Resiliência e luta na defesa da agropecuária paulista
Estamos trabalhando para ampliar a adesão do produtor rural à Nota Fiscal Eletrônica e a utilização dos créditos do ICMS
A importância de contar com um trator bem dimensionado para atender às diversas operações que demanda a rotina diária de trabalho para a produção de frutas de mesa como caju, pitaia, lichia, figo da Índia e amora silvestre.
Para conhecer a aplicação do trator LS modelo R65 na fruticultura, fomos até o município de Artur Nogueira, no estado de São Paulo, mais especificamente no Sítio Cajueiro, do senhor Donizete Aparecido Leme. Ele é produtor de caju, pitaia e lichia, além de figo da Índia e amora silvestre.
Muito simpático e solícito, o senhor Donizete nos contou que nasceu no Paraná e veio para São Paulo na década de 1980, depois de uma breve passagem, em busca de trabalho, no estado de Mato Grosso. A motivação para a saída do seu estado natal foi a grande geada de 1993, que quase terminou com a produção de café no Paraná. Também serviu como motivação o surto de bicudo-do-algodoeiro, que atacou a lavoura de algodão lá pelos anos 1995-96, quase dizimando as lavouras paranaenses. Bem-humorado, disse em tom de brincadeira que foi “espantado” da sua terra natal. Na busca de oportunidades, começou no ano de 2002 a preparação para a produção de caju, colocando as mudas, orientado por um programa de melhorando e clonagem iniciado pela Embrapa na década de 1980. Atualmente mora no Sítio com a sua família de cinco pessoas, todas envolvidas na produção.
Na região, o senhor Donizete é um dos pioneiros e inclusive auxilia outros produtores, até de outros estados, principalmente do Ceará, e é considerado o maior produtor de caju do estado de São Paulo. Durante o dia que estivemos no Sítio Cajueiro, ouvimos muitas experiências e relatos dos problemas e das conquistas que ocorreram nestes anos.
O cajueiro é uma árvore nativa do Brasil, principalmente distribuída entre as regiões Norte e Nordeste. No entanto, pelo processo natural de dispersão antropogênica, está sendo cultivada em quase todo o País. Logicamente para a exploração comercial, as regiões com clima mais quente levam grande vantagem.
A planta (Anacardium occidentale) produz um fruto que é a castanha-do-caju e um pedúnculo comestível, de cor que varia entre o amarelo e o vermelho, dependendo do clone utilizado para a produção da muda. No caso do sítio, o produto comercial é o pedúnculo, considerado um pseudofruto, mas que é de grande beleza e muito sabor. Do tamanho aproximado de uma pera pequena é rico em vitaminas A, B, C e fibras.
Atualmente o sítio possui aproximadamente 200 pés em produção, em uma área de três hectares. Existe um plano de expansão para recuperar alguns locais onde se perderam plantas, principalmente para a geada. A variedade utilizada no sítio é a Embrapa CCP76, que é bastante produtiva, com possibilidade de recolhimento de aproximadamente 150 caixas por pé, na safra. O senhor Donizete tem uma área para a produção de mudas, utilizando o cavalo que vem da Embrapa. A muda é feita com o cavalo do caju amarelo, combinado com uma porção do caju vermelho, que é onde produz.
O manejo que requer o cajueiro é bastante intenso, se o produtor quiser manter altas produtividades. Para um estande de árvores como se viu no Sítio Cajueiro, com 19 anos, o porte já está estabelecido em aproximadamente três a quatro metros de altura. Portanto, as operações de condução e manutenção necessárias são para facilitar a entrada de luz, principalmente. Como as plantas são do tipo cajueiro anão, que apresenta a tendência de abrir os ramos na horizontal, a poda é feita com o objetivo de induzir e manter o formato de taça. Há dois anos o sistema de poda, que ocorre principalmente no mês de julho, foi intensificado para manter o formato da taça e os resultados foram muito expressivos. O produtor acredita que o grande benefício, resultado deste sistema de condução, foi a diminuição da incidência da antracnose provocada pelo fungo Colletotrichum truncatum, relacionado à presença de umidade. O controle é feito com a pulverização de fungicida oxicloreto de cobre, por meio de um turboatomizador, acionado pelo trator LS R65. Ele acredita que com esta ação de poda e formação, a antracnose está sendo controlada com a produção passando das anteriores 12 mil caixas a 22 mil caixas agora registradas.
Outros problemas a manejar são a ocorrência de percevejo e a broca, que ataca a muda nova. O tripes (Frankliniella schultzei) também causa problemas quando se instala na flor e depois provoca o aparecimento de uma mancha na casca do pseudofruto, diminuindo o seu valor comercial. A floração ocorre entre os meses de junho e novembro, após breve período de dormência no inverno da região, e é muito atrativa às abelhas, o que é extremamente positivo.
O pomar do Sítio Cajueiro foi implantado há 19 anos e está em plena atividade, com produção média de 150 caixas por pé, que se colhe entre novembro e maio, com o pico de produção nos meses de janeiro e fevereiro. Como o processo de colheita é baseado em um critério totalmente visual, a cada dia se faz um recolhimento e já se prevê o que ficou para os próximos dias. O recolhimento da produção é realizado com a mão, onde se alcança, e com um recolhedor, que nada mais é que uma haste com um cesto de tecido na ponta, em forma de coador.
Desta forma, a alternativa é a utilização de mão de obra de toda a família, o casal e os filhos, que todos os dias começam a atividade e não sabem a que hora irão parar, pois enquanto houver produção a colher não se interrompe o trabalho. Inclusive nos contaram, sorrindo, que às vezes seguem noite adentro na atividade.
A marca comercializada no Sítio é a Caju Nogueirense e o destino da maior quantidade da produção é o terminal da Ceasa em São Paulo. Também uma parcela é entregue para clientes tradicionais no Mercado Público de São Paulo. O transporte desde o pavilhão do sítio até o local de entrega é terceirizado. Uma pequena parte da produção é comercializada diretamente com alguns fregueses, que buscam o produto diretamente no sítio. Também há clientes que utilizam as frutas que foram descartadas para a embalagem e compram diretamente no sítio por peso, para a utilização como polpa e suco e produção de uma bebida fermentada à base de caju, xarope, néctar e doces.
Ao contrário do caju, a pitaia é uma planta exótica originária da América Central do gênero Stenocereus e a espécie varia com a forma e a cor. Por ser da família do Cactus (Cactaceae) tem a aparência da fruta da tuna, porém sem os espinhos. Em alguns lugares é chamada também de fruta do dragão. No Brasil, a mais conhecida e cultivada é a pitaia roxa, que na verdade é avermelhada com a polpa rosa. Também se cultiva a amarela com a polpa branca.
O início da produção comercial no Brasil é bastante recente, com os primeiros registros nos anos 2000, sendo a partir daí considerada uma fruta de mesa da moda, principalmente pela beleza e características nutricionais. É rica em vitaminas B e C e em minerais como potássio, ferro, cálcio e fósforo, pouco poder calórico e muito fibrosa, o que se combina com alimentação dietética e natural.
A pitaia é cultivada no Sítio Cajueiro há 18 anos e em grande quantidade. São 350 pés de pitaia branca e duas áreas de pitaia roxa, totalizando mais de mil pés.
Para o cultivo é necessário constituir uma estrutura de suporte da planta, denominada parreira de pitaia, sendo muito semelhante à condução da uva, no sistema de espaldeira. Uma linha de postes e vigas de madeira serve como suporte que passa a ser determinante para a duração produtiva do cultivo, pois esta estrutura é de muito difícil manutenção, dado que a planta acaba por envolver o seu suporte.
Este tipo de condução acaba por ser um benefício para a aplicação dos produtos necessários à proteção da planta, pois o turboatomizador passa na entre linha, aplicando nos dois lados. Também é necessária a limpeza das ruas, que o senhor Donizete faz com a mesma roçadeira que limpa a área do cajueiro. O trator LS R65 está destinado para as duas operações.
A produção dos frutos maduros vai de dezembro a maio, assim como no cajueiro. A maturação é escalonada e, se de um lado é favorável à comercialização, obriga a família ao trabalho de recolhimento diário, por meses. A produção começa com um broto que sai da inserção do espinho e dura 60 dias do botão ao fruto. O pico de produção ocorre no mês de dezembro, justamente nas festas de final de ano. O volume de produção aproximado é de cinco caixas por pé, durante o ciclo todo.
A lichia (Litchi chinensis) é uma árvore da família Sapindaceae, originária da Ásia. No Vietnã é considerada fruta símbolo, estando presente em algumas bandeiras de províncias do país. É uma árvore de grande porte, com os espécimes do Sítio do Cajueiro medindo uma altura ao redor de cinco metros a dez metros.
O maior problema para a produção da lichia, atualmente no Brasil e principalmente em São Paulo, onde se concentra a maior parte da produção, é o ácaro da falsa ferrugem, de difícil controle, mas que pode ser combatido com produtos à base de enxofre. Outro problema é a broca, que se instala nos ramos, mas que pode ser controlada com inseticidas.
A produção dos frutos é concentrada em duas a três semanas do mês de dezembro, próximo ao Natal e Ano-novo. Este ano a produção do Sítio do Cajueiro atrasou em função da geada e durante estas duas semanas a família do senhor Donizete recolherá os frutos usando escadas, para quebrar o cacho e retirar os frutos. Os 220 pés existentes no sítio proporcionarão aproximadamente 100kg por pé de frutos maduros e prontos para a venda.
O fruto da lichia é arredondado com casca avermelhada e rugosa e a polpa comestível é esbranquiçada e com bastante líquido em meio a uma massa. No processo de amadurecimento, a casca vai ficando cada vez mais fina, tomando a cor avermelhada, e a polpa vai aumentando e tornando-se mais líquida.
Para a comercialização, o maior valor coincide com as festas de Natal e de Ano-novo. Depois o preço cai, voltando a recuperar-se quando a disponibilidade da oferta diminui, no mês de fevereiro em diante. A venda é feita por peso, com a fruta separada dos ramos do cacho e ensacadas em partes de 10kg.
O trator LS modelo R65 utiliza um motor marca LS, modelo L4AL T1, de quatro cilindros e 2.621cm3 de volume deslocado, que atende a norma brasileira de emissão de poluentes MAR-1. O sistema de alimentação com bomba injetora tem 16 válvulas e turbocompressor, o que proporciona 65cv de potência máxima (Norma ISO TR 14396) a uma rotação de 2.500rpm. O torque máximo é de 203Nm a 1.600rpm.
A transmissão de potência é do tipo sincronizado, Synchro Shuttle, que oferece 32 marchas à frente e 16 marchas à ré, com super-redutor (creeper). A tomada de potência (TDP) é independente com acionamento eletro-hidráulico e três velocidades, 540, 750 e 1.000 rpm. A rotação de 750rpm pode ser utilizada como uma TDP econômica. O eixo dianteiro é motriz com acionamento mecânico.
O sistema hidráulico tem vazão total de 62 litros/minuto e o sistema de engate de três pontos de categoria II alcança pressão máxima de 167kgf/cm2 e capacidade de levante de até 2.100kgf na rótula. O controle remoto do tipo independente, com duas válvulas na versão standard e três válvulas como opcional, apresenta vazão máxima de 31 litros/minuto e pressão máxima de 167MPa. O trator testado estava equipado com pneus tipo R1, com especificação 14.9-24 na dianteira e 250/80-18 nos rodados traseiros.
O depósito de combustível comporta até 60 litros de combustível, o que garante uma boa autonomia pelo nível de consumo verificado na maioria das operações. O peso de embarque é de 1.920kg e lastrado pode chegar a 2.922kg.
Para auxílio e incentivo à manutenção, o capô é basculante, articulando-se para trás e proporcionando amplo acesso a todos os componentes do motor e sistema elétrico.
Uma característica positiva dos tratores da LS é o eixo dianteiro sem cruzetas, que é bem protegido contra a entrada de pó e barro, além de proporcionar um excelente raio de giro, o que é muito favorável nas pequenas áreas, como a do Sítio Cajueiro.
O modelo R65 plataformado do senhor Donizete foi comprado na loja concessionária da LS em Mogi Mirim, JA Máquinas. A loja matriz da JA Máquinas fica em Jaú, SP, e é uma das melhores concessionárias da marca. A loja filial de Mogi Mirim é muito bem localizada e tem atuação em uma enorme região do estado de São Paulo, com aproximadamente 70 municípios. Nesta região predominam áreas de produção de grãos, pecuária de corte e de leite e pequenas explorações como hortifruticultura a quem a marca dá bastante atenção. Por estas razões os tratores de pequeno e médio porte são os principais modelos da LS comercializados.
Durante o dia de testes estiveram com a equipe da Revista Cultivar Máquinas o gerente da loja, Ademir Chiquetti Júnior, o senhor Sidinei Lorencetti, consultor de vendas da loja, e Rodrigo Barbará Silva, coordenador comercial da LS Tractor para o estado de São Paulo.
O primeiro contato do senhor Donizete com a marca LS, e particularmente com o modelo R65, foi em uma apresentação feita pelo concessionário regional JA Máquinas, de Mogi Mirim, São Paulo. Era cliente de outra marca e logo que adquiriu o LS e passou a usá-lo, reconheceu algumas características positivas. Ele considera o modelo R65 da LS um trator completo, pelas opções que oferece e pelos itens que já traz na versão básica. Na comparação com o seu trator antigo ressalta a questão do conforto, que inclusive induz nos filhos a vontade de trabalhar com este trator.
Atualmente, com 400 horas de uso, as principais operações em que o LS R65 está envolvido são a roçada e o transporte, onde se mostra muito econômico. Inclusive, o senhor Donizete realizou medidas de consumo, encontrando valores gerais em torno de três a 3,5 litros de combustível por hora. Agora, o próximo passo é utilizá-lo com o pulverizador.
Em termos gerais, o senhor Donizete se declara muito satisfeito, principalmente pelo envolvimento e motivação para o trabalho por parte dos filhos, que comparam o sistema de reversão e o câmbio do R65 com o de um automóvel. Contou-nos que ele coloca as marchas mais usuais, que são a 3a e a 4a, e que os filhos gostam de realizar a troca de marchas passando desde a primeira até a marcha de trabalho.
Também, quanto à manutenção, se declarou muito satisfeito, pois até agora foram necessárias apenas a troca de óleo lubrificante do motor e o abastecimento diário com combustível.
Mostrou entusiasmo pela adaptação que fez no trator, retirando a escada do lado esquerdo e colocando no lugar uma caixa de ferramentas, que utiliza para levar ao campo as ferramentas de trabalho utilizadas nos pomares de caju.
Enfim, para quem passou o dia com o senhor Donizete foi um prazer ouvi-lo, além de notar que seu conhecimento e prática são compartilhados sem egoísmo.
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Avaliamos o trator LS R65 na produção de frutas de mesa, no maior produtor de caju do estado de São Paulo, onde o trator se destacou pela economia de combustível e manobrabilidade, proporcionada pelo sistema inversor que equipa esta série