Processo de fabricação de máquinas agrícolas
Para cada máquina há uma série de processos envolvidos na fabricação, seleção e montagem de cada componente; juntos formam equipamentos de todos os tipos e com diversas tecnologias
A mancha parda está entre os principais fatores responsáveis por reduções de produtividade e qualidade de grãos de arroz. Endêmica nas lavouras brasileiras a doença exige integração de medidas de manejo, como tratamento de sementes com fungicidas e adubação equilibrada associada ao controle químico.
A mancha parda, também conhecida como mancha marrom é causada pelo fungo Bipolaris oryzae (Breda de Haan) Shoemaker [Cochiobolus miyabeanus (Ito & Kuribayashi) Drecheler & Dastur]. Outros nomes conhecidos do fungo são Helminthosporium oryzae e Drechslera oryzae. O fungo apresenta conídios típicos curvados, mais largos no meio, com um leve afunilamento nas extremidades. São de coloração marrom, apresentam de 6 septos a 14 septos e normalmente com hilo. A germinação do conídio é polar e produz um tubo germinativo em cada célula das extremidades do conídio.
É considerada a segunda doença em importância econômica e apresenta caráter endêmico nas lavouras brasileiras de arroz. Os prejuízos à produção de arroz no país ocorrem tanto no sistema de plantio em terras altas quanto no irrigado. Em regiões tropicais e subtropicais observa-se maior intensidade da mancha parda e também nas regiões amazônicas, onde prevalecem altas umidades, altas temperaturas e baixa fertilidade do solo.
O fungo está disseminado em todo o mundo, porém seu potencial de dano varia de acordo com as condições edafoclimáticas, o manejo cultural, a resistência genética e a parte da planta atacada. Em algumas regiões ou em determinados anos, a ocorrência da mancha parda é tão ou mais importante que a brusone (Magnaporthe oryzae), principal doença da cultura. Assim como ocorre na Ásia, devido aos danos causados na produção e na qualidade dos grãos.
Esta doença está entre os principais fatores responsáveis por reduções de produtividade e qualidade dos grãos de arroz, podendo causar danos diretos e/ou indiretos. Como danos diretos incluem, principalmente, a redução no estande de plantas, a redução no peso e no número de grãos por panícula e a manchas nos grãos. Os indiretos incluem reduções de produtividade, especialmente na região tropical, onde as condições climáticas favorecem o desenvolvimento e a dispersão da doença. Porém, com as mudanças climáticas, alterações quanto à ocorrência e a severidade das doenças, na região subtropical, podem ser esperadas.
A mancha parda pode ocorrer em todas as partes da planta de arroz e em qualquer estádio fenológico. Apresenta três fases principais em que causa dano: redução da germinação das sementes infectadas; manchas necróticas nas folhas e a descoloração dos grãos.
Os principais sintomas observados em plântulas são lesões arredondadas de coloração marrom. Em folhas adultas os sintomas são lesões tipicamente ovais ou circulares, mais frequentemente elipsoides, geralmente de coloração marrom escuro com halo clorótico. O halo clorótico é provocado por toxinas produzidas pelo patógeno. Com o passar do tempo, o centro das lesões torna-se acinzentado, isso devido à presença de estruturas reprodutivas do fungo. Já em cultivares resistentes, observam-se apenas pequenos pontinhos pretos nas folhas (cabeça de alfinete), ou seja, lesões iniciais que não se desenvolveram.
Nos grãos as machas apresentam coloração marrom escura e na grande maioria se unem cobrindo-os totalmente. Quando o ataque se dá na formação dos grãos resulta a esterilidade da espigueta. No processo de beneficiamento, os grãos ficam totalmente manchados apresentando gessamento e coloração escura, provocando perda da qualidade comercial.
A semente é considerada uma das principais formas de propagação e introdução de patógenos em áreas de produção. Quando isso acontece, ocorrem maiores perdas no rendimento da produção de arroz. A transmissão do patógeno e a germinação das sementes são influenciadas pelo nível de infecção.
Os restos culturais também são fontes de inóculo importantes. O fungo pode sobreviver em partes de plantas infectadas por 2 anos a 3 anos, principalmente em sementes. Diversas gramíneas e espécies de Oryzae são suscetíveis e hospedeiras deste fungo, como Zizania glumaepatula, Oryzae glumaepatula e Oryzae grandiglumis.
A doença é favorecida por excesso de chuvas e por baixa luminosidade, durante a formação de grãos. Alta umidade e temperaturas entre 20 °C e 30°C são condições ótimas para a infecção e desenvolvimento da doença. As espiguetas, logo após a emissão das panículas até a fase leitosa, são mais suscetíveis.
É comum observar a doença associada ao cultivo do arroz em solos deficientes em nutrientes, especialmente em potássio, manganês, sílica, ferro e cálcio. Deficiência ou excesso de nitrogênio também contribui para o desenvolvimento da doença.
A idade da planta influencia diretamente o processo de infecção. Diversos autores demonstraram o aumento da suscetibilidade do arroz à mancha parda à medida que a planta se torna mais velha. Quando a doença se manifesta no início da fase reprodutiva da planta, provoca a redução do peso e do número de grãos na panícula. Em trabalhos conduzidos por diferentes autores, observou-se que no período de florescimento foi onde houve maior severidade da mancha parda. Em estudos recentes onde se avaliou 12 genótipos tanto de terras altas quanto de arroz irrigado, observou-se correlação linear e positiva entre a severidade da mancha parda na folha bandeira e o índice de mancha de grãos (R2= 0,70 p<0,01) ). Esta informação é de grande importância, uma vez que a ocorrência de mancha parda na folha bandeira é um alerta para a necessidade de controle para a mancha de grãos.
Mesmo atualmente, com o conhecimento que se tem sobre os agentes causadores das doenças e os métodos de controle, ainda ocorrem perdas significativas no campo em função da ocorrência de doenças. Isto reflete em aumento do custo de produção, menor oferta e baixa qualidade dos produtos. As perdas causadas pelas doenças são estimadas em 30% da produção agrícola mundial, representando uma séria ameaça à segurança alimentar da população, portanto, o manejo da doença torna-se indispensável. Além das mediadas já citadas, algumas estratégias disponíveis para o manejo da mancha parda devem ser consideradas, como medidas preventivas para melhor manejar a doença, como: conhecer o histórico da área e da região, fazer uso de sementes de alta qualidade fisiológica e fitossanitária, adotar a densidade de semeadura recomendada para a cultivar, atenção para a época de plantio mais adequada, redução do inóculo inicial presente no solo, restos de cultura e/ou em plantas voluntárias, adubação equilibrada, bom preparo do solo, práticas no plantio que facilitem a emergência rápida e uniforme das plantas, além de evitar tanto o estresse de plantas e/ou exposição prolongada às condições favoráveis ao desenvolvimento dos patógenos, sistematização da área, manejo da água de irrigação, uso de cultivares resistentes, controle de plantas daninhas, controle de insetos, entre outras práticas culturais.
De uma forma resumida o controle é feito via tratamento de sementes com fungicidas, com o objetivo de reduzir o inóculo inicial, aumentando a germinação e mantendo o estande de plantas desejável. O manejo da cultura, envolve adubação equilibrada associada ao controle químico. Este deve ser feito conforme recomendação técnica, com início no final da fase de emborrachamento, com segunda aplicação, quando necessário, dez dias após a primeira.
Valácia Lemes da Silva-Lobo, Embrapa Arroz e Feijão
Artigo publicado na edição 205 da Cultivar Grandes Culturas.
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