Cigarrinha: 5 dicas para o controle e manejo desta praga
Por Fabrício Pacheco, gerente de Produtos da Adama
Cada cultura possui uma necessidade de espaço e luz para crescer e se desenvolver. Por isso a densidade de sementes é um item que deve ser observado com cuidado na hora do plantio, momento em que as semeadoras devem estar com manutenção em dia e bem reguladas.
A densidade ótima de plantas é determinada pelas exigências de cada espécie e por fatores ambientais que influenciam diretamente no desenvolvimento das plantas e, consequentemente, na produtividade final da lavoura. Sabe-se que as culturas apresentam respostas diferentes à variação na população de plantas. Alguns autores afirmam que a cultura da soja, por exemplo, suporta variações de até 15% na densidade de semeadura, sem afetar o rendimento. Por outro lado, estudos mostram que a desuniformidade na distribuição espacial de plantas pode resultar em perdas de até 15% ou mais na cultura do milho; 35% ou mais na cultura do girassol e 10% ou mais na cultura da soja.
Desta forma, pode-se afirmar que a operação de semeadura é considerada a principal operação de qualquer cultivo agrícola. A produtividade das lavouras está na dependência direta da qualidade da semeadura. É durante o plantio que se define o patamar de produtividade que se poderá esperar para aquela lavoura que está sendo implantada.
Neste contexto, as semeadoras representam um importante papel dentro do processo de produção, pois a produtividade de uma cultura é afetada de modo significativo pelo estande de plantas, principalmente pela variação da uniformidade de distribuição de sementes na linha de semeadura.
Um dos aspectos fundamentais para a maximização da produtividade diz respeito ao número de plantas a serem utilizadas e a sua distribuição na área. Essa definição da população de plantas tem sido estudada pela pesquisa e é dependente da interação entre a cultivar utilizada e as condições de cultivo. Atualmente, as recomendações específicas das empresas detentoras das cultivares já indicam o número de plantas a serem utilizadas por área para cada uma de suas cultivares e para as diferentes regiões onde são indicadas.
Em lavouras altamente produtivas, as plantas encontram-se submetidas a elevado grau de competição, pelos recursos de crescimento, que normalmente encontram-se disponíveis em quantidade limitada, e, por isso, são insuficientes para atender a demanda combinada de todas as plantas da lavoura. Os fatores pelos quais as plantas podem competir são: água, luz, nutrientes, oxigênio e dióxido de carbono. Dessa forma, a posição que a planta encontra-se relativamente às outras dentro da lavoura afeta o grau de competição a que a mesma estará submetida e, assim, da capacidade de suprimento daquele recurso limitante. Dessa forma, as plantas que se encontram mais próximas umas das outras estarão sujeitas a um maior grau de competição pelos recursos de crescimento. Quanto maior o grau competição que uma planta estiver sujeita, menor será o rendimento de grãos dessa planta.
As culturas apresentam certo grau de plasticidade ou de tolerância para a variação na população de plantas. Essa plasticidade é variável entre espécies. A soja, em geral, suporta variações consideráveis no número de plantas por área. Já os híbridos modernos de milho toleram pouco a variação na população, apresentando, assim, baixa plasticidade, devido à baixa capacidade de perfilhamento e produção, normalmente de uma única espiga por planta.
É sabido que, no caso do milho, o rendimento da lavoura se eleva com o aumento da densidade de plantio, até atingir uma densidade ótima, que é determinada pela cultivar e por condições externas resultantes das condições edafoclimáticas do local e do manejo da lavoura. A partir da densidade ótima, quando o rendimento é máximo, o aumento da densidade resultará em decréscimo progressivo na produtividade da lavoura. A densidade ótima é, portanto, variável para cada situação, sendo basicamente dependente de três fatores: cultivar, disponibilidade de água e de nutrientes.
Ao medir a distância entre as sementes, obtêm-se o percentual de falhas e o percentual de duplas. Porém, não é possível mensurar as sementes que simplesmente foram deslocadas durante o processo de plantio. Por este motivo, existe uma maneira mais adequada de determinar a uniformidade, que é através da utilização do coeficiente de variação (CV). Quanto maior for este coeficiente, maior é a variação da distância entre plantas.
A prática tem demonstrado que o % de CV aceitável é de até 25% e que, a cada 10% de CV, mesmo obtendo a população de plantas desejada, há uma redução no rendimento de aproximadamente 128kg/ha (Pioneer, 2010). Levantamentos a campo realizados por algumas instituições de ensino e pesquisa mostram que, em média, o % de CV das lavouras está acima dos 30% e podendo, em alguns casos, ser maior que 60%.
Os distribuidores de sementes das semeadoras de precisão têm a função de individualizar as sementes para distribuí-las uma a uma. Os mecanismos utilizados com maior frequência são os discos alveolados. A utilização dos sistemas pneumáticos para a distribuição de grãos graúdos tem aumentado consideravelmente em todas as regiões produtivas do país. Esse fato pode ser creditado às vantagens que o sistema oferece, que mesmo apresentando um custo maior no momento da aquisição da máquina, a relação custo/benefício é favorável ao produtor considerando os ganhos obtidos. Dentre as principais vantagens desse sistema, pode-se destacar:
- grande capacidade de individualizar sementes;
- capacidade de distribuir sementes com formatos irregulares com maior precisão;
- melhor adaptação aos mais variados tipos e formatos de sementes;
- redução na ocorrência de falhas e duplos;
- melhor homogeneidade no espaçamento entre sementes;
- redução de danos mecânicos nas sementes.
É sabido que a qualidade da semeadura diminui quando aumenta a velocidade de trabalho. Independentemente de a máquina estar equipada com dosador do tipo disco alveolado ou pneumático, ambos os sistemas são sensíveis ao aumento da velocidade de trabalho, ao ponto de afetar consideravelmente, não somente a população final de plantas, bem como os espaçamentos entre as sementes, aumentando consideravelmente o CV.
Observa-se no Gráfico 1 que, independentemente do tipo de dosador, a velocidade de plantio influencia diretamente na uniformidade de distribuição das sementes, com efeito maior no sistema de disco alveolado, a partir da velocidade de 6km/h.
Esse efeito negativo do aumento da velocidade pode ser mais bem compreendido seguindo o seguinte raciocínio: em um plantio de milho com 5 sementes/metro, a uma velocidade de 6km/h, a máquina tem que distribuir 8,3 sementes/segundo. Se a velocidade passar para 10km/h, a máquina terá que distribuir o dobro de sementes, ou seja, 16,6 sementes/metro. Já em um plantio de soja com 15 sementes/metro, na velocidade de 6km/h, a máquina tem que distribuir 25 sementes/segundo. Alguns produtores, em função de critérios particulares, realizam o plantio a velocidades que podem chegar até 12km/h. Nesse caso a máquina terá que distribuir 50 sementes de soja/segundo, portanto é praticamente inconcebível “exigir” que a máquina distribua uniformemente todas as sementes.
Além de diminuir a capacidade de individualização das sementes, as mesmas, quando as são liberadas do mecanismo dosador, sofrem um aumento de velocidade de queda por causa da aceleração da gravidade e ainda sofrem ação de uma força horizontal decorrente do deslocamento da semeadora. Esta força horizontal faz com que as sementes sofram vibrações – repiques – dentro do tubo condutor, alterando o tempo de queda livre das sementes até o solo e, como consequência, altera o espaçamento entre as mesmas. Além disso, alta velocidade de trabalho faz com que as sementes rolem e/ou saltem para fora do sulco no momento do impacto com o solo, fazendo com que as mesmas fiquem fora do seu lugar correto, o que é facilmente e rotineiramente confundido com um “grão duplo”.
A utilização de máquinas e equipamentos agrícolas, quando feita de maneira correta, melhora a eficiência operacional e aumenta a capacidade efetiva de trabalho, facilitando assim as tarefas dos agricultores. É bom lembrar que o sucesso de uma lavoura é o resultado do somatório de vários fatores, que, juntos, vão determinar o lucro ou o prejuízo, alguns sob o controle do homem, outros não. Assim, para aqueles que se pode controlar, é recomendável utilizar todos os esforços para adotá-los ou minimizá-los.
A qualidade da distribuição das sementes no solo também deve ser analisada minuciosamente, uma vez que a uniformidade de espaçamento entre asplantas tem influência significativa na produtividade das culturas. A posição das sementes no solo pode ser medida através dos espaçamentos entre sementes. Os percentuais de espaçamentos aceitáveis, duplos e falhas determinam o índice de plantabilidade da semente que está sendo utilizada, para tanto, deve-se seguir a regra do quadro.
Plantas distribuídas de forma desuniforme implicam em aproveitamento ineficiente dos recursos disponíveis, como luz, água e nutrientes. Nessa situação, duas plantas tentam ocupar o mesmo espaço, e o que se observa é um elevado grau de competição entre as mesmas, com redução no rendimento de grãos das duas, bem como plantas com caules mais finos e com menor produção de área foliar.
Eduardo Copetti, Semeato S.A.
Artigo publicado na edição 154 da Cultivar Máquinas.
Receba por e-mail as últimas notícias sobre agricultura
Receba por e-mail as últimas notícias sobre agricultura