Entre as pragas de solo, que muitas vezes passam despercebidas, mas que prejudicam diretamente o stand e por conseqüência, a produtividade, está a lagarta elasmo ou broca do colo, uma velha conhecida dos produtores de milho dado ao sintoma típico que ela provoca, o “coração morto”.
A lagarta elasmo (
- Zeller, 1848) descrita pela primeira vez com material originário do Brasil e Uruguai, é uma mariposa de aproximadamente 20 mm de envergadura, de coloração cinza claro (machos) e cinza escuro (fêmeas), confundindo-se com restos culturais quando pousada no solo. Os ovos são depositados nas folhas ou junto ao solo em número de 100 a 130 por fêmea. As lagartas, muito ágeis quando tocadas, têm coloração verde-azulada, cabeça pequena e escura, e entre 15 a 20 mm quando desenvolvidas. Inicialmente alimentam-se de folhas para em seguida atacar o colmo na região do colo, pouco abaixo do nível do solo. Cavam galerias em direção ao centro, provocando o seccionamento das folhas centrais que, em conse-qüência secam e dão origem ao “coração morto”, de forma que esta folha apical é removida com facilidade. Junto ao orifício de entrada, as larvas tecem casulos de fios de seda cobertos com partículas de terra e excrementos semelhantes a pequenos torrões. À noite alimentam-se no interior da galeria e durante o dia permanecem no abrigo fora da planta, onde também passam a fase de pupa. O ciclo biológico da lagarta elasmo completa-se em 25 dias em solo seco e sob temperatura elevada, podendo levar até dois meses em solo úmido.
A maior intensidade de ataque desta praga está relacionada a períodos de estiagem, com temperaturas elevadas e baixa umidade do solo. A combinação desses fatores acelera o ciclo biológico do inseto e aumenta sua voracidade ao mesmo tempo em que prejudica a reação da planta aos danos. Ataques mais severos ocorrem quando a praga já estava presente na lavoura no momento da semeadura, podendo acarretar na necessidade de replantio. Já em situações nas quais as larvas são originárias de posturas feitas no próprio milho na fase de germinação, os danos são menores, mas podem chegar a 30% no caso de pe-ríodos prolongados de seca. No sul do Brasil, em condições normais de clima, a lagarta elasmo só causa problemas se o milho for semeado na presença da larva.
Inúmeras plantas cultivadas e daninhas são hospedeiras deste inseto. Entre as plantas cultivadas estão a cana, arroz, sorgo, soja, amendoim, feijão e alfafa; entre as plantas daninhas cita-se as gramíneas e tiriricas. Em áreas de plantio direto as populações são menores, provavelmente pela presença de palha, que impede o aquecimento excessivo do solo e retêm mais umidade. Se houver esti-agem prolongada os danos também ocorrem. Esta praga costuma ser problema até as plantas atingirem 30 cm de altura.
A lagarta elasmo é de difícil controle, já que sua maior ocorrência está associada a períodos secos, o que, via de regra, prejudica a ação dos inseticidas e o desenvolvimento das plantas. Os melhores resultados, no entanto, são obtidos com o tratamento preventivo das sementes, dentre eles com carbofuram (Furazin e Furadan TS), que além de proteger melhor a plântula nesta fase inicial, é mais seletivo a inimigos naturais em comparação à aplicação aérea curativa.
Está se iniciando no momento o plantio da safrinha do milho, que costuma apresentar sérios problemas com esta praga, dependendo das condições climáticas. A combinação de práticas culturais como manejo de plantas hospedeiras - para evitar a presença da praga na germinação da cultura, aliada a um bom tratamento de sementes com inseticidas - que custam pouco mais que um saco de milho por hectare - auxiliam tanto no controle da lagarta elasmo como em outras pragas iniciais de solo e podem ser a chave do sucesso para a garantia de um bom stand inicial e a possibilidade de bons resultados.
Florindo Orsi Júnior
FMC
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