A ceratoconjuntivite infeciosa é uma moléstia contagiosa, cosmopolita, porém, em algumas regiões ela é sazonal (durante o verão) e ocorre em bovinos jovens e adultos. É causada por cepas diferentes de
spp. e pode cursar em ovinos e caprinos. Já foram identificados sete serogrupos diferentes desta bactéria, porém já foram identificados outros agentes infecciosos associados e presentes na infecção. A doença tem impacto econômico sobre estes rebanhos no mundo todo e caracteriza-se por conjuntivite e ceratite ulcerativa. É também conhecida pela doença do “olho rosado” e olho de New Forest (Reino Unido).
A
spp. é um diplococo, aeróbico, gram negativo, toxemico e apenas aqueles microorganismos hemolíticos na presença do pili são capazes de produzir a enfermidade, pois aderem à córnea produzindo necrose epitelial e no estroma, através de dermonecrolisinas e hemolisinas associadas com as colagenases inflamatórias. Esta bactéria vive saprofitamente no trato oculonasal dos ruminantes e sua disseminação independe de raça, sexo ou idade. Os animais jovens se infectam com maior freqüência e gravidade. Os animais que tiveram a doença desenvolvem imunidade natural que vai diminuindo a partir de 2 anos e, daí por diante, a doença pode recorrer.
As fontes de infeção são as secreções conjuntival e nasal através do contato direto ou através de moscas como vetores. Tem como fatores predisponentes: a luz ultravioleta, poeira e traumatismos em geral. Embora haja dificuldade, a doença já foi reproduzida artificialmente, mas até hoje não foi possível definir a influência genética para esta enfermidade.
Por meio de vários mecanismos, a
se torna patogênica, proliferando-se no globo ocular, liberando enzimas que lesam as células epiteliais da conjuntiva e da córnea penetrando no estroma desta última causando úlcera. Esta doença desenvolve-se rapidamente e pode prevalecer durante meses. Os sinais clínicos e sintomas são: febre, anorexia, dor, lacrimejamento, epífora, blefaroespasmo, leucoma amarelado ou esbranquiçado com úlcera de córnea bastante vascularizada. Esta úlcera pode evoluir atingindo a membrana de Descemet ou mesmo perfurando o olho. Se não houver tratamento adequado o processo pode desencadear endoftalmia. Quando tratada, esta doença deixa um leucoma cicatricial que poderá persistir por muito tempo limitando a visão do animal.
O diagnóstico é feito pela história clínica, pelos sinais e sintomas clínicos, pelo isolamento bacteriano ou através do método terapêutico, isto porque este microorganismo é sensível a alguns antibióticos. O prognóstico vai de bom a ruim, pois depende da fase da doença e dos procedimentos feitos anteriormente por técnicos ou leigos e da cooperação do paciente frente ao tratamento radical e especializado.
O protocolo de tratamento consiste:
Higiênico
Isolamento e repouso em ambiente de pouca luminosidade;
Higiene das instalações e equipamentos;
Controle de vetores (moscas).
Medicamentoso
Antibióticos – Oxitetraciclina, Cloranfenicol, e Tobramicina, em forma de colírios, durante 6 dias. Atropina colírio, durante 6 dias. Produtos anticolagenase (Lacrima colírio), durante 6 dias. Deve-se tomar cuidado com preparados que contêm corticóides, pois estas drogas pontencializam a colagenease e, com isso, dificultam a cicatrização. Portanto eles só devem ser utilizados após o teste negativo com a fluoresceína para certificar a ausência de úlcera. Mas, paradoxalmente, os produtos industriais para a Veterinária possuam esta associação, embora a literatura afirme que a córnea do bovino suporta melhor o uso do corticóide do que as outras espécies. O tratamento com antibióticos parenterais tem pouca utilidade, porém recomenda-se o uso da Tetraciclina LA (20 mg/kg), nos animais que ainda não têm úlceras de córnea, nos focos onde a doença está disseminada. Injeções subconjuntivais com Penicilinas Cristalina, Procaína e Benzatina podem ser utilizadas. Antibóticos ou bactericidas podem ser aplicados em bezerros antes da entrada do verão, para prevenir a doença onde ela é endêmica.
Cirúrgico
Às vezes é necessário se fazer flaps de pálpebras, de terceira pálpebra e de conjuntitva, ceratectomia e sutura de córnea, bem como a curetagem e curterização de úlceras crônicas.
Profilático
As vacinas comerciais contra ceratoconjuntivite na maioria das vezes são eficientes, porém podem falhar se as cepas prevalentes naquele surto forem diferentes daquelas das vacinas. A elaboração de vacinas autógenas, de amostras oculares colhidas nos animais doentes num determinado surto podem ter bons resultados. As vacinas podem ser aplicadas por via subconjuntival expondo o antígeno ao tecido linfóide associado à mucosa, permitindo maior produção de IgA protetora.
Nilo Sérgio Troncoso Chaves
UFG
Cleverson dos Santos Acipreste
Ministério da Agricultura – GO
Trabalho produzido no Mestrado em Sanidade Animal ligado ao programa de pós-graduação da Escola de Medicina Veterinária/UFG.
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