O campo de desafios e oportunidades para o segmento de formulações agrícolas no Brasil

Por Henrique Alves, gerente de marketing de soluções agrícolas da Dow

22.09.2023 | 13:59 (UTC -3)

Mercado em ascensão no Brasil, estimativas realizadas pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, em parceria com a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) apontam que o PIB do agronegócio brasileiro pode alcançar R$ 2,65 trilhões em 2023, registrando um aumento de 35% na comparação com 2022.

Em meio a esse prognóstico otimista, o cenário de crescimento projetado para o segmento de adjuvantes agrícolas também segue animador.

Dados da consultoria MarketsandMarkets, inclusive, preveem que o mercado global de adjuvantes agrícolas crescerá de US$ 3,8 bilhões em 2023 para US$ 4,8 bilhões até 2028, com um CAGR (isto é, taxa de crescimento anual composta) de 4,7% durante o período de previsão. E ao fazermos um recorte para América Latina, o potencial de evolução do segmento de adjuvantes não é diferente.

De acordo com estudo da Market Data Forecast, a estimativa de expansão do setor no continente sul-americano é de um CAGR de 5,11%, que pode chegar a US$ 1,2 bilhão em 2026. Isso, impulsionado por aumentos significativos em soluções cada dia mais capazes de otimizar o desempenho das culturas, maximizar a eficiência na proteção de cultivos, reduzir custos e minimizar os impactos ambientais.

Diante desses dados, se a demanda por soluções para formulações agrícolas aponta em direção ao crescimento, o investimento no desenvolvimento de tecnologias de alta performance, como super umectantes, penetrantes e antiespumantes que promovem maior proteção à lavoura, reduzindo o consumo de água, melhorando a absorção dos nutrientes e aumentando a eficiência no controle de pragas e doenças, segue no mesmo caminho.

Neste sentido, alguns exemplos de soluções que estamos desenvolvendo na Dow e que vêm ganhando espaço no mercado são combinações de componentes especiais que provêm maior eficiência durante a aplicação no campo, conferindo propriedades importantes, tais quais melhor espalhamento, cobertura, penetração e compatibilidade em tanque, com foco no desenvolvimento de novas ferramentas específicas para adjuvantes.

Somado a isso, outras duas soluções em destaque no segmento são as utilizadas para redução de deriva via drones com adjuvantes em aplicações aéreas, e os adjuvantes ativadores, que influenciam as propriedades físico-químicas da calda de pulverização, incluindo tensão superficial, volatilidade e solubilidade.

Resultado direto do aumento de pesquisas voltadas ao desenvolvimento de soluções cada vez mais inovadoras, fato é que apesar da crescente demanda do mercado, o segmento de adjuvantes também enfrenta desafios significativos no Brasil, que vão além da formulação química.

Entre eles, destaco:

Regulamentação e Certificação

Desde que o MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) suspendeu a necessidade de registro dos adjuvantes em 2017, o mercado carece de recomendações precisas e confiáveis, que estabeleçam padrões e normas específicas às soluções e funcionalidades desenvolvidas, tal qual acontece no CPDA (sigla em inglês para Conselho de Produtores e Distribuidores de Agrotecnologia) nos Estados Unidos.

Enquanto tal temática segue em discussão, uma das alternativas encontradas pelo mercado vem sendo a busca por selos e certificações de qualidade, como as oferecidas pelo Programa Adjuvantes da Pulverização do IAC (Instituto Agronômico).

Personalização e Eficiência

Como cada sistema de cultivo possui demandas singulares, hoje mais do que nunca as soluções ofertadas precisam dispor de abordagens personalizadas para desenvolver adjuvantes que otimizem a eficiência dos defensivos agrícolas, maximizando os resultados nas lavouras por meio de produtos adaptáveis para diferentes necessidades.

Aqui, o papel da Indústria na pesquisa e desenvolvimento de formulações que aumentem o desempenho dos defensivos agrícolas, potencializando sua eficácia, cobertura e retenção, torna-se imperativo para a aplicação de soluções cada vez mais tecnológicas e sustentáveis.

Agenda ESG

Por falar em soluções sustentáveis, o setor de adjuvantes também deve firmar um compromisso com a forte colaboração e inovação nas intersecções da química, biologia e física, atuando para conduzir conversas francas sobre a segurança dos produtos e desenvolver soluções alinhadas aos que os clientes demandam e o planeta necessita.

Norteados pelas nossas Metas de Materiais Seguros para um Planeta Sustentável para 2025, na Dow, por exemplo, estamos comprometidos em demonstrar o valor da química e da ciência dos materiais em prol de melhorar a forma como o mundo entende e considera a ciência na tomada de decisões para maximizar benefícios não só para as empresas, como para a sociedade.

Para isso, estamos habilitando uma economia circular e mais sustentável por meio da ciência dos materiais. Nosso objetivo é fornecer insumos com menor pegada de carbono em nível regional, o que exigirá a implementação de diferentes estratégias de descarbonização em cada localidade na qual atuamos.

Ainda guiados pelas boas práticas previstas pela agenda ESG (sigla em inglês para Ambiental, Social e Governança), temos investido no desempenho dos surfactantes Tergitol 15-S, excelentes candidatos para uso em produtos “verdes” por serem facilmente biodegradáveis, conforme determinado pelo teste OECD 301, e também apresentarem baixa toxicidade aquática.

Atualmente, já é possível optarmos por componentes alternativos, que reduzam o impacto ambiental e, ao mesmo tempo, mantenham as propriedades e características necessárias para formulações de alta performance, auxiliando na redução de dose, redução do uso de água, perdas no momento da aplicação, entre outras, fundamentais para minimizar possíveis impactos ambientais.

Prova disso é o amplo investimento que estamos realizando em pesquisas e desenvolvimento de insumos biológicos, uma tendência global no segmento agrícola voltada à formulação de biopesticidas e soluções cada vez mais sustentáveis e de excelente desempenho.

Afinal, somente ponderando oportunidades e desafios inerentes a cada etapa do manejo no agronegócio, conseguiremos contribuir para construção de um segmento ainda mais moderno, inovador e responsável, em consonância com as principais demandas sociais, ecológicas e de mercado.

Por Henrique Alves, gerente de marketing de soluções agrícolas da Dow

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