma linha de raciocínio, outro parâmetro que podemos aplicar para verificar a eficiência dos motores é aquele que relaciona a potência gerada por cilindro do motor. Como todos os modelos comparados possuem quatro cilindros e os valores são muito semelhantes, observou-se que o trator LS H125 obtém a melhor relação, com 32cv/cilindro, seguido pelos modelos John Deere 6125J, Valtra A124 HiTech e Massey Ferguson 6712R Dyna-4, com 30,13cv/cilindro, e pelo Farmall 110A e T6.110, com 29,5cv/cilindro. Cabe ressaltar que as análises de eficiência realizadas, considerando a produção de potência por volume deslocado e por cilindro, desconsideram se o motor está operando próximo ou distante do seu limite mecânico de resistência.

Escolhendo pela transmissão

Embreagem

O tipo de embreagem, bem como o sistema de acionamento, varia entre os fabricantes dos modelos avaliados, contemplando desde elementos simples como o disco cerametálico combinado a um sistema de acionamento mecânico, até os mais modernos e complexos, formado por discos metálicos sinterizados, de acionamento eletro-hidráulico.

New Holland T6.110 tem motor FPT, série NEF, modelo N45 de quatro cilindros e 123cv
New Holland T6.110 tem motor FPT, série NEF, modelo N45 de quatro cilindros e 123cv

O trator New Holland T6.110 possui na sua versão 8x8 embreagem do tipo cerametálica seca, onde o disco entra em contato direto com o platô e o volante do motor, sendo o acionamento realizado de forma mecânica. Já na versão opcional 16x8, a embreagem é do tipo multidiscos embebidos em óleo, com acionamento hidráulico. No caso do trator LS H125, a embreagem também é do tipo cerametálico, porém de acionamento hidráulico na versão standard.

O modelo John Deere 6125J apresenta embreagem de acionamento hidráulico denominada PermaClutch, composta de discos de metal sinterizados arrefecidos a óleo. O conjunto funciona imerso em óleo, permitindo maior vida útil e acionamento suave, proporcionando, desta forma, maior conforto ao operador.

 Seguindo a mesma tendência, os tratores Massey Ferguson 6712R Dyna-4 e Valtra A124 HiTech oferecem embreagem do tipo multidiscos úmida, de acionamento eletro-hidráulico. Este sistema apresenta, além da suavidade no acionamento, elevada durabilidade de seus componentes. Quanto ao trator Case Farmall 110 A, este tipo de informação não consta nas especificações técnicas do fabricante.

Transmissão

Assim como a embreagem, os modelos analisados apresentam transmissões de diferentes tipos, sendo que algumas marcas atribuem nomes comerciais às suas transmissões. Além disso, observamos nos modelos avaliados uma gama variada de marchas, mantendo-se um escalonamento padrão, possibilitando desta forma uma melhor adequação de velocidades em função das particularidades inerentes a cada operação. Para que isso seja possível, os fabricantes disponibilizam como item opcional nessas transmissões o chamado super-redutor, também conhecido como creeper. Esse sistema amplia o número de marchas pela disponibilidade de mais pares de engrenagens, permitindo o deslocamento a velocidades extremamente baixas. A utilização de baixas velocidades se faz necessária e indispensável em determinadas operações agrícolas, como, por exemplo, na produção de silagem, horticultura e fruticultura.

Os tratores New Holland T6.110 e Case Farmall 110 A compartilham a mesma transmissão do tipo sincronizada, tendo como opcional o sistema Hi-lo Dual Power. Possui reversor Synchro Shuttle na combinação de marchas de oito à frente e oito à ré, de acionamento mecânico, e Power Shuttle na combinação de marchas com 16 à frente e oito à ré, e acionamento hidráulico. Este modelo ainda apresenta como configuração opcional um super-redutor, que confere 32 marchas à frente e 16 à ré.

Case IH Farmall 110A tem motor FPT com 123cv de potência
Case IH Farmall 110A tem motor FPT com 123cv de potência

Quando analisamos o trator John Deere 6125J, observamos que o fabricante disponibiliza dois tipos de transmissões, a SyncroPlus e, como opcional, a PowrQuad. No caso da transmissão SyncroPlus, esta é sincronizada disponibilizando 12 marchas a frente e quatro à ré. Já a transmissão PowrQuad é do tipo hidrostática, apresentando 16 marchas à frente e 16 à ré, sendo que a troca de marchas ocorre sem a necessidade de parar o trator ou acionar o pedal da embreagem. Isto é possível devido às embreagens serem formadas por discos, que se unem pela pressão de óleo. Além disso, o fabricante oferece como opcional o super-redutor (creeper). 

Para os modelos da AGCO, no Massey Ferguson 6712R Dyna-4 o sistema de transmissão é denominado Dyna-4 Semi-Powershift, de configuração automática, apresentando a opção de 16 marchas à frente e 16 à ré, e com sistema Super-creeper (opcional), que consiste de um redutor de velocidade que disponibiliza uma configuração de 32 marchas à frente e 32 à ré. A Valtra oferece o mesmo câmbio com a denominação HiTech 4 Semi-Powershift e reversor eletro-hidráulico, no modelo Valtra A124 HiTech. 

No caso do trator LS H125, são disponibilizados dois tipos de transmissões, uma sincronizada, considerada padrão, denominada Synchro Shuttle de 12 marchas à frente e à ré, com possibilidade de incremento por um super-redutor (creeper), passando para 20 marchas à frente e à ré. A alternativa de transmissão, oferecida como opcional, é a Power Shuttle, com inversor de acionamento hidráulico com 24 marchas à frente e 24 à ré, que igualmente poderá ser acrescida do super-redutor, para 40 velocidades à frente e 40 à ré.

Tomada de Potência (TDP)

Para os modelos comparados, destacamos algumas particularidades referentes ao acionamento e às configurações da tomada de potência (TDP), passíveis de serem mencionadas. Porém, tendo-se como base parâmetros considerados padrão e normatizados, relacionados a este sistema, muitas destas características são semelhantes entre os modelos analisados.

Sistema hidráulico para diferentes operações

Nos tratores agrícolas o sistema hidráulico caracteriza-se como um sistema de transmissão de força e movimento através da pressurização de um fluido (óleo), dividindo-se em dois sistemas distintos: o sistema de levante hidráulico de três pontos e o sistema hidráulico de controle remoto.

Ademais, é importante ressaltar que os sistemas hidráulicos diferem quanto ao seu modo de operação, em outros termos, diferem quanto à forma de fornecer a energia hidráulica aos seus atuadores (cilindro ou motor hidráulico). Desta forma, os sistemas hidráulicos podem ser divididos em circuitos hidráulicos de centro aberto (bomba de engrenagem) e circuitos hidráulicos de centro fechado (bomba de pistão).

LS H125
LS H125

De maneira geral, o circuito hidráulico de centro aberto é formado por uma bomba de deslocamento constante (bomba de engrenagem), fornecendo fluxo constante e pressão variável, isto é, opera ininterruptamente. Já o circuito hidráulico de centro fechado é formado por bombas de deslocamento variável (bomba de pistão) e pressão constante, ou seja, o fluxo de óleo varia sob demanda, mantendo a pressão do sistema dentro de uma estreita faixa de variação.

Assim, os modelos de tratores avaliados, em sua maioria, apresentam circuito hidráulico de centro aberto (bomba de engrenagem), com o opcional de circuito hidráulico de centro fechado (bomba de pistão) no caso dos modelos 6125J da John Deere e 6712R Dyna-4 da Massey Ferguson. O modelo T6.110 da New Holland é o único dos tratores analisados que apresenta circuito hidráulico de centro fechado.

A vazão do sistema hidráulico, para os modelos de tratores com circuito hidráulico de centro aberto, varia de 65L/min (mínimo), para o trator John Deere 6125J, até 112L/min (máximo), no caso do modelo H125 da LS Tractor. Para os tratores Case Farmall 110A e New Holland T6.110, os fabricantes oferecem como opcional uma vazão de 100L/min, propiciando um aumento de 20L/min na vazão standard desses modelos de tratores.

MF 6712R
MF 6712R

A vazão máxima do sistema hidráulico dos modelos MF 6712R Dyna-4 e Valtra A124 HiTech é de 98L/min. O circuito hidráulico desses dois modelos de tratores do grupo AGCO é composto por duas bombas de engrenagens e disponibiliza a função de soma de vazões, o que permite até 98L/min de vazão máxima para o controle remoto. Quando equipado com bomba de pistão, a vazão do MF 6712R Dyna-4 é de 105L/min, logo a função de soma de vazões passa a inexistir.

Ao analisarmos a pressão máxima do sistema hidráulico, observamos que esta mantém um comportamento semelhante em todos os modelos comparados, apresentando valores que variam de 180bar a 200bar, estando esta informação indisponível apenas para o modelo T6.110 da New Holland.

O sistema de levante hidráulico de três pontos é imprescindível para operação com equipamentos ou implementos dos tipos montados ou semimontados, determinando a relação entre trator e implemento, interferindo diretamente no rendimento e na qualidade das operações a campo. No entanto, a capacidade de levante varia de acordo com a marca, o modelo e conforme foi realizada a sua medição. 

Valtra A124 HiTech
Valtra A124 HiTech

Todos os modelos analisados apresentam os valores de capacidade de levante mensurados no olhal, variando entre os valores de 3.030kgf nos modelos Case Farmall 110A e NH T6.110, a 4.950kgf nos modelos MF 6712R Dyna-4 e Valtra A124 HiTech. Os modelos JD 6125J e LS H125 apresentam os valores intermediários de 3.800kgf e 4.700kgf, respectivamente.
Cabe ressaltar que os modelos Case Farmall 110A, MF 6712R Dyna-4, NH T6.110 e Valtra A124 HiTech também oferecem os valores para a capacidade de levante a 610mm, sendo estes 2.600kgf, 4.260kgf, 1.840kgf e 4.260kgf, respectivamente.

Ademais, observamos que o grupo CNH oferece como item opcional, para os modelos Case Farmall 110A e NH T6.110, a utilização de até dois cilindros auxiliares no sistema de levante hidráulico de três pontos, permitindo o aumento da capacidade de levante dos seus modelos.

Referente aos braços do sistema de levante hidráulico dos tratores agrícolas, estes podem ser distribuídos em oito categorias distintas que são classificadas segundo a potência da tomada de potência (TDP) à velocidade angular nominal do motor (cv). Nos tratores analisados essa informação está disponível apenas para os modelos Farmall 110A da Case e H125 da LS Tractor, ambos classificados na categoria II.

John Deere 6125J
John Deere 6125J

Com relação ao controle do levante hidráulico, todos os modelos apresentam as funções usuais de posição, profundidade e misto. Os tratores Case Farmall 110A, LS H125 e NH T6.110 apresentam acionamento hidráulico por meio de alavanca, já os modelos JD 6125J, MF 6712R Dyna-4 e Valtra A124 HiTech encontram-se equipados com acionamento eletro-hidráulico. Destaca-se que apenas os modelos do grupo AGCO, MF 6712R Dyna-4 e Valtra A124 HiTech, oferecem controle externo do levante hidráulico de três pontos por meio de botões localizados nos para-lamas traseiros.

Outro ponto a ser mencionado refere-se ao sistema hidráulico de controle remoto, o qual é utilizado para acionar cilindros e motores hidráulicos localizados no implemento acoplado ao trator. Os modelos analisados oferecem duas ou três válvulas de controle remoto (VCR) de ação dupla e controle mecânico, exceto o modelo H125 da LS Tractor, que oferece de fábrica três válvulas de controle remoto e quatro como opcional.

Quanto ao sistema de direção, todos os modelos apresentam direção hidrostática. Somente os modelos Farmall 110A da Case e T6.110 da New Holland informam claramente que possuem bomba independente para alimentar o circuito de direção. O fluxo desta bomba é semelhante para ambos os modelos, indicando como vazão máxima 35L/min. Além disso, a LS Tractor disponibiliza o fluxo do sistema de direção para o modelo H125, que é de 37,4L/min.

Posto de operação e ergonomia

O posto de operação é responsável pela qualidade ergonômica, fornecendo o conforto necessário ao operador. Isto somente é possível através da disposição e o dimensionamento correto dos componentes e comandos que constituem o posto de operação. Neste sentido, os fabricantes de tratores estão cada vez mais atentos aos requisitos ergonômicos, a fim de reduzir a ocorrência de doenças ocupacionais e aumentar o rendimento do operador, com o mínimo de desgaste possível, durante as longas jornadas de trabalho.

Case IH Farmall 110A
Case IH Farmall 110A

O posto de operação dos tratores avaliados é do tipo cabinado, sendo que somente os tratores dos fabricantes pertencentes ao grupo CNH (Case Farmall 110A e NH T6.110) apresentam em suas versões dois tipos de postos de operação, plataformado e cabinado. Dessa forma, algumas diferenças se fazem presentes em ambos os modelos, como, por exemplo, na versão plataformada o bloqueio do diferencial é de acionamento mecânico, porém, nas versões cabinadas o acionamento ocorre de forma eletro-hidráulica, sendo que estes comandos se localizam à direita do operador.

Seguindo na mesma lógica, o restante dos modelos também apresenta acionamento eletro-hidráulico do bloqueio do diferencial. No entanto, a localização deste comando varia entre os modelos, sendo que no LS H125 encontra-se à direita do operador, assim como os tratores MF6712R Dyna-4 e Valtra A124 HiTech, que ainda possuem uma opção de acionamento automático, tanto para o bloqueio do diferencial quanto para tração dianteira auxiliar (TDA). No caso do trator JD 6125J, este comando de operação é encontrado entre os pedais de freio e embreagem. 

Ao analisarmos o mecanismo de acionamento da tração dianteira auxiliar (TDA), todos os modelos comparados dispõem de acionamento eletro-hidráulico, localizado à direita do operador. Nesta mesma área de acesso ao operador estão localizados as alavancas de acionamento das válvulas de controle remoto (VCR) e os comandos relacionados ao sistema de levante hidráulico. Para os tratores JD 6125J, MF6712R Dyna-4 e Valtra A124 HiTech o acionamento do sistema de levante hidráulico é realizado através de controles eletro-hidráulicos, sendo que nos tratores Case Farmall 110A, NH T6.110 e LS H125 o acionamento ocorre por meio de alavancas.

New Holland T6.110
New Holland T6.110

Além disso, o acionamento eletro-hidráulico se faz presente também na tomada de potência (TDP) dos modelos comparados, exceto para os tratores Case Farmall 110A e NH T6.110, onde o acionamento ocorre através de uma alavanca.

Referente à disposição dos comandos de operação em relação ao assento do operador, encontramos à esquerda nos tratores Case Farmall 110A, NH T6.110, LS H125, MF6712R Dyna-4 e Valtra A124 HiTech, o freio de estacionamento. Salienta-se que no trator LS H 125, neste mesmo local, encontra-se a alavanca para seleção do grupo de marchas. No modelo 6125J da John Deere, o freio de estacionamento está localizado na mesma alavanca do reversor, disposta à direita do operador, sendo que o reversor para os demais modelos se encontra à esquerda em uma zona de fácil acesso na coluna da direção. 

Os modelos analisados apresentam os principais elementos de indicação no painel do trator como horímetro, tacômetro, marcador de temperatura, acionamento da TDP, bloqueio, TDA, freio estacionário, sistema de iluminação, dentre outros. Além disso, tornamos a destacar que todos os modelos possuem boa visibilidade para o operador, com excelente conforto, espaço e acesso aos comandos de operação. Evidentemente que cada modelo apresenta suas particularidades, porém, de maneira geral, os elementos ergonômicos e de indicação considerados básicos são atendidos em sua totalidade.

Dimensões e capacidades

Alguns fabricantes não apresentam determinadas informações a respeito de seus produtos, por exemplo, raio de giro e vão livre. Dessa forma, a análise foi realizada apenas com os dados disponibilizados nas especificações técnicas de cada modelo.

A capacidade máxima de massa aceitável nos tratores nos dá o limite da relação massa/potência a qual o trator poderá atingir. Neste sentido, os modelos comparados apresentam em média 6.630kg, o que resulta em aproximadamente 53kg/cv. O trator Case Farmall 110A foi considerado o mais leve, tendo uma massa de 6.120kg, sendo o trator LS H125 o que apresentou a maior massa (7.040kg), diferença de 13,07% entre os dois modelos. 

Considerando a capacidade do tanque de combustível, temos uma ideia da autonomia da máquina, em que a média encontrada foi de 227 litros. O modelo LS H125 possui o maior tanque de combustível com capacidade de 300 litros, sendo o menor volume de tanque observado no modelo Valtra A124 HiTech, 220 litros. 

A distância entre eixos apresentou em média 2.574mm, variando entre 2.400mm, para o modelo JD 6125J, e 2.650mm para o modelo LS H125. No mesmo sentido, a média da bitola máxima e mínima dos modelos avaliados da foi de 2.111mm e 1.963mm, respectivamente. O maior valor de bitola máxima refere-se ao trator LS H125 (2.199mm), sendo que o modelo Case Farmall 110A foi o que apresentou a menor bitola mínima ajustável, correspondendo a 1.714mm. 

Quanto à altura máxima com cabine, os modelos comparados apresentaram uma variação entre 2.672mm no caso do modelo JD 6125J, e 3.089mm no modelo LS H125, tendo-se 2.910mm como altura máxima média. É válido salientar que o raio de giro interfere diretamente sobre a capacidade operacional da máquina, uma vez que este pode aumentar a eficiência em manobras, no entanto esta informação não consta na especificação dos fabricantes.

Tecnologia presente

Tanto o modelo New Holland T6.110 como o Case Farmall 110A, que são fabricados pelo mesmo grupo, oferecem alternativas para a agricultura de precisão em duas versões. A primeira é a predisposta, quando a fábrica já envia o trator com o chicote (cabo) para ligação futura e as válvulas do sistema hidráulico para conexão do piloto automático. Já a segunda versão traz completo todo o pacote, com o monitor Intelliview, a antena e o conversor NAV. Outro diferencial tecnológico dos dois tratores é a integração motor, sistema de transmissão e sistema hidráulico.

O trator John Deere modelo 6125J além do chassi integral traz igualmente as soluções de gerenciamento agrícola, como piloto automático AutoTrac com dois níveis de precisão (3cm e 23cm), o display GS3 ou GEN4 para controle de funções do trator e da operação e a antena Starfire 6000. O sistema quando instalado no trator pode gerenciar funções de semeadoras (Monitor de Plantio MPA 2500), distribuidores e pulverizadores e o software Wtare Pro pode fazer curvas de nível ou com gradiente, para terraços, taipas, drenos, dentre outras aplicações.

Como pertencem ao mesmo grupo, AGCO, tanto a Massey Ferguson, no modelo 6712R Dyna-4 como a Valtra no modelo A124 HiTech também oferecem recursos de tecnologia, como o piloto automático em três versões: a primeira somente com preparação para o direcionamento automático, a segunda com o Auto-Guide 3000 em que a precisão é decimétrica e a terceira, onde com o mesmo sistema se consegue uma precisão centimétrica, utilizando antena RTK. Também está à disposição, como opcional, o sistema de telemetria denominado AgCommand, em que o produtor pode acompanhar a distância todas as atividades realizadas pela máquina.

O fabricante de origem sul-coreana trouxe no modelo LS H125, como opcional, a telemetria e o sistema de monitoramento do motor. O pacote de telemetria é um desenvolvimento conjunto com uma empresa argentina. O sistema Gestya proporciona o acesso a informações sobre o posicionamento do trator e registro de informações operacionais, sendo que o usuário poderá ter a informação pela plataforma Gestya InfoWeb. O sistema de monitoramento e proteção do motor, denominado Vigia, emite alerta e desliga o motor quando houver queda da pressão de óleo ou superaquecimento do motor.

Considerações finais

As informações constantes neste comparativo são importantes na tomada de decisão por parte dos agricultores no momento da aquisição de um trator novo, suprindo de forma adequada as necessidades das diferentes operações realizadas na propriedade. A escolha do correto modelo de trator dentre os ofertados no mercado representa ganhos de eficiência e rendimento operacional, reduzindo consideravelmente os custos operacionais.

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