A região do Submédio São Francisco já foi um dos maiores pólos de
produção de tomate rasteiro do país, alcançando no final da década de
80 uma área plantada de 12 500 ha, que fornecia matéria prima para
cinco indústria de processamento de polpa, instaladas em Petrolina –PE
e Juazeiro -BA , que são as duas principais cidades da região (Faria,
2000). No inicio da década de 90 com o surgimento de diversas pragas e
doenças e também pelo baixo preço oferecido pelas agroindústrias
ocorreu na classe produtora um forte desestímulo com essa exploração,
que foi gradativamente perdendo importância econômica, principalmente
entre osmédio e grandes produtores que buscaram a fruticultura como
alternativa mais rentável para suas unidades produtivas.
Atualmente
no Submédio São Francisco a área plantada com tomate é de cerca de 2000
ha, que é destinado totalmente para o consumo in natura, sendo parte do
produto comercializada no mercado local e outra parte destinada aos
principais centros de Consumo da região Nordeste. A exploração dessa
olerácea é realizada basicamente por pequenos produtores assentados nas
áreas de colonização dos perímetros públicos de irrigação instalados
na região ou em áreas ribeirinhas do Rio São Francisco e de seus
afluentes. Por tratar-se de um cultivo altamente consumidor de capital
a exploração do tomate só torna-se uma atividade lucrativa se os
produtores alcançarem além de uma alta produtividade física uma
adequada rentabilidade econômica. Como ainda são muito escassos os
trabalhos sobre a comercialização dos produtos hortífrutícolas da
região em análise, principalmente no tocante ao comportamento dos
preços recebidos, fator pôr demais relevante para as tomadas de
decisões dos produtores, estudos desta natureza tornam-se necessários.
Este
trabalho teve como objetivo analisar o comportamento de preços do
tomate produzido na região do Submédio São Francisco. Especificamente
se procurou nesta pesquisa determinar a variação estacional dos preços
do tomate comercializado na região do Submédio São Francisco durante o
período de 1995 - 2007.
Para os cálculos da estacionalidade, os
preços foram corrigidos pelo Índice Geral de Preços (IGP), da Fundação
Getúlio Vargas (FGV, 2008) para o ano base de agosto de 1994. Para
determinar a variação estacional dos preços do tomate foram utilizados
dados coletados mensalmente durante o período de 1995 a 2007 no
mercado do Produtor de Juazeiro, Bahia, que se constitui pelo volume
comercializado no principal centro de comercialização de produtos
hortifrutícola do Nordeste e em um dos maiores do país. O método
utilizado para se calcular a estacionalidade ou sazonalidade dos preços
da cultura em estudo foi a média móvel de doze meses, que segundo
diversos autores como Allen (1988) e Spiegel (1993) tem a propriedade
de tender a reduzir ou a eliminar as flutuações indesejáveis de uma
série temporal. Em complementação ao estudo de variação estacional ou
sazonal dos preços procedeu-se a aplicação de um teste de 2 (Qui -
quadrado), com o objetivo de testar a significância estatística da
variação estacional dos preços do produto.
Analisando-se os
índices estacionais do preço do tomate na região do Submédio São
Francisco, no período 1995/2007, verifica-se que em janeiro até junho
registra-se índices estacionais superior ao médio anual (igual a 100) e
a partir de julho até dezembro os índices foram superiores ao índice
médio. O índice estacional máximo ocorreu no mês de março, estando
34,15% acima do índice médio e o mínimo ocorreu no mês de setembro
também com a cifra de 34,55% abaixo do índice estacional médio (100).
A explicação deste quadro no primeiro semestre está fortemente
relacionada com as condições climáticas da região que nos primeiros
meses do ano registram as maiores precipitações, que trazem como
resultado uma significativa redução das áreas plantadas com tomate,
além da queda da produtividade, uma vez que essa cultura é altamente
sensível a fortes chuvas. Já a trajetória declinante de presos
registrados em todo o segundo semestre é explicado, pelo aumento das
áreas plantadas na própria região, e pela coincidência com as safras de
outras regiões produtoras do Nordeste e até do Sudeste como é o caso do
Estado do Espírito Santo, que nessa época do ano enviam seus produtos
para mercados preferencialmente utilizados pelos produtores do
Submédio.
O teste apresentou significância ao nível de 0,1% de
probabilidade indicando estatisticamente um comportamento altamente
instável dos índices estacionais observados para a cultura do tomate na
região do Submédio São Francisco.
Como se trata de uma
exploração de risco econômico elevado é necessário que o produtor
busque alternativas para tornar o tomate do Submédio São Francisco mais
valorizado na segunda metade do ano, quando há mais oferta do produto
no mercado, e uma delas é efetivamente o escalonamento de colheita,
proporcionado pela favorabilidade das condições ambientais do período e
pelas técnicas de irrigação, e dessa forma procurar aproveitar, mesmo
nessa época de concentração de safras, pequenas janelas de mercado
tanto nos centros de consumo do Nordeste como nos grandes mercados
nacionais de produtos hortífrutícolas.
Embrapa Semi-Árido. Caixa Postal 23. 56302-970. Petrolina, PE. E-mail: lincoln@cpatsa.embrapa.br.
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