Sem fazer alarde, aos poucos, a fruticultura brasileira vai ganhando espaço no mercado mundial. Estatísticas recentes evidenciam a evolução da fruticultura nas exportações com tendências otimistas após o reconhecimento de que a parceria publica-privada está sendo fundamental para a alavancagem da fruticultura brasileira no cenário internacional.
No conjunto das exportações da fruticultura nacional, o crescimento na captação de divisas originadas pelo maior embarque de frutas frescas, nozes e castanhas vem, inclusive, compensando a estabilidade ou eventuais retrações sentidas nos valores obtidos com as exportações de sucos de frutas, principalmente o de laranja. Este, por bom tempo, representou a fruticultura brasileira no cenário internacional com exportações que carrearam divisas superiores a US$ 1 bilhão.
As tabelas 1 e 2 mostram o que vem ocorrendo com a geração de divisas e volumes exportados com sucos.
A Tabela 1, para um horizonte de 5 anos (1999 a 2003), pós-desvalorização do Real, vem mostrando que tem sido necessário exportar maiores volumes e quantidades de sucos para se obter um valor próximo ao de anos atrás. Em 1999, por exemplo, captou-se US$ 1,290 bilhão (o maior valor nos últimos 5 anos), embarcando 1,221 milhão de toneladas, ao preço médio de US$ 1.056/t, enquanto em 2003, obteve-se valor menor de US$ 1,249 bilhão para um volume exportado de 1,653 milhão t e um preço médio bem ao obtido em 1999 (US$ 756/t).
A Tabela 2, especificada por tipo de suco exportado, mostra que os embarques de suco dependem quase que, exclusivamente, do suco concentrado de laranja. Como, a partir de 1999, o preço médio deste suco se retraiu para aquém de US$ 1.000/t, divisas carreadas com as exportações de sucos reduziram-se chegando ao menor patamar em 2001, quando se alcançou US$ 880 milhões.
Observa-se que o suco de laranja representou 95,0% e 95,5% das divisas carreadas com as vendas externas de sucos em 2002 e 2003, respectivamente. Exceção feita aos sucos de abacaxi, grapefruit (amora) e misturas de sucos, que apresentaram preços médios maiores em 2003 no comparativo com 2002, mas com exportações reduzidas, os demais na pauta de exportação (laranja, maçãs, uvas e outros cítricos) sofreram reduções em seus preços médios em 2003.
Por sua vez, as exportações de frutas frescas, nozes e castanhas vem evoluindo, ano após ano. A Tabela 3
, em que se tem o valor carreado e o volume de exportações de frutas frescas, nozes e castanhas para o período 1999-2003, mostra um incremento de 55,7% em divisas e 87,6% no volume exportado entre 1999 e 2003. Esta diferença entre o aumento no volume exportado e o aumento no valor carreado com divisas se deveu ao menor preço médio/t obtido em 2003 (US$ 576,77/t), 17% menor em relação ao obtido em 1999 (US$ 695,13/t). Porém, importante nesta analise é a evolução temporal que vem ocorrendo na captação de divisas e maior quantidade de frutas brasileiras embarcadas para o exterior.
Este crescimento vem se realizando através da fruticultura tropical, principalmente mangas, goiabas, uvas frescas, melões e mamões. A Tabela 4 mostra as principais frutas frescas exportadas evidenciando as mangas (principalmente) e as goiabas (nas estatísticas de exportações não são separadas) que carrearam 22% (US$ 75,7 milhões) do total de divisas obtidas com frutas frescas (US$ 345,6 milhões) em 2003. Destacaram-se, ainda, as uvas frescas (representaram 17,3% do total, com um valor exportado de US$ 59,9 milhões) e os melões (representaram 16,9%, com um valor exportado de US$ 58,3 milhões), que juntos com as mangas e goiabas corresponderam a 56% das divisas carreadas com as exportações totais de frutas frescas. Verifica-se também que estas frutas, juntamente com as maçãs, os cítricos (limões, limas, laranjas, tangerinas, mandarinas) e melancias apresentaram preços médios de exportações mais elevados em 2003 em relação à 2002. Mamão papaia e bananas mostraram retração nos preços médios em 2003.
A Tabela 4 revela ainda o desempenho em termos de divisas e volumes de exportações das castanhas e nozes mostrando a significativa participação da castanha de caju que foi responsável por 90,6% (US$ 143,8 milhões em US$ 158,7 milhões) dos valores alcançados com as exportações totais de nozes e castanhas em 2003 e 87,0% (US$ 105,1 milhões em US$ 120,8 milhões) em 2002. Este segmento (nozes e castanhas) evoluiu 31,3% em termos de valor de exportações (US$ 120,8 milhões em 2002 para US$ 158,7 milhões em 2003). Caso o preço médio de exportação da castanha de caju não fosse menor em 2003 (US$ 3.458/t) em relação a 2002 (US$ 3.491/t), o saldo das exportações com nozes e castanhas teria sido ainda maior.
As perspectivas que se anunciam para a fruticultura brasileira nas exportações brasileiras são alvissareiras e promissoras, principalmente para as frutas frescas.
No caso dos sucos as recuperações das produções da Flórida e do Estado de São Paulo com maiores ofertas, pressionam os preços para baixo; ademais, as campanhas nutricionais contrárias ao seu consumo e a concorrência de outros sucos com menores teores de carboidratos vêm provocando queda no consumo de suco concentrado de laranja no EUA, que apresenta o maior consumo per capita. A partir de 2001, houve uma queda no consumo de suco concentrado de laranja ao redor de 3%. Pesquisa recente, encomendada pelo Depto. de Citros da Florida junto a A. C. Nielsen Co., revelou que 26% dos americanos diminuiu o consumo de suco concentrado de laranja, sendo que 35% desses consumidores apontaram como principal causa o modismo das dietas de baixo consumo de carboidratos como a de South Beach. Parceria entre produtores de sucos de laranja na Flórida e São Paulo realizará investimentos em campanha conjunta de marketing que buscarão incentivar o consumo de suco de laranja mostrando a importância dos valores nutricionais da laranja para a saúde como a ajuda na prevenção de câncer, doenças do coração, melhoria do sistema imunológico, comprovadas em pesquisas cientificas, bem como desmistificar a idéia de que os carboidratos existentes no suco contribuem para uma dieta pouco saudável. Visam, ainda, o lançamento de suco light com metade das calorias atuais.
No caso das frutas frescas, diversas regiões brasileiras vêm comprovando competência para competir e colocar seus produtos no mundo atendendo as exigências, gostos e preferências dos consumidores bem como as condições impostas de controle fitossanitário de qualidade e segurança alimentar. Para tanto, a parceria publica-privada vêm estabelecendo, em diversos mercados, estratégias mais agressivas de marketing e promoção da fruticultura brasileira.
e
Esalq/Usp
* Confira este artigo, com fotos e tabelas, em formato PDF. Basta clicar no link abaixo:
Newsletter Cultivar
Receba por e-mail as últimas notícias sobre agricultura
Newsletter Cultivar
Receba por e-mail as últimas notícias sobre agricultura