A importância da alta liderança em tempos de crise

Por Shandrus Hohne de Carvalho, CEO da Holambra Cooperativa Agroindustrial

18.03.2022 | 13:58 (UTC -3)
Shandrus Hohne de Carvalho, CEO da Holambra Cooperativa Agroindustrial
Shandrus Hohne de Carvalho, CEO da Holambra Cooperativa Agroindustrial

A alta liderança é, sem sombra de dúvidas, um dos fatores mais importantes para o sucesso de uma organização, especialmente, em tempos de crise. Ela tem como responsabilidade definir estratégias para a empresa, direcionar os gestores aos seus objetivos e fornecer o exemplo para a gestão da qualidade dentro da corporação.

Hunter, 2004, p. 25 define a liderança como, “a habilidade de influenciar pessoas para trabalharem entusiasticamente visando atingir os objetivos identificados como sendo para o bem comum”. Em períodos de turbulência e incerteza, é considerada fundamental para superar as adversidades e controlar a situação para que os colaboradores não se abalem com o cenário instável.

Recentemente, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, deu início a uma guerra contra a Ucrânia ao atacar militarmente a Donbass, área de maioria russa étnica no leste do país vizinho. Além de todos os riscos para a humanidade, a crise não afeta apenas as regiões participantes do conflito, mas sim, todo o mundo, já que estamos vivendo a era da globalização.

Acredito que em momentos de crise, a liderança é a responsável por se aproximar ainda mais de sua equipe, não apenas para direcioná-la, como também para explorar o “ouro do século 21”: as informações. Hoje, graças a tecnologia, elas são divulgadas a cada segundo de maneira muito rápida, ao contrário de confrontos anteriores, que levavam dias e até mesmo meses para serem divulgados. A prova disso é que antes mesmo da Rússia iniciar o ataque, os Estados Unidos conseguiram capturar a movimentação das tropas russas em direção à Ucrânia e alertar o mundo antes mesmo do início do combate, tendo, assim, tempo das forças ucranianas se colocarem em posição.

Na minha opinião, no mundo corporativo, em especial, na alta liderança, isso também ocorre. É preciso que a empresa, ou seja, toda a estrutura organizacional, esteja unida para capturar o maior número de informações, se munir e conseguir antecipar os fatos. Para isso, é fundamental a proximidade do líder com todos os setores da empresa e stakeholders, para que ele se mantenha informado e tenha tomada de decisões rápidas e assertivas, antes dos fatos ocorrerem em decorrência do conflito.

Portanto, é fundamental que a liderança trabalhe três análises muito importantes: a preditiva, a holística e a de filtros. Na análise preditiva, por exemplo, há a antecipação dos fatos que podem afetar e colocar em risco o negócio – impactos que não devem ocorrer de forma rápida, mas sim a longo prazo. No contexto de crise, o líder deve ser imparcial para tentar prever quais os possíveis entraves com a movimentação dos “protagonistas” e stakeholders, para, assim, mitigar as consequências.

Quando falamos em analisar os agentes presentes, sejam eles internos e/ou externos, abordamos a análise holística do negócio, que visa tratar o cenário como um todo. Trabalhando desta forma, o líder conseguirá identificar quais setores devem ser atingidos e quais ações devem ser tomadas. Contudo, para saber como os agentes estão se comportando, a liderança deve ser munida de informações.

Outro fator imprescindível é a criação de um Comitê de Crise para coordenar as ações da empresa a fim de garantir a continuidade do negócio. Para Rosa (2004: p. 321-322), o papel principal do comitê é estabelecer a cultura de crise de cada organização, o que significa na prática saber as crises a que as quais a organização está mais vulnerável, as ações para corrigir essa vulnerabilidade e assim desenvolver o Plano de Gerenciamento de Crises. É por meio do Comitê que são feitos os relatórios de análise da empresa (análises de risco) que dão suporte para a tomada de decisões rápidas e eficientes.

Ainda contamos com algumas ferramentas de gestão de risco que auxiliam a alta liderança a se antecipar e se preparar para eventuais situações, como o Diagrama de Pareto, o FMEA, o Diagrama Ishikawa, entre outros. O Diagrama de Pareto é um recurso gráfico usado para o gerenciamento de qualidade, útil para identificar as fontes dos problemas, evidenciando a prioridade de atenção; o FMEA é responsável por identificar potenciais riscos ou causas de falha de um processo; e o Diagrama de Ishikawa é um recurso gráfico que tem como função auxiliar as análises das organizações a descobrir as causas reais de problemas da organização.

Hoje, os líderes ainda precisam lidar com outros obstáculos da atualidade, como as “fake news”, que têm atrapalhado e muito as demais análises. A informação correta é a base do sucesso. Sendo assim, verifica-la é essencial: avalie meios de comunicação (empresas e autores sem viés político partidário que possam expressar de forma independente ou até mesmo autores desconhecidos), data de publicação (é importante checar se as informações não são antigas e se não possuem relevância no cenário atual) e fontes de dados na informação (é fundamental apurar estudos e pesquisas oficiais).

Percebo que a grande quantidade de notícias divulgadas em rápida velocidade faz com que os líderes de hoje sejam cada vez mais dinâmicos para se ambientar em um cenário em constante modificação, tendo ainda condições de tomar decisões mais assertivas e importantes em curto espaço de tempo.

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