Hibridização entre Helicoverpa armigera e H. zea

Estudo publicado na revista científica BMC Evolutionary Biology, apresentou fortes indícios da ocorrência no Brasil de híbridos férteis em condições naturais

22.03.2022 | 13:37 (UTC -3)

A hibridização consiste no acasalamento de duas espécies diferentes que originam um descendente híbrido. Outro aspecto que deve ser considerado é a possibilidade de fluxo gênico ocorrer entre espécies diferentes, levando ao fenômeno conhecido como introgressão. Então, quando se trata de uma espécie invasora relacionada a uma espécie nativa, este cenário pode ser significativamente mais preocupante à produção agrícola, levando em consideração o potencial biótico, de dano e de dispersão, pois pode favorecer adaptações evolutivas específicas dentro de um único organismo.

Um estudo publicado na revista científica BMC Evolutionary Biology, apresentou fortes indícios da ocorrência no Brasil de híbridos férteis em condições naturais entre Helicoverpa armigera, detectada no Brasil em 2013 e H. zea, espécie nativa, evidenciando a compatibilidade reprodutiva entre essas espécies. 

Para realizar o estudo foram coletados insetos de ambas as espécies em 13 locais de produção agrícola nos Estados de São Paulo, Bahia, Mato Grosso, Goiás e Paraná no ano de 2015. Em seguida procedeu-se com a extração e análise de DNA em busca de evidências da hibridização e introgressão.

Além disso, foi evidenciado que a composição paisagística e as variáveis ​​bioclimáticas, expansão agrícola, variedades das culturas e a dinâmica das épocas de plantio influenciam a taxa de introgressão entre H. armigera e H. zea em áreas agrícolas. Níveis mais elevados de hibridização foram constatados nas culturas de milho e soja.

A descoberta mais preocupante é a troca contínua de material genético que poderá afetar a gama de hospedeiros e até mesmo a resistência a inseticidas. Se a hibridização continuar e aumentar, provavelmente complicará o manejo dessas pragas. Sendo assim, visando mitigar os efeitos das espécies invasoras, é necessário o monitoramento contínuo do processo de hibridização e introgressão entre pragas nativas e invasoras em campo, uma vez que isto pode impactar diretamente o manejo integrado de pragas, o manejo da resistência de insetos e a produção agrícola no país.

Por IRAC-BR.

Fontes: 

1. Cordeiro, E.M.G. et. al. Hybridization and introgression between Helicoverpa armigera and H. zea: an adaptational bridge. BMC Evolutionary Biology, v. 20, n. 61, 25 mai. 2020.

2.  IRAC-BR.

3. Artigo completo, em inglês, pode ser lido aqui.

Publicação na Cultivar Grandes Culturas

Essa questão foi capa da edição 229 (junho de 2018) da revista Cultivar Grandes Culturas. Assinantes podem ler aqui.

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