Alternativa proposta para melhorar o manejo das operações de adubação nitrogenada de cobertura nas lavouras é implementar um processo de aplicação de fertilizante líquido associado ao equipamento utilizado na pulverização dos defensivos agrícolas
18.03.2022 | 14:06 (UTC -3)
Adubação
nitrogenada de cobertura
A
adubação pode contribuir na manutenção e aumento da produtividade nos cultivos
agrícolas. A prática é realizada para suplementar a disponibilidade natural dos
nutrientes nos solos, atender a demanda dos cultivos agrícolas com alto
potencial de rendimento, compensar perdas dos nutrientes para o meio ambiente,
ou melhorar as condições dos solos para a produção agrícola. Atualmente, a
operação mecanizada de adubação de cobertura em lavouras de milho é comumente
realizada pelo método de aplicação em área total, utilizando uma máquina de
distribuição de fertilizante sólido granulado a lanço. A convencional operação
de adubação de cobertura a lanço possui limitações como a distribuição não
uniforme através da lavoura (qualidade da operação), a deposição do
fertilizante sobre as folhas (problemas com fitotoxidade), e aplicação em área
total (menor eficácia de absorção pelas raízes).
Solução proposta
A
alternativa proposta para melhorar o manejo das operações de adubação
nitrogenada de cobertura nas lavouras é implementar um processo de aplicação de
fertilizante líquido associado ao equipamento utilizado na pulverização dos
defensivos agrícolas. A estratégia de aplicação pode agregar em uma máquina
dois processos realizados em etapas distintas (a pulverização e a adubação via
líquida). No modo de aplicação de fertilizante líquido, a diferença principal
está na ponta da aplicação. Enquanto a operação de pulverização dos defensivos
agrícolas é direcionada ao dossel das plantas, na adubação de cobertura, o jato
fertilizante líquido pode ser direcionado em faixas no solo, próximo da base da
linha de cultivo, área que abrange a região do bulbo de raízes.
Tecnologia desenvolvida
Para viabilizar a operação, um
pingente de aplicação de fertilizante líquido foi projetado e confeccionado, para
distribuição de jato dirigido em ambos os lados das linhas de cultivo,
garantido desse modo, que o fertilizante seja aplicado nas proximidades das
raízes, facilitando o processo de infiltração no solo e a absorção dos
nutrientes pelas plantas. Os pingentes são montados na barra do pulverizador, utilizando-se
os “porta-bicos”. O pingente possibilita uma aplicação com maior proximidade do
solo, representando uma vantagem para o direcionamento do jato de fertilizante
líquido para a base das plantas (Figura 1). O pingente para a aplicação de
fertilizante líquido possui uma capa para engate rápido ao porta-bicos e outra
capa para a ponta de aplicação; anéis de borracha para a vedação; uma tubulação
de borracha para estender a aplicação até próximo ao solo; um enrolamento de
arame para manter o alinhamento vertical e flexibilidade do pingente; além de
conexões hidráulicas entre os componentes. A tecnologia “pingente para a
aplicação de fertilizante líquido” foi registrado em depósito de patente junto
ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). Detalhes podem ser
consultados a partir do número de registro
BR 10 2021 011618 8 na área de buscas por patentes do INPI (https://www.gov.br/inpi/pt-br).
O conjunto (porta-bicos + pingente + ponta de
aplicação) deve ser disposto no centro das entrelinhas da cultura do milho
(Figura 2). A ponta de aplicação é dotada de dois orifícios de saída que
desviam o fluido para próximo da base das plantas da lavoura. Para
tanto, a distância da ponteira do pingente em relação ao solo é uma altura suficiente
para que o jato seja aplicado próximo da base das plantas. Os orifícios
projetam o jato com um ângulo de 60º. A manutenção do ângulo é necessária para
que os jatos atinjam uma distância de aproximadamente 50 mm da base das plantas.
A manutenção de uma distância da aplicação do fertilizante em relação as linhas
de cultivo, evita que o jato seja direcionado para folhas ou caule do milho.
Os
pingentes para a aplicação de fertilizante líquido foram confeccionados e
testados (Figura 3). Em geral, a montagem relativamente simples, pode
representar uma vantagem para a adoção do sistema pelos agricultores. Uma outra
vantagem é que a montagem não altera a estrutura da máquina de pulverização. A
alteração está relacionada a forma da aplicação, que exige um adubo líquido,
com baixo nível de sólidos em suspensão, com concentração de nutrientes
suficiente à adubação da lavoura. Além disso, uma atenção especial deve ser
aplicada à limpeza da máquina após a aplicação do fertilizante líquido. Os componentes
do circuito hidráulico (filtros, tubulações, reservatório, bomba, válvulas, ...)
devem ser lavados com água.
Avaliação
do método de aplicação
Testes
foram conduzidos em uma lavoura comercial de milho, no município de Marumbi -
PR (Figura 4). No preparo da calda do fertilizante foi utilizado a proporção de
1 kg de ureia (sólida granulada) para cada 2 litros de água. A ureia sólida
granulada foi adicionada a água em um reservatório de pré-mistura. Nesse
reservatório, a calda foi agitada por aproximadamente 3 a 5 minutos, até a
diluição total da mistura da ureia na calda. O produto final da diluição
resultou em uma concentração de 0,36 kg de ureia por litro de calda, resultando
em 0,16 kg de N por litro a partir da composição da ureia com 45% de
Nitrogênio. Após o processo de diluição, o produto foi transferido para o
pulverizador montado nos três pontos de engate do trator. No conjunto, os
testes foram conduzidos para o levantamento da vazão através das pontas dos
pingentes e o coeficiente de variação geral da aplicação. Para tanto, as
coletas foram realizadas com o auxílio de uma proveta (volume de aplicação) e
um cronômetro (intervalo de tempo de coletas).
Entre
os dezesseis pingentes avaliados, a vazão média foi de 1,43 L min-1
(Figura 5). A variação na vazão demonstrada pelos limites superior e inferior
de qualidade foram associadas com a perda de carga através da seção de
aplicação. Em geral, a vazão através dos pingentes foi maior no centro e menor
nas extremidades. Após a caracterização geral sobre a vazão média aplicada na
rotação de trabalho (1600 rpm), a operação foi desenvolvida na lavoura de milho
sob uma velocidade 6 km h-1. Nesta condição, a taxa de fertilizante
aplicada foi de 51 kg de N ha-1 (113 kg de ureia ha-1).
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