Embora quem trabalha no segmento de máquinas agrícolas tenha a tendência de “olhar para cima”, isto é, contemplar sempre as grandes propriedades, as empresas agrícolas como modelos e exemplos, não se deve esquecer que existem milhares de pequenas propriedades no Brasil. Estas pequenas propriedades nem sempre são sinônimo de pobreza e subdesenvolvimento. Em muitas delas as famílias que as administram vivem muito bem, com rendimento adequado, qualidade de vida e todos o conforto da vida contemporânea e urbana. Este é o caso do Sr. Adair Cecconi, da localidade de Santa Margarida, no interior de Bento Gonçalves no Rio Grande do Sul. Em seus parreirais, que cultiva ao lado da propriedade do pai, trabalham dois tratores Agrale 4100, que o ajudam a produzir anualmente médias superiores a 20 toneladas de uvas finas por hectare. O primeiro dos 4100 tem mais de 25 anos de uso. O “novo” é um 4100.4, que Cultivar Máquinas foi conhecer. A simplicidade e a robustez desta máquina fazem parte de sua concepção. Com um design renovado, com formas arredondadas, e incorporando a tração dianteira auxiliar, o trator marca presença onde quer que esteja trabalhando.
O motor monocilíndrico marca Agrale modelo M93 ID fornece potência máxima (NBR ISO 1585) de 10,8 kW (14,7 cv) a 2.750 rpm. O torque máximo (NBR ISO 1585) é de 3,92 daN.m (4,0 kgf.m) a 2.350 rpm. O torque moderado pode ser explicado pela construção “subquadrada” do motor, com diâmetro do pistão menor que o curso ( 90 x 105 mm). O “pequeno” tem cilindrada de 668 cm³ e razão de compressão 20 : 1.
A refrigeração é ar com turbina incorporada ao volante. Um sistema simples e confiável. A alimentação é feita através de filtro de ar seco e sistema de injeção direta Bosch.
O leitor certamente gostaria de saber o consumo deste pequeno trator. Nós também! Na falta de um Centro de Ensaios Brasileiro (ou regional) em funcionamento, não se pode ter os dados oficiais de desempenho dos tratores nacionais. Em medições não aferidas constatamos consumo variando de 0,8 a 1,5 litros por hora. 0,8 l/h em trabalhos “leves” como capina ou pulverização, e 1,5 l/h em tarefas “pesadas” como preparo do solo ou transporte de cargas. Com um tanque de combustível de 19,6 litros, pode-se projetar uma autonomia maior que um dia de trabalho. Ou como disse um agricultor: “a gente se esquece de abastecer”.
A transmissão começa numa embreagem tipo monodisco seco, Æ 180 mm. O câmbio oferece 7 marchas à frente, de 1,4 a 15,9 km/h, com 4 marchas na chamada faixa operacional, e 3 marchas à ré, de 2,1 a 8,9 km/h. Estas velocidades são referidas com rotação do motor de 2.750 rpm e pneu traseiro 8.3/8 x 24”. O bloqueio do diferencial é de acionamento mecânico por alavanca auxiliar.
O sistema hidráulico pode fazer inveja a alguns “maiores”. Impulsionado por uma bomba de engrenagens, acionada diretamente pelo motor com vazão 23,65 l/min a 2.750 rpm do motor! A pressão máxima de serviço é de 12 MPa (120 kgf/cm²).
O engate de 3 pontos, categoria Especial Agrale tem capacidade de levante de 440 kgf a 610 mm do engate.
A tomada de potência está ligada à transmissão e seu desempenho depende da marcha que estiver engatada, a referencia é com o motor a 2.750 rpm. Em marchas reduzidas e em 4ª marcha a rotação na TDP é de 1.000 rpm, apontando para uma tendência européia de duas décadas. Em marchas simples produz 1.300 rpm e em marchas à ré 1.420 rpm, com o sentido de giro invertido.
A potência máxima disponível na TDP chega a (NBR ISO 1585) 9,7 kW (13,2 cv) a 2.750 rpm do motor.
Os freios que atuam sobre as semi-árvores traseiras são tipo sapatas expansíveis e de acionamento independente ou conjugado. O freio de estacionamento é de engate manual.
A direção muito confortável é hidrostática. O painel de instrumentos é bastante simples, espartano até, e prático. Composto de horímetro, sinalizador de funções (indicadores de carga da bateria, pressão do óleo do motor, luz alta ligada, bloqueio do diferencial acionado).
O design deste trator foi sendo modernizado ao longo dos anos, com linhas curvas e harmoniosas. O capô dianteiro, bascula inteiro para operações de manutenção ou inspeção e não necessita sequer de ferramentas ou alavancas para sua abertura. Apenas a inclinação do protetor dianteiro e o capo pode ser aberto, desengatando seu único pino de fixação de um encaixe de borracha. Os pára-lamas à altura da plataforma do operador evitam acidentes e completam o bom desenho do trator. Opcionalmente pode ser fornecido um arco de segurança, mas dificilmente ele sai de fábrica com este opcional, já que sua aplicação é basicamente para parreirais.
Talvez não sejam um dos pontos mais fortes deste projeto, mas na sua concepção alguns comandos são de fácil alcance e uso. O espaço para o operador em si é estreito, fruto da pequena bitola do trator, projetado para trafegar entre as parreiras. O assento, confortável não oferece a gama de regulagens de um trator maior.
Uma pequena distância entre-eixos (1.205 mm) leva supor um pequeno raio de giro. E assim é: em giro livre 2.500 mm e raio de giro com o trator freado 2.000 mm. Esta versatilidade muito ajuda nas apertadas manobras dos pomares e parreirais.
O comprimento total do 4100 é de 2.480 mm, que aliado à largura máxima de 1.200 mm dá uma idéia da compacidade do trator. A distância entre-eixos 1.205 mm contribui para a boa manobrabilidade. A bitola dianteira é fixa em 910 mm, devido ao eixo com tração. A bitola traseira é ajustável de 863 mm a 976 mm. Pode não parecer muito, mas é a difrença entre entrar ou não em culturas adensadas, ou para tratos culturais em olericultura. Os rodados dianteiros são aro 12” (Pneu : 6.5/80-12”) e os traseiros aro 24” (Pneu : 8.3/8 x 24”) embora haja algumas opções de dimensão.
Um ponto crítico é o pequeno vão livre no eixo dianteiro, de 290 mm.
O peso de embarque é de 1.060 kg, e em ordem de marcha com lastro 1.260 kg, dando uma relação peso-potência similar aos tratores de maior porte. Portanto, um bom desempenho de tração pode ser esperado.
Um trator valente, robusto, que cumpre o que se propõe: atender aos pequenos e médios produtores. Econômico, com possibilidades comprovadas de durabilidade, baixo custo operacional e fácil manutenção. São cerca de 25.000 unidades no campo, em toda a história de três décadas do modelo. Com sobrevida longa, pelo que pudemos ver e sentir.
O Agrale 4100.4 custa R$ 30.390,00, podendo ser financiado pelo Finame e Pronaf. AD
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