O cultivo da batateira (
L.), no Brasil, ocupa uma área cultivada de aproximadamente 120 mil ha. Em relação ao tomate, a cultura irrigada industrial, soma 23 mil ha e o envarado 37 mil ha, totalizando 60 mil ha. As principais doenças fúngicas da batateira são a requeima e a pinta-preta. Porém, também merecem destaque as bacterioses e as viroses. Quanto ao tomateiro, destacam-se a requeima, a pinta preta, a mancha de estenfílio, as bacterioses e as viroses.
A requeima é igualmente destrutiva à cultura da batata e do tomate e outras espécies da Família Solanaceae, podendo causar danos de até 100%. A doença é denominada comumente de requeima ou de míldio (do inglês mildew = mofo ou bolor).
O agente causal da requeima é o fungo pertencente a Classe dos Oomycetes, denominado
(Mont) de Bary. A origem do fungo
é Mexicana, onde o parasita tem co-evoluído com o hospedeiro por um longo período de tempo.
A requeima é uma doença que ocorre em todas as áreas do mundo onde os hospedeiros são cultivados. É a doença mais importante destas culturas sendo destrutiva, em regiões onde o clima é úmido e fresco. O fungo causa danos nos órgãos aéreos da batateira e do tomateiro em qualquer fase do desenvolvimento das plantas. Pode, também, atacar os tubérculos da batateira e os frutos do tomateiro na lavoura e apodrecê-los tanto no campo como durante a armazenagem. A requeima pode destruir completamente uma lavoura no período de uma ou duas semanas, sob clima úmido e fresco.
Sintomas da doença
Os sintomas da requeima nas folhas variam em função da temperatura, da umidade, da intensidade luminosa e do cultivar do hospedeiro. Os primeiros sintomas surgem como manchas de tecido encharcado, freqüentemente nos bordos das folhas basais. Persistindo clima úmido, as manchas aumentam rapidamente de tamanho, originando áreas pardas necrosadas com bordos indefinidos. Áreas de 3 a 5 mm de diâmetro, de coloração branca, constituída pelos crescimento do fungo (sinais), podem formar-se nas bordas das lesões na página inferior das folhas. Rapidamente todo o tecido do limbo foliar é colonizado determinando a morte da folha, as quais tornam-se flácidas. O fungo pode migrar de um folíolo para outro via pecíolo terminando por matar a planta. Sob molhamento contínuo todos órgãos aéreos suculentos podem ser necrosados, apodrecer e exalar odor característico de tecido morto. Por outro lado, com clima seco a atividade do fungo é paralisada. Nesse caso as lesões paralisam o crescimento, tornam-se negras, enrugadas, murchas e os sinais deixam de ser visualizados na face inferior das folhas. Quando o clima torna-se novamente úmido o fungo reassume suas atividades e a doença novamente desenvolve-se rapidamente.
Os tubérculos infectados mostram inicialmente, manchas pardas ou púrpuras constituídas de tecido encharcado escuro, pardo-avermelhado que se aprofundam 5 a 15 mm para o interior dos tecidos sadios do tubérculo. Mais tarde, as áreas afetadas tornam-se rígidas, secas e levemente deprimidas. Os tubérculos infectados podem ser posteriormente invadidos por fungos e bactérias saprofíticos, causando podridão mole e exalando um odor desagradável pútrido. No caso do tomateiro, os frutos atacados podem também apodrecer rapidamente no campo ou no armazenamento.
A diagnose segura da doença pode ser feita no campo pela visualização dos sinais (esporangióforos e esporângios) sobre as lesões nas folhas da batateira e do tomateiro. O fungo sobrevive como micélio em tubérculos infectados (tubérculos semente, tubérculos não colhidos deixados na lavoura, tubérculos refugo empilhados próximos aos armazéns de classificação de semente ou de tubérculos comerciais e tubérculos refugo jogados ao longo de estradas), constituindo-se na principal fonte de inóculo.
Quando os tubérculos sementes infectados são plantados, o micélio reassume o crescimento, até atingir a base dos brotos durante os processos de germinação e de emergência da cultura. No caso de tubérculos em montes de refugo, ocorre a produção de brotos numa massa densa com tecidos suculentos, facilmente infectados pelos esporos de
. Os esporânios são levados à lavoura de batata infectando às plantas do novo cultivo, transportados pelo vento ou pela chuva.Uma vez nos tecidos suscetíveis, germinam originando novas infecções. A infecção de novas folhas ou de plantas vizinhas tem lugar por meio dos esporângios que são transportados pelo vento ou por respingos de chuva. Os esporângios são extremamente sensíveis à dessecação. Os principais estímulos que governam esse processo são a presença de água líquida e de temperatura favorável.
O desenvolvimento de epidemias da requeima depende grandemente da predominância de umidade e de temperatura adequadas durante os diferentes estádios do ciclo de vida do fungo. O fungo cresce e esporula abundantemente com umidade relativa do ar próxima a 100% e com temperatura entre 15 e 25 °C.
Controle da doença
A requeima pode ser eficientemente controlada por uma combinação de medidas sanitárias tais como resistência genética do cultivar, fungicidas corretamente aplicados, uso de tubérculos sementes livres do patógeno, destruição dos tubérculos refugo (devem ser queimados logo após colheita), aplicação eficiente de herbicidas para evitar a brotação de tubérculos no campo e origem de plantas voluntárias e eliminação completa de plantas voluntárias (uma única planta voluntária pode servir como importante fonte de inóculo).
A proteção química ainda é a principal estratégia de controle da requeima. A requeima apesar de ser uma das doenças mais explosivas, pode ser eficientemente manejada pelo uso de fungicidas aplicados de acordo com um calendário fixo ou baseado num sistema de previsão de epidemias. As aplicações de fungicidas na proteção dos órgãos verdes da planta têm também um efeito marcante na redução da infecção dos tubérculos.
Para se obter a máxima eficiência na aplicação de fungicidas estes não somente devem ter fungitoxicidade específica à requeima como devem ser aplicados na dose e momento correto. Deve ser enfatizado que os órgãos verdes, folhas e talos, devem ser completamente protegidos pela camada tóxica dos fungicidas. Portanto, qualquer área de tecido desprotegido torna-se vulnerável à penetração pelo fungo. Uma cobertura deficiente compromete a qualidade do controle de fungicidas bem como dos sistemas de previsão de doenças.
Erlei Melo Reis
UPF,
Carlos A. Medeiros
BASF,
Andrea C. Reis Bresolin
Agroservice,
Ricardo T. Casa
UPF
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