As maiores dificuldades ocorrentes nas lavouras relacionam-se com a germinação, emergência e estabelecimento de plântulas de soja. Em geral estes problemas agravam-se quando após a semeadura ocorrem temperaturas altas do solo (> 25 oC) e solo encharcado; nesta situação algumas espécies do gênero
podem atacar as plântulas. Por outro lado, também é causa de estresse a ocorrência de períodos prolongados de deficiência hídrica logo após a semeadura. Neste último caso, o apodrecimento da semente geralmente tem como causa os fungos
spp. e
spp., provenientes do solo e/ou das sementes.
Os produtores não estão preocupados com o fato da semente levar os agentes causais de doenças para suas lavouras. Preocupam-se, principalmente, em obter lavouras com alta densidade populacional. A pesquisa recomenda populações de 25-30 sementes aptas/m2; não raramente encontram-se lavouras com populações de até 80 plantas/m2. As altas populações de plantas determinam condições climáticas favoráveis ao desenvolvimento de doenças dos órgãos aéreos, como a podridão branca da haste (
), a seca da haste e da vagem (
spp.) e a antracnose (
). Como o tratamento de semente de soja assegura melhor emergência, semeaduras com densidades acima da recomendada deveriam por razões econômicas serem evitadas.
Os principais patógenos veiculados pela semente de soja são:
e
. Geralmente a intensidade das doenças causadas por estes parasitas é maior nas lavouras conduzidas em monocultura e plantio direto. Este conjunto de doenças, como em qualquer outro patossistema, apresenta intensidade máxima no final do ciclo da cultura. Por isso, são denominadas de doenças de final de ciclo, embora tenham surgido nos primeiros estádios de desenvolvimento da cultura. Com base nestes fatos, as lavouras produtoras de semente de soja deveriam ser obrigatoriamente conduzidas em rotação de culturas. Nesta condição, a semente colhida apresentará melhor sanidade.
Os patógenos mais comuns envolvidos com podridão de sementes e morte de plântulas, presentes no solo são:
spp.,
e
spp.
Os danos de germinação, emergência de plântulas, estabelecimento de plantas e doenças dos órgãos aéreos em plantas adultas podem ser amenizados pelo uso de sementes sadias, produzidas em lavouras com rotação de culturas com milho, tratamento da semente com fungicidas e doses eficientes, melhoria das propriedades físico-químicas do solo (plantio direto), rotação de culturas, correção da acidez e nutrição mineral equilibrada.
A eficiência do controle dos fungos associados às sementes e da proteção contra os presentes no solo depende da incidência dos patógenos na semente, da densidade de inóculo no solo e do modo de ação dos fungicidas. A maior eficiência de controle em soja é obtida pela mistura de fungicida sistêmico com protetor.
A relação dos fungicidas e suas respectivas doses, recomendados pelo tratamento de sementes de soja é anualmente revisada e divulgada conjuntamente pelas instituições de pesquisa.
A eficiência do tratamento pode ser comprometida pela qualidade da cobertura da semente tratada. A qualidade da cobertura depende do veículo usado para a diluição do fungicida e do equipamento que dosa, distribui e homogeniza a mistura fungicida + veículo na superfície da semente.
O tratamento de semente, mesmo com fungicidas sistêmicos, não confere proteção às plantas de soja contra o ataque de oídio,
. O período de proteção conferido pelo tratamento de semente com fungicidas não possibilita o controle manchas foliares, do míldio e das doenças denominadas de final de ciclo.
As podridões radiculares, do colo e da haste, causadas por
f.sp.
,
e
, cujos sintomas manifestam-se em plantas adultas também não são controladas pelo tratamento de sementes. Nestes casos, o fungicida aplicado à semente novamente não confere proteção as plantas. Estes agentes causais são habitantes do solo, com habilidade de competição saprofítica com alguns produzindo estruturas de resistência, cujos danos podem ser reduzidos pela rotação de culturas e pelo estímulo da supressividade do solo. O tratamento de sementes confere proteção contra o ataque de fungos de solo durante os processos de germinação e emergência de plântulas. Lembra-se que S. sclerotiorum é transmitido por sementes, neste caso, pode ser controlado também pelo tratamento de sementes. Os resultados obtidos tanto pela pesquisa como em lavouras permitem recomendar esta prática que tem evitado a ressemeadura de soja em áreas extensas no Brasil.
Erlei Melo Reis e Ricardo Trezzi Casa
Universidade de Passo Fundo
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