Cultura antes explorada apenas nos estados do Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte, o cajueiro começa a ser cultivado em algumas regiões do Maranhão, Bahia, Mato Grosso e São Paulo. Com o crescimento da área plantada, crescem também os problemas decorrentes da falta de informações relativas às operações necessárias para a correta condução do pomar. Dentre estas destaca-se o plantio.
Tipo de muda e embalagens
Quer o plantio que seja feito: mudas enxertadas ou de pé-franco, existem regras básicas que devem ser obedecidas pelo cajucultor visando reduzir ao máximo o índice de mortalidade e conseqüente replantio. O uso de mudas enxertadas é mais vantajoso pois proporciona pomares com plantas mais uniformes, com menor porte, mais precoces e de elevada produtividade
Sacos e tubetes plásticos são as embalagens mais utilizadas atualmente para mudas de cajueiro. A produção de mudas em tubetes de 288 cm3 está revolucionado os métodos de propagação vegetativa do cajueiro, com significativa vantagem em relação a produção de mudas em sacos plásticos. Depois de pronta para ir para o campo a muda de tubete pode permanecer por muito mais tempo no viveiro, aguardando a época oportuna para o plantio, sem o risco de enraizamento. Também, o peso da muda é reduzido de 2,5 kg para cerca de 300 g, havendo grande redução de peso no transporte. Acrescente-se ainda que em 1 m2 acomodam-se 220 mudas de tubetes contra apenas 48 de sacos plásticos.
Transporte de mudas
O transporte de mudas do viveiro ao local do plantio definitivo exige cuidados especiais. Um dia antes do plantio a rega das mudas deve ser suspensa a fim de permitir que o torrão adquira uma melhor consistência e não esboroe facilmente durante o transporte e retirada do saco plástico.
Durante a seleção das mudas para o plantio, deve-se verificar se a fita de enxertia foi removida, a fim de evitar problemas de estrangulamento e morte das mudas após o plantio.
As mudas devem ser levadas ao campo no início da estação chuvosa, retirando-se cuidadosamente os sacos plásticos ou tubetes (sem desmanchar o torrão) e comprimindo-se o solo após o plantio. Posteriormente, deve-se colocar cobertura de capim seco ou bagana de palha de carnaúba, bem curtida, ao redor da planta. Esta prática tem sido largamente empregada por alguns produtores. Consiste na aplicação de uma camada uniforme de bagana ou outro material vegetal disponível na região, limitando-se estritamente à área da “bacia”, tendo-se o cuidado de deixar livre o caule da muda, isto é, sem contato com a bagana. Essa cobertura morta possibilita um melhor desenvolvimento do cajueiro em sua fase inicial devido à conservação de umidade, temperatura e eliminação de capinas nas proximidades das plantas.
Taxa de replantio
A taxa prevista de replantio, considerando o plantio efetuado no início das chuvas e sob condições normais de precipitação, é de 5% a 10% para mudas de pé-franco e de 10% a 15% para mudas enxertadas, quando não se usa irrigação.
Quando se instala um cajueiral, quase sempre há necessidade de se efetuar replantas. Por melhor que o plantio tenha sido feito e mesmo que as condições climáticas tenham sido ótimas, o replantio é operação obrigatória na maioria dos pomares em implantação.
Decorridos 20-30 dias do plantio, deve-se iniciar o processo de replantio, substituindo-se as mudas mortas e aquelas mais fracas ou defeituosas. Não se deve deixar passar muito tempo, porque as mudas replantadas sofreriam concorrência das mudas plantadas originalmente, o que provocaria atraso e desuniformidade no desenvolvimento do cajueiral recém-plantado.
Quando houver necessidade de replantar um cajueiral no segundo ano, as covas devem ser reabertas procedendo-se de modo semelhante ao do preparo normal de covas para o plantio do cajueiro.
O plantio de mudas de pé-franco não descarta a possibilidade de realização posterior da enxertia em campo, usando-se a borbulhia, quando as plantas estiverem com idade entre dois e cinco meses, dependendo da disponibilidade de propágulos.
Esta operação funciona com uma poda de formação e consiste na retirada das brotações laterais inferiores da planta, próximas aos cotilédones ou desenvolvidas no porta-enxerto. Efetua-se logo após o período chuvoso, no ano de instalação do pomar. As vantagens desta técnica são: menor desgaste da planta no período seco pela redução da área foliar, equilíbrio entre o sistema radicular e a parte aérea e redução dos custos da poda nos anos subseqüentes.
Dada a sua precocidade, o cajueiro anão inicia a emissão de panículas já na fase de viveiro. Tais panículas devem ser removidas até o oitavo mês após o plantio, já que nesta fase constituem uma fonte de desvio de energia, que deve estar direcionada para o seu crescimento vegetativo. Esta operação deve ser feita com o emprego de uma tesoura de poda, tendo-se o cuidado de evitar danos às plantas.
Vitor Hugo de Oliveira
Embrapa Agroindústria Tropical
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