Quando se pretende ter controle sobre as condições de manutenção de máquinas e prevenir paradas indesejáveis durante o trabalho, podemos utilizar um método altamente eficaz e confiável, as análises do óleo lubrificante do mecanismo em questão.
O que são
As análises de óleos lubrificantes são informações obtidas do óleo usado que serão utilizadas pela manutenção preventiva/preditiva de equipamentos mecânicos lubrificados, destacando-se os motores de combustão interna, caixas de marchas, diferenciais, sistemas hidráulicos, etc.. A eficiência desta técnica é incontestável quando aplicada em tratores agrícolas, máquinas que estão constantemente sujeitas à contaminação por poeira, água, etc., advindas do ambiente de trabalho altamente contaminado. Devido às suas características, os motores a combustão são os equipamentos em que o óleo lubrificante sofre a maior contaminação/deterioração, se comparados com outros equipamentos, portanto, é também aquele que exige o maior número de testes para uma análise. Os testes mínimos necessários em uma análise para óleo usado de um motor são: odor, aparência, viscosidade, presença de água, quantificação de fuligem, ponto de fulgor e presença de metais. Deve-se esclarecer que outros testes podem ser utilizados a medida que se façam necessários, como por exemplo o TBN (índice de basicidade total), o TAN (índice de acidez total), densidade, corrosão, etc..
Objetivo das análises
O objetivo das análises é a proteção do equipamento mecânico. As análises permitem que uma avaria mais séria seja evitada com a eliminação precoce da causa desta avaria. Por exemplo: a penetração de poeira no motor devido a um problema qualquer no sistema de filtragem, a longo prazo irá acarretar desgaste acelerado nas peças móveis e, por conseqüência a sua falência. Um bom programa de análise consegue detectar o problema em no máximo 60 horas de utilização, tempo médio usado entre uma coleta e outra para análise. Coleta-se também amostras quando da desmontagem do equipamento que tenha sofrido quebra e na ocasião da substituição da troca da carga de óleo lubrificante.
No quadro a seguir são correlacionados os resultados e as possíveis causas
Como e onde fazer
São três as possibilidades, se analisarmos o caso monetariamente. Para frotas de até quinze máquinas, o mais conveniente é a utilização de serviços terceirizados. Existem laboratórios em escolas do SENAI, das próprias Companhias de Petróleo e particulares que prestam este tipo de serviço. Para frotas de até sessenta máquinas, ficará mais em conta a utilização de maletas de testes, cuja eficiência comprovamos em nossa tese de doutorado. Para frotas maiores é conveniente que se implante um laboratório de testes físico-químicos.
Resultados obtidos
Em nosso trabalho de mestrado comparamos o número de problemas detectados no óleo lubrificante de motores de tratores agrícolas. Os que eram analisados rotineiramente apresentaram 18,4% de problemas e, nos do outro grupo, onde a técnica não era utilizada, apareceram problemas em 70% das análises realizadas. Desta forma fica evidente a diminuição da possibilidade de quebras e de necessidade de manutenção de emergência durante o trabalho dos tratores, devido às informações fornecidas pelas análises. Ainda como conseqüência da utilização desta técnica, trabalhos mostram que se pode obter em torno de 45% de economia no consumo de lubrificante. Isto ocorre porque o controle do lubrificante permite que este seja utilizado além do tempo estabelecido pelo fabricante do motor, com absoluta segurança.
Algumas recomendações
Recomenda-se alguns cuidados quando da implantação do sistema:
• Análises esporádicas não funcionam, o histórico das análises do óleo lubrificante do equipamento é muito importante na fase de interpretação dos resultados obtidos. Só se obtém este histórico com um programa rotineiro de análises.
• O fato de se analisar o óleo lubrificante não o tornará melhor ou pior, ou seja, as análises não influenciam na qualidade do lubrificante, como tentam afirmar alguns vendedores de lubrificantes.
• O auxílio de um profissional competente e experiente é muito importante, pelo menos na fase de implantação da técnica.
Resultado do ensaio e Causas prováveis
Contaminação por água - causas prováveis
1- Condensação: operações a baixa temperatura, ventilação inadequada do cárter, uso excessivo em marcha lenta, períodos curtos em serviços intermitentes.
2 - Elevado vazamento de gases: anéis ou camisas gastas, restrições no sistema de escape.
3 - Vazamento de refrigerante: juntas de cabeçote vazando, cabeçote apertado com torque indevido, bloco ou cabeçote rachados.
Redução da viscosidade - causas prováveis
1 - Uso de produto menos viscoso.
2 - Diluição pelo combustível: alimentação excessiva de combustível, bicos injetores gotejando, alimentação de ar ou sistema de escape obstruído.
Aumento da viscosidade - causas prováveis
1 - Uso de produto mais viscoso.
2 - Contaminação por água, e por fuligem do combustível.
3 - Degradação: refrigeração inadequada, operação com mistura pobre, períodos de drenagem excessivamente prolongado.
Contaminação por insolúveis - causas prováveis
1 - Fuligem do combustível: operação com mistura rica, bicos injetores defeituosos, entrada de ar de admissão obstruída.
2 - Entrada de poeira: manutenção inadequada do filtro de ar, vazamento de ar no sistema de admissão.
3 - Desgaste metálico: geralmente relacionado com a quantidade de impurezas aspiradas, manutenção inadequada dos filtros de ar.
Marcos Roberto Bormio
DEM - FEB/UNESP - Bauru/SP
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