Por Valter Casarin, coordenador geral e científico da NPV - Nutrientes para a Vida
11.01.2024 | 14:03 (UTC -3)
Em 28 de dezembro, quando o Presidente da República realizou alguns vetos na Nova Lei dos Agrotóxicos, aprovada no Senado, a Nutrientes para a Vida (NPV) recebeu diversas mensagens sobre como ficará a situação dos fertilizantes no Brasil. Mas o primeiro e importante esclarecimento, é entender que fertilizante não é um agrotóxico. Estamos tratando de dois importantes produtos usados na agricultura, mas que possuem funções diferentes.
O registro de um fertilizante é realizado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), enquanto os agrotóxicos têm seu registro regulamentado por 3 órgãos: Mapa, Ministério do Meio Ambiente, representado pelo Ibama, e o Ministério da Saúde, representado pela Anvisa.
De maneira bem simples, o agrotóxico é usado para eliminar, prevenir ou controlar tudo que impede o crescimento de um vegetal. Por outro lado, os fertilizantes, ou adubos, favorecem o crescimento dos vegetais, permitindo melhores produções. Assim, podemos colocar esses dois produtos em lados opostos, com funções totalmente diferentes.
De fato, os agrotóxicos consistem em destruir tudo que pode prejudicar o desenvolvimento de um vegetal, como é o caso dos insetos, das plantas daninhas e de doenças fúngicas e bacterianas. Para tanto, são usados os herbicidas (contra as ervas que competem com as culturas), os inseticidas (contra insetos) e os fungicidas (contra os fungos). Isso se assemelha como as mesmas situações que encontramos em nosso cotidiano, onde controlamos os insetos dentro de casa usando inseticidas contra o pernilongo (transmissor da dengue, zika e chikungunya) ou prevenimos doenças com o uso de vacinas (gripe, febre amarela e mais recentemente o Covid).
No que concerne aos fertilizantes, ou adubos, eles têm um objetivo totalmente diferente dos agrotóxicos, pois sua função é favorecer o crescimento das plantas, fornecendo os nutrientes que permitem o seu crescimento e desenvolvimento. Além disso, os fertilizantes permitem igualmente proteger as plantas contra certas doenças. Se fizermos uma analogia com os seres humanos, os fertilizantes são o alimento, pois é através dele que obtemos os nutrientes necessários para o nosso crescimento e nossa saúde.
A utilização de fertilizantes permite um melhor crescimento das culturas agrícolas e, consequentemente, uma maior produção de alimentos. Por outro lado, os agrotóxicos reduzem os fatores de riscos de perdas da produção, como é o caso dos insetos e plantas daninhas e, igualmente, como um medicamento contra doenças.
Podemos resumir as informações da seguinte forma:
Os agrotóxicos são produtos químicos utilizados para matar ou controlar pragas e doenças, enquanto os fertilizantes são substâncias utilizadas para enriquecer o solo com nutrientes;
Os agrotóxicos são usados para proteger as plantas dos danos dos insetos e doenças, enquanto os fertilizantes são usados para ajudar as plantas a crescer;
Os pesticidas podem prejudicar o meio ambiente e a saúde humana se não forem usados corretamente, enquanto os fertilizantes são geralmente seguros quando usados de acordo com as instruções;
Os pesticidas podem basear-se na sua química, atividade toxicológica e penetração, enquanto os fertilizantes são compostos inorgânicos e orgânicos, naturais ou sintéticos, que fornecem ao solo nutrientes necessários para o desenvolvimento das plantas;
Aplicação de agrotóxicos exige o uso de EPI (Equipamento de Proteção Individual), ou seja, o uso de máscaras protetoras, óculos, luvas impermeáveis, chapéu impermeável de abas largas, botas impermeáveis, macacão com mangas compridas e avental impermeável. A aplicação de fertilizante não exige o uso de EPI.
Segundo o Ministério da Agricultura e Pecuária, o país é responsável por cerca de 8% do consumo global de fertilizantes, ocupando a quarta posição, atrás apenas da China, Índia e dos Estados Unidos. Soja, milho e cana-de-açúcar respondem por mais de 73% do consumo de fertilizantes no Brasil.
*Por Valter Casarin (na foto), coordenador geral e científico da NPV - Nutrientes para a Vida
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