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Quando o operador aumenta a velocidade de deslocamento da colhedora de algodão, acaba consequentemente aumentando a possibilidade de deixar produto na lavoura.
A cultura do algodão é uma das espécies vegetais mais cultivadas no mundo e atualmente é produzida em mais de 60 países, dando destaque para China, Índia, Estados Unidos, Paquistão e Brasil, que são os maiores produtores, respectivamente. O Brasil é o terceiro país exportador e o primeiro em produtividade do algodão em sequeiro. A demanda interna também é promissora, sendo o quinto maior consumidor de algodão do mundo (Abrapa, 2012).
No levantamento realizado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab, 2016) para a safra 2016/17, a área cultivada com algodão no Brasil é de mais de 950 mil hectares e aponta para a redução na área plantada de 2,5% na temporada 2015/16, quando comparado com o exercício anterior.
O estado de Mato Grosso é o maior produtor brasileiro de algodão, responsável por 57,6% da produção da espécie em caroço na safra 2015/16, onde a maioria dos cotonicultores realiza o plantio do algodão de segunda safra, devido aos altos volumes de chuvas verificados no período de semeadura do algodão primeira safra (Conab, 2015).
Segundo o sexto levantamento da Conab (2016), no Mato Grosso o algodão registrará incremento na área plantada neste ano, atingindo 2,7% em relação à temporada passada, impulsionado pelo incremento do plantio, na região oeste do estado. A expectativa de produtividade ficará dentro da média histórica de 4.100kg/ha para o algodão de ciclo longo (primeira safra) e 3.951kg/ha para o adensado (segunda safra).
O custo de produção da cultura do algodão aumenta a cada ano devido aos elevados custos de insumos e à utilização de cultivares de ciclo tardio, os quais exigem tratos culturais por períodos superiores a 200 dias em muitos casos. Uma alternativa para evitar o aumento no custo da produção seria a utilização de sementes de alta tecnologia, que podem aumentar em torno de 50% a produtividade, e a redução das perdas durante a colheita mecanizada (Ferreira, 2007).
Uma etapa de muita importância dentro do processo produtivo do algodão é a colheita e, quando realizada de forma inadequada, pode acarretar prejuízos quantitativos e qualitativos no produto final (Eleutério, 2001).
O algodoeiro possui crescimento indeterminado, e dependendo do ambiente e do manejo adotado podem ser obtidas plantas com arquitetura que favoreçam a colheita, aumentando a produtividade (Oosterhuis, 1999). Ainda de acordo com o autor, outros fatores podem influenciar nas perdas durante a colheita, como ponto de maturação, condições de colheita, regulagens de máquinas, velocidade de colheita, porte da planta, tipo de máquina, tipo de solo, variedade e fatores climáticos. Segundo Vieira et al (2001) a máxima perda aceitável na colheita do algodão é de 10%, tendo como faixa ideal entre 6% e 8%.
Durante a colheita mecanizada ocorrem perdas quantitativas na ordem de 15% a 17%, enquanto que na colheita manual estas perdas não passam, em média, de 5%. Em se tratando de perdas qualitativas, a colheita mecanizada chega a 35%, e a manual 5% (Embrapa, 2006).
Para avaliar as perdas no sistema de colheita mecanizada, um grupo de pesquisadores da Universidade Federal do Mato Grosso realizou trabalho com o objetivo de diagnosticar as perdas na colheita de algodão em função da velocidade de deslocamento da colhedora nas safras de 2012/2013 e 2013/2014.
O experimento foi conduzido nas safras 2012/13 e 2013/2014, no campo de produção da Fazenda Aeroporto, localizada no município de Sinop (MT). A classificação de Köppen para a região é de clima do tipo Aw, tropical de savana, propriamente dito, com chuvas de verão e inverno seco, caracterizado por temperaturas médias de 24°C, com pluviosidade média anual de 2.500mm.
A avaliação das perdas na colheita mecanizada do algodoeiro ocorreu nos meses de julho de 2013 e julho de 2014, com uma colhedora de algodão da marca John Deere, modelo 9996, com 257,43kW (350cv) de potência no motor, plataforma com seis linhas de unidade de colheita, e que utilizava o sistema de colheita picker. As velocidades de deslocamento da máquina avaliada foram duas, 1,14m/s e 1,36m/s (4,1km/h e 4,9km/h) e as variedades cultivadas foram a FM 951LL e FM 975WS, semeadas a um espaçamento de 0,73m e 0,76m, respectivamente.
As cultivares FM 951LL e FM 975WS pertencem à Bayer Cropscience, de ciclo intermediário a tardio, variando de 150 a 190 dias, com porte de planta médio/alto e possui rendimento de fibra de 39% a 40% (Bayer Cropscience, 2014).
Para estimar as variáveis foi utilizado um gabarito de 0,5 metro de largura e 3,8 metros de comprimento. Foi selecionado um talhão que represente a propriedade como um todo, neste talhão foi realizada a amostragem de plantas contidas dentro do gabarito, em cinco pontos aleatórios.
A amostragem para levantamento das perdas foi dividida em duas etapas, a primeira consistiu na coleta de dados referentes à estimativa de Perdas Pré-Colheita (PPC), antes da colheita mecanizada, e a segunda etapa foi realizada após a colheita mecanizada através da coleta de dados das estimativas das Perdas Totais (PT).
Para a determinação das perdas pré-colheita coletou-se manualmente todo o material que estava caído sobre o solo dentro do gabarito. Para a determinação das perdas totais coletou-se manualmente todo o material que estava dentro do mesmo gabarito utilizado na determinação das perdas de pré-colheita e que ficou no solo e na planta após a passagem da colhedora.
Para a determinação da produtividade foram coletados manualmente todos os capulhos presentes em todas as plantas contidas no espaço delimitado pelo gabarito, antes da passagem da colhedora, ou seja, sem perdas pós-colheita, representando, dessa forma, a produtividade máxima.
O material devidamente identificado ao chegar ao laboratório passou por um processo de limpeza, foi pesado e realizada a determinação da umidade das amostras. A umidade foi determinada pelo método gravimétrico, sendo que as amostras foram retiradas para este fim, pesadas úmidas e levadas à secagem em estufa de ar forçado, a 70ºC, até peso constante (Ferronato et al, 2003).
Foi utilizado o método de amostragem simples ao acaso (Vale et al, 2009) para poder inferir na população, acerca das variáveis estudadas. Os tratamentos foram compostos por duas velocidades de deslocamento: 1,14m/s e 1,36m/s (4,1km/h e 4,9km/h). Para cada tratamento foram utilizadas 16 repetições, totalizando 48 parcelas experimentais. A área total utilizada no experimento foi de 2,94ha, em cada avaliação. Os resultados obtidos das perdas foram submetidos à análise de variância com aplicações do teste “F” e as médias foram comparadas pelo teste de Tukey ao nível de significância de 5% de probabilidade, utilizando-se o aplicativo estatístico Saeg 9.0 (Ribeiro Júnior, 2001).
Os resultados de produtividade do algodão em caroço foram oriundos da colheita manual realizada em cada parcela, antes da passagem da colhedora. O teor médio de água no algodão em caroço na ocasião da colheita foi de 6,8% e 7,9%, nas safras 2012/2013 e 2013/2014, respectivamente. (Figura 1)
Os valores de produtividade diferiram significativamente entre as cultivares. A cultivar FM 951LL teve uma produtiva maior que a FM 975WS.
Comparando numericamente a produtividade dessas duas safras com a média do estado de Mato Grosso na safra 2012/13, apresentada pela Conab (2014), nota-se que a propriedade apresentou produtividade real superior à média do estado, que foi de 3.915kg/ha na safra 2012/13. Já na safra 2013/2014, apresenta uma produtividade abaixo da média do estado, que foi de 3.934kg/ha (Conab, 2015).
Na ocasião da colheita manual para obtenção da produtividade, avaliaram-se as perdas na pré-colheita (Figuras 2A e 2B).
Na safra 2012/2013 a perda na pré-colheita foi maior, porém, não foi relevante para afetar negativamente os índices de produtividade real da cultura.
As perdas na pré-colheita encontradas nas safras 2012/2013 e 2013/2014 (Figura 2B) estão de acordo com os resultados encontrados por Belot et al (2002) para o estado de Mato Grosso, que se situa entre 0,50% e 4,79%.
A perda total aumentou com o aumento da velocidade de deslocamento, observando diferenças estatísticas entre as velocidades nas duas safras (Figuras 3A e 3B).
Na safra 2012/2013, com o aumento da velocidade de 4,1km/h para e 4,9km/h, obteve-se acréscimo de 12,11% na perda total. Na safra 2013/2014 o aumento da velocidade de 4,1km/h para 4,9km/h proporcionou acréscimo de 19,23% nas perdas. Em pontos percentuais, a perda total foi maior na safra 2013/2014 em função da velocidade de colheita.
Os elevados índices de perdas (11,9%), provavelmente, foram inerentes de regulagens inadequadas dos mecanismos colhedores e desfibradores ou das placas de compressão das plantas sobre os tambores de colheita, as quais devem ser verificadas e ajustadas de forma que os fusos colham o máximo de algodão em caroço.
Com base nos dados obtidos em campo é possível afirmar que a maior velocidade proporcionou maior perda total. Ainda assim, as perdas totais encontradas neste trabalho situam-se dentro do limite considerado como aceitável para a colheita mecanizada de algodão.
Gabriela de Faria Veiga Viotto, Welington Gonzaga do Vale, Diego Augusto Fiorese, Solenir Ruffato, Geraldo do Amaral Gravina, Adailton Nogueira da Silva Júnior, UFMT
Artigo publicado na edição 169 da Cultivar Máquinas
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