Processo mecanizado de preparo do solo com subsoladores

Por Túlio de Almeida Machado, professor do IF Goiano, Anderson Gomide Costa, professor da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Augusto César de Souza Siqueira e Ítalo Nathanny Malaquias Mendes, discentes do IF Goiano

10.01.2024 | 15:33 (UTC -3)

Em tempos atuais a utilização de máquinas e implementos na agricultura se tornou fundamental, devido à sua grande eficiência no trabalho proposto e, entregando melhores resultados com retorno econômico do produtor. Esses equipamentos podem ser utilizados desde o preparo do solo até a colheita. Entretanto, para que possam apresentar o resultado esperado, devem ser conduzidas e utilizadas de forma assertiva.

 No processo mecanizado, a utilização dos subsoladores faz parte do preparo periódico do solo, tendo como objetivo romper as camadas compactadas em profundidades maiores que 30 cm, promovendo alterações na estrutura do solo, proporcionando vantagens quando comparado a utilização de arados e grades, pois não traz as camadas subsuperficiais do solo para a superfície.  

Após a passagem do implemento, o solo pode estar recebendo, posteriormente, a cultura e facilitando o crescimento do sistema radicular com uma maior porosidade, auxiliando no aumento da taxa de infiltração de água ao solo. Sua utilização possui efeito prolongado, podendo ser notado até mesmo após a colheita da cultura, encontrando um solo com menor densidade do que antes de sua passagem pela área.

Visando os benefícios atribuídos a este equipamento, foram avaliados os efeitos causados ao solo em relação a penetração, mobilização e empolamento, tendo como variáveis a velocidade e profundidade de operação.

O estudo foi conduzido Instituto Federal Goiano – Campus Morrinhos, solo foi classificado como Latossolo Vermelho Escuro de textura argilosa. Foi utilizado um trator da marca John Deere, modelo 6415 de 110 cv de potência nominal no motor, acoplado a um subsolador de 5 hastes da marca Jan e modelo Jumbo Matic.

Figura 1
Figura 1

Foram avaliadas duas áreas em condições distintas sendo uma área de sequeiro sem implantação de algumas culturas a quatro anos e outra área de pastagem com aproximadamente 8 anos com o cultivo Brachiária brizanta cv marandu

No período da coleta dos áudios houve precipitação média de 70 mm. As duas velocidades de operação foram de 2,5 e 4,5 km h-1 combinadas com três profundidades distintas. (00- 15, 15-30 e 30-45 cm). Após a passagem do implemento, foram analisadas a resistência à penetração, mobilização e o cálculo do empolamento (quantidade de solo expandido após a passagem do implemento) do solo.

Figura 2: penetrômetro
Figura 2: penetrômetro

Os valores de resistência à penetração foram obtidos através da utilização de um penetrômetro da marca Eijkelkamp, modelo M10615SA Penetrologger que foi inserido entre as linhas de subsolagem após a passagem do conjunto mecanizado. Foram realizadas mensurações nos intervalos de profundidades de: 00-15, 15-30 e 30-45 cm.

Tabela 1: valores de resistência à penetração do solo, mobilização mecânica do solo e empolamento de acordo com a profundidade de ação do conjunto mecanizado para os tratamentos de sequeiro e pastagem
Tabela 1: valores de resistência à penetração do solo, mobilização mecânica do solo e empolamento de acordo com a profundidade de ação do conjunto mecanizado para os tratamentos de sequeiro e pastagem
Figura 3: perfilômetro 
Figura 3: perfilômetro 

A mensuração da área mobilizada foi obtida por meio de um perfilômetro desmontável, composto de 50 varetas (vazadas) de alumínio, equidistantes 2 cm, com capacidade de leituras de até 35 cm de desnível no papel milimetrado. A área mobilizada consiste naquela situada entre o perfil original e o perfil de fundo de sulcos, enquanto que a área de elevação é aquela situada entre o perfil da superfície e o perfil de fundo do solo após a mobilização. 

As parcelas de cada tratamento tiveram uma área de 10 m² onde foram mensuradas três repetições dentro de cada parcela. Portanto, foi utilizado um DIC com quinze repetições em cada profundidade. Os valores foram analisados através de uma análise de variância de teste “F” a 5% de probabilidade e, posteriormente, as médias das variáveis nos diferentes tratamentos foram submetidas ao teste de Tukey 5%.

Os resultados da Tabela 1 se referem à resistência à penetração, à mobilização do solo e ao empolamento em função da profundidade de trabalho.

A profundidade que apresentou um menor valor médio (1,73 Mpa) foi entre 30-45 cm. Já na pastagem esse comportamento foi na profundidade de trabalho entre 15-30 cm, com valores médios de 1,98 Mpa. No sequeiro esses resultados se explicam em função da maior profundidade alcançada pela haste do implemento com um maior volume afetado do solo. Já na pastagem, deve-se ao fato de que nesse solo às profundidades de trabalho de 30-45 cm apresentaram indícios de “pé de grade”, inclusive, isso foi verificado pelo desenvolvimento das raízes do capim que havia na área.

A mobilização do solo foi proporcionalmente alterada com o aumento da profundidade de trabalho, sendo que para as profundidades avaliadas, com o maior alcance das hastes subsoladoras mais profundo será a ação do implemento, resultando em um maior rompimento tridimensional do solo em ambos os tratamentos.

No empolamento do solo, às profundidades entre 00-15 cm foram que apresentaram maiores porcentagens quando comparadas às demais, evidenciando que, em camadas superficiais, os maiores valores devem-se ao fato de uma maior ação das hastes nestas camadas sendo mais sentida pelo solo também pelo rompimento tridimensional. 

Outro fato que corrobora com o empolamento é a ação das ponteiras na superfície do solo, pois as mesmas apresentam uma maior largura que as próprias hastes (pelas suas pontas), acarretando em uma maior possibilidade do surgimento dos espaços de vazios.

Os resultados apresentados na Tabela 2 se referem à resistência à penetração, à mobilização do solo e ao empolamento em função da velocidade de operação.

Tabela 2: valores de resistência à penetração do solo, mobilização mecânica do solo e empolamento de acordo com a velocidade de operação do conjunto mecanizado para os tratamentos de sequeiro e pastagem
Tabela 2: valores de resistência à penetração do solo, mobilização mecânica do solo e empolamento de acordo com a velocidade de operação do conjunto mecanizado para os tratamentos de sequeiro e pastagem

Os valores de resistência à penetração foram reduzidos nos tratamentos quando houve um acréscimo da velocidade de operação assim como os resultados de mobilização. Esse comportamento pode ser sugerido pelo fato de que quanto maior a velocidade, maior a potência empregada para se romper o solo e assim sua maior mobilização, o mesmo ocorreu na pastagem devido a presença de raízes que minimizam este efeito.  

Quanto ao empolamento, somente no tratamento pastagem houve diferença significativa onde a velocidade de 2,5 km h-1, apresentando que os maiores agregados do solo caracterizado pela presença das raízes auxiliaram nesse fenômeno.

A maior taxa de descompactação na subsolagem foi encontrada nas profundidades de trabalho entre 15 - 45 cm e velocidade de 2,5 km h-1 apresentaram melhores resultados para os tratamentos e com maiores profundidades e velocidade de operação se obtém maiores valores para a área mobilizada.

Portanto, esses parâmetros auxiliam o produtor a entender o desenvolvimento das culturas e também na tomada de decisão quando se refere à condução de lavouras ou pastagens. Fatores como força de tração e micro relevo do solo podem interferir nos tratos culturais e até mesmo na colheita (dependendo da cultura). Por isso, entender as consequências da ação da subsolagem no solo, se torna fundamental. 

*Por Túlio de Almeida Machado, professor do IF Goiano, Anderson Gomide Costa, professor da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Augusto César de Souza Siqueira e Ítalo Nathanny Malaquias Mendes, discentes do IF Goiano

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