Economia de combustível em pulverização
Benefícios da otimização do consumo de combustível e distribuição em pulverizador tratorizado
Praga com poder para causar prejuízos sérios em cafezais a broca-do-café Hypothenemus hampei tem se comportado de modo dinâmico ao longo dos anos no Brasil, ao mesmo tempo em que as medidas de combate ao inseto se aprimoram com novas estratégias, ferramentas e tecnologias.
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A broca-do-café, Hypothenemus hampei (Ferrari, 1867) (Coleoptera: Curculionidae, Scolytinae) é considerada a segunda praga em importância do cafeeiro Coffea spp. na maioria das regiões cafeeiras do Brasil. Conhecida no país desde 1922, até 1970 era considerada a principal praga. Depois passou a ser a segunda ou até terceira em importância, com exceção da Zona da Mata de Minas Gerais, estados do Espírito Santo e Rondônia. Ainda, lavouras muito próximas às grandes represas e cafezais irrigados, devido à alta umidade e temperatura, proporcionam condições ideais para o desenvolvimento e sobrevivência do inseto na entressafra. A fêmea adulta é um pequeno besouro de cor preta, luzidia, medindo aproximadamente 1,7 mm de comprimento por 0,7 mm de largura.
O macho, menor, tem aproximadamente 1,2 mm de comprimento por 0,5 mm de largura, não voa por ter as posteriores atrofiadas. Permanece sempre dentro dos frutos onde realiza a fecundação das fêmeas.
A fêmea perfura o fruto, desde verde (chumbão) até maduro (cereja) ou quase seco (passa), geralmente na região da coroa, cavando uma galeria com cerca de 1 mm de diâmetro até atingir a semente.
No ciclo evolutivo da broca o desenvolvimento do macho é mais rápido (dois instares larvais) que o desenvolvimento da fêmea (três instares larvais).
Os danos são causados pelas larvas que vivem no interior da semente de café, onde se alimentam, causando a queda de frutos, redução do peso dos grãos (prejuízo quantitativo) e redução da qualidade do café por meio da alteração no tipo e às vezes da bebida (prejuízo qualitativo). Geralmente uma só semente é atacada e raramente as duas, podendo, portanto, a destruição do fruto ser parcial ou total.
Inicialmente o prejuízo se dá com a queda de frutos (chumbinhos). Para Coffea arabica L. já foi constatado que a broca aumenta a porcentagem de queda natural da ordem de 8% a 13% e para Coffea canephora Pierre & Froehner (‘Conillon’) é responsável por uma queda de frutos da ordem de 46%, por ser essa cultivar mais suscetível. Os frutos broqueados que não caem sofrem redução de peso, que pode chegar a 21% ou 12,6 kg por saco de 60 kg de café beneficiado. A qualidade do café é alterada diretamente pelo ataque da broca, passando do tipo 2 ao tipo 7 somente com o aumento da infestação, pois 2 a 5 grãos broqueados constituem um defeito. As perdas aumentam durante a operação de descascamento devido à fragilidade que o grão atacado apresenta, sendo quebrado e descartado com a ventilação da máquina de descascar.
Os danos provocados pela broca começam quando a infestação atinge 7% a 10% nos frutos da maior florada (Figura 2). A qualidade da bebida do café não é diretamente influenciada pelo ataque da broca, mas indiretamente pela facilidade que os danos proporcionam à penetração de micro-organismos, como fungos dos gêneros Fusarium e Penicillium, que estão relacionados com a alteração da qualidade da bebida do café.
Para que o controle seja iniciado em época correta, devem ser efetuadas amostragens periódicas dos frutos, nos diversos talhões da lavoura, começando pelas partes mais baixas e úmidas.
O monitoramento da broca deve ser iniciado na época de “transito” do inseto, aproximadamente três meses após a grande florada (outubro), quando forem observados nas rosetas os primeiros frutos broqueados, e realizado até abril. Nessa época de “trânsito” as fêmeas adultas do inseto abandonam os frutos remanescentes da safra anterior, onde se criaram, voam e perfuram frutos verdes desenvolvidos (chumbões) da safra seguinte.
O controle cultural talvez seja o mais eficiente método de controle. Os cafezais devem ser plantados em espaçamentos que permitam um maior arejamento e penetração de luz a fim de propiciar baixa umidade do ar em seu interior, condição que é desfavorável à praga, além de permitir a circulação de pulverizadores acoplados a tratores.
Mais importante ainda como um método cultural é a colheita do café, que deve ser muito bem feita, devendo ser evitado que fiquem frutos nas plantas e no chão, nos quais a broca poderá sobreviver na entressafra (frutos remanescentes), principalmente se a entressafra for chuvosa. Após a colheita, caso tenham ficado muitos grãos nas plantas e no chão, é recomendável fazer o repasse ou catação dos frutos remanescentes da colheita.
Estudo realizado C. canephora cv. Conillon, no Espírito Santo, mostrou que, cinco meses após a colheita, cerca 72% dos frutos remanescentes estavam atacados pela broca, e em Rondônia perto de 76%. Esses dados evidenciam a importância da colheita bem feita e do repasse, principalmente em lavouras não mecanizadas, onde as pulverizações são difíceis de serem realizadas.
A colheita deve ser sempre iniciada nos talhões mais infestados, a fim de que sejam evitados maiores prejuízos, pois a broca apresenta grande capacidade de reprodução e, em anos de alta infestação, os últimos talhões a serem colhidos apresentarão, sem dúvida, maiores populações de broca e consequentemente maiores prejuízos.
Apesar de existirem outras formas de controle biológico, uma delas reside no emprego do fungo entomopatogênico Beauveria bassiana (Bals. - Criv.) Vuill. Já constatado no Brasil, este fungo vem sendo desenvolvido por meio de pesquisas, porém ainda sem uma perspectiva de uso eficiente como único agente de controle.
O tempo nublado e alta umidade relativa (mínimo de 80%) são condições que favorecem a infecção da broca por B. bassiana. Essas condições, ideais para o fungo, nem sempre são encontradas em cafezais com espaçamento convencional, o que provavelmente torna os adensados, sombreados ou arborizados, como promissores ao controle da broca com o uso de fungos entomopatogênicos.
Produtos comerciais contendo o fungo B. bassiana como ingrediente estão relacionados na Tabela 1.
O controle químico é considerado eficiente e rápido em espaçamentos que permitam o uso de pulverizadores acoplados a tratores, ao contrário da cafeicultura adensada e/ou sombreada.
A tática do controle químico muitas vezes é a única disponível para manter a praga abaixo do nível de controle (NC) que é de 3% a 5% de frutos broqueados, se possível ainda naqueles frutos em que a broca não tenha alcançado a semente, onde será morta por contato ou ingestão com o inseticida aplicado, antes que coloque ovos.
Como o ataque não se distribui uniformemente em uma lavoura recomenda-se o controle apenas nos talhões cuja infestação já atingiu o NC. Portanto na maioria das vezes, o controle não é feito em toda a lavoura, mas, limitando-se a alguns talhões. Em lavouras irrigadas, o controle químico pode ser necessário na maioria dos talhões.
Os ingredientes ativos e produtos comerciais com registro no Brasil para uso em cafeeiro no controle da broca-do-café encontram-se relacionados na Tabela 1.
Diversas moléculas em teste para o controle da broca-do-café vem se destacando nas diversas regiões cafeeiras do Brasil, algumas em misturas, como os princípios ativos metaflumizone (Verismo, Basf), ethiprole (Curbix - Bayer), ethiprole + imidacloprid (Bayer), bifenthrin + acetamiprid (UPL 183 FP BR - UPL/United Phosphorus Limited), imidacloprid + bifenthrin (Galil - Adama), indoxacarb + novaluron (Plethora - Adama), já com resultados promissores para o controle da broca-do-café no Brasil.
Paulo Rebelles Reis, Epamig Sul de Minas/EcoCentro
Artigo publicado na edição 211 da Cultivar Grandes Culturas.
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