Na região dos Cerrados, a baixa disponibilidade e valor nutritivo da forragem durante o período seco, implica em redução acentuada da produção de leite, perda de peso dos animais na pastagem, refletindo em baixa produtividade da pecuária, além da redução da capacidade de suporte das pastagens da região.
A maioria das pastagens tropical e subtropical apresenta produção sazonal. Um dos maiores problemas das pastagens tropicais é a marcante estacionalidade da produção de forragens, ou seja, cerca de 80% da produção anual de forragens concentra-se no período das águas. Em função da menor produção de forragem no período da seca, a exploração intensiva das pastagens na época das águas deve estar sempre associada a sistemas alternativos de manejo, que variam desde o uso de pastagens diferidas com ou sem suplementação dos animais, até o uso de alimentação no cocho com ração balanceada. O diferimento consiste em suspender a utilização da pastagem durante parte de seu período vegetativo, de modo a favorecer o acúmulo de forragem para utilização durante a época seca. A sua utilização deve ser bem planejada para que a área diferida não se constitua em um foco de incêndio. O uso de aceiros e a localização de áreas distanciadas das divisas da propriedade são imprescindíveis. Ademais, o uso do diferimento facilita a adoção de outras tecnologias, tais como o banco-de-proteína, a mistura múltipla e a suplementação a campo com uréia pecuária, associada ou não com a cana-de-açúcar.
Diversas pesquisas têm demonstrado a viabilidade do diferimento de gramíneas tropicais, desde que sejam selecionadas espécies adequadas para diferimento e utilização em períodos específicos. O início do diferimento para cada região depende da época de ocorrência do máximo crescimento da forragem com o avanço da idade das plantas quando são submetidas ao diferimento.
O período de diferimento está diretamente relacionado com a fertilidade do solo. Em solos de baixa fertilidade pode ser necessário o diferimento da pastagem por períodos de tempo mais longos, porém, com a utilização de adubações, o período pode ser reduzido, em função das taxas de crescimento da planta forrageira. O diferimento requer a associação da área vedada com uma outra exploração de forma mais intensiva e com uma espécie forrageira de alto potencial produtivo onde a maioria dos animais estarão concentrados. Isso permitirá que a pastagem diferida acumule matéria seca, na ausência dos animais. A extensão da área a ser diferida e da explorada intensivamente deve ser calculada em função das necessidades nutricionais dos animais, nos períodos chuvoso e seco, e do potencial de crescimento das plantas forrageiras utilizadas. Como o feno-em-pé é planejado para utilização durante o período seco, seu consumo elimina a necessidade do uso das queimadas.
Em Mato Grosso do Sul, recomenda-se vedar 1/3 da área no início de fevereiro para utilizar em maio e junho e 2/3 no início de março para utilizar de julho a outubro. A Embrapa Gado de Corte recomenda forrageiras que apresentem boa retenção de folhas verdes, que têm menores perdas no valor nutritivo durante o crescimento, como a
cv. Marandu, capim-estrela, coastcross, tiftons e capim-pangola. As áreas plantadas com essas espécies devem ser usadas menos intensivamente no período das águas, para serem vedadas.Também é recomendada a utilização de pastos formados em áreas mais férteis ou que foram recém-recuperados. Pode-se fazer, na época de vedação, a adubação nitrogenada, com aplicação de, pelo menos, 100Kg/ha de uréia em cobertura. Um bom critério é deixar as folhas da pastagem a uma altura de 60 a 80 cm, pois alturas superiores podem implicar em desperdício, face à maior proporção de talos, os quais apresentam altos teores de fibras indigestíveis.
Marta Pereira da Silva
Embrapa Gado de Corte
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