A área explorada com a cultura da goiabeira no Brasil tem crescido intensivamente, estimando-se hoje, aproximadamente, quatro mil hectares, somente no Vale do São Francisco. A alteração do agroecossistema, provocada pela expansão desta cultura, tem propiciado condições favoráveis ao surgimento de problemas fitossanitários, destacando-se, dentre estes, os relacionados às pragas.
No Submédio São Francisco, o psilídeo
sp. (Hemiptera: Psyllidae) é a principal praga da goiabeira. Nesta região, a poda é praticada durante o ano todo, facilitando o ataque, pois as brotações são preferidas por esses insetos. A partir de 1995, esta praga, antes desconhecida na região, vem ocasionando severos danos, em função da redução da área foliar e o conseqüente comprometimento da produção. A presença de Triozoida sp. em goiabeira, também, é relatada em diversas regiões dos estados de São Paulo e Maranhão.
Embora o controle químico dessa praga seja realizado rotineiramente na cultura da goiabeira, não há produtos registrados no mercado para essa frutífera. A necessidade de alternativas para os métodos químicos convencionais, aliada à crescente exigência da sociedade por métodos menos agressivos ao homem e ao meio ambiente, tem estimulado a busca de novos métodos para o controle dessa praga.
Descrição e Biologia
Os psilídeos são insetos sugadores de seiva . O macho possui coloração esverdeada, com a face dorsal do tórax e do abdome de coloração preta, medindo, em média, 2,0 mm de comprimento. A fêmea é verde amarelada, com aproximadamente 2,4 mm de comprimento. Os ovos, de coloração branco-pérola, têm aproximadamente 0,3 mm de comprimento e 0,1 mm de largura, com a extremidade anterior mais estreita que a posterior, onde aparece um pedúnculo, para a fixação ao tecido vegetal. As ninfas possuem formato achatado, com antenas curtas e pernas pouco desenvolvidas, coloração rósea e são recobertas por secreção de cera esbranquiçada de aspecto floculoso. A postura é feita nos ramos, ponteiros e folhas novas. Em laboratório, constatou-se uma variação de 19 a 92 ovos por fêmea, um período de incubação dos ovos de sete a nove dias e um período ninfal entre 29 e 35 dias.
Sintomas e Danos
Devido às toxinas injetadas durante a alimentação, as folhas atacadas apresentam enrolamento dos bordos do limbo foliar, tornam-se deformadas, exibindo, posteriormente, coloração amarelada ou avermelhada e aspecto necrosado. Examinando-se o interior das partes enroladas das folhas, observam-se colônias de ninfas.
Controle
O uso contínuo e, muitas vezes, inadequado de inseticidas pode levar ao desenvolvimento de resistência de pragas, tornando-se cada vez mais difícil o controle, alem de causar a destruição de inimigos naturais, danos ao ambiente e onerar o custo de produção da cultura.
Recomenda-se a inspeção periódica do pomar, principalmente no período após a poda. Observações de campo, realizadas em Petrolina-PE, indicam que uma infestação de 30% de adultos, nos galhos inspecionados, já é suficiente para que medidas de controle sejam adotadas.
Controle Químico
Para o controle do psilídeo em goiabeira, pulverizações com inseticidas organofosforados ou carbamatos são indicadas em alguns trabalhos. Também há relatos de que fenitrotion (0,15%), fention (0,10%) e triclorfon (0,30%) encontram-se em processo de registro.
Em testes realizados em Petrolina-PE, para o controle dessa praga, utilizaram-se inseticidas aplicados via tronco: imidacloprid 200 CS (10 mL/planta), imidacloprid 200 SL (5 mL p.c./planta); imidacloprid 100 AL (10 mL p.c./planta) e, em pulverização semanais: lambdacyhalothrin 50 CE (50 mL p.c./100 litros d’água), imidacloprid 200 SC (1000 mL p.c./ha), betacyflutrin 50 CE (200 mL p.c./ha) e thiacloprid 480 SC (200 mL p.c./ha), constataram-se eficiências de controle variando de 38% a 89%, dependendo do tratamento. A aplicação de imidacloprid 200 CS, imidacloprid 200 SL, imidacloprid 100 AL, imidacloprid 200 SC, betacyflutrin 50 CE, thiacloprid 480 SC e lambdacyhalothrin 50 CE reduziu, significativamente, os danos do psilídeo.
Controle Biológico
Em trabalhos realizados no Submédio São Francisco, pela Embrapa Semi-Árido, constataram-se, associados ao psilídeo da goiabeira, as joaninhas
,
spp., (Coleoptera: Coccinellidae), espécimes de aracnídeos, crisopídeos, sirfídeos e stafilinídeos. Os inseticidas imidacloprid 200 S e imidacloprid 100 AL apresentam maior seletividade aos inimigos naturais que imidacloprid 200 SC, betacyflutrin 50 CE, thiacloprid 480 SC e lambdacyhalothrin 50 CE.
Flávia Rabelo Barbosa
Embrapa Semi-Árido
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