Estudo de preços do tomate na região do Submédio São Francisco

Por tratar-se de um cultivo altamente consumidor de capital, a exploração do tomate só torna-se uma atividade lucrativa se os produtores alcançarem além de uma alta produtividade física uma adequada rentabilidade

10.11.2015 | 21:59 (UTC -3)

A região do Submédio São Francisco já foi um dos maiores pólos de

produção de tomate rasteiro do país, alcançando no final da década de

80 uma área plantada de 12 500 ha, que fornecia matéria prima para

cinco indústria de processamento de polpa, instaladas em Petrolina –PE

e Juazeiro -BA , que são as duas principais cidades da região (Faria,

2000). No inicio da década de 90 com o surgimento de diversas pragas e

doenças e também pelo baixo preço oferecido pelas agroindústrias

ocorreu na classe produtora um forte desestímulo com essa exploração,

que foi gradativamente perdendo importância econômica, principalmente

entre osmédio e grandes produtores que buscaram a fruticultura como

alternativa mais rentável para suas unidades produtivas.

Atualmente

no Submédio São Francisco a área plantada com tomate é de cerca de 2000

ha, que é destinado totalmente para o consumo in natura, sendo parte do

produto comercializada no mercado local e outra parte destinada aos

principais centros de Consumo da região Nordeste. A exploração dessa

olerácea é realizada basicamente por pequenos produtores assentados nas

áreas de colonização dos perímetros públicos de irrigação instalados

na região ou em áreas ribeirinhas do Rio São Francisco e de seus

afluentes. Por tratar-se de um cultivo altamente consumidor de capital

a exploração do tomate só torna-se uma atividade lucrativa se os

produtores alcançarem além de uma alta produtividade física uma

adequada rentabilidade econômica. Como ainda são muito escassos os

trabalhos sobre a comercialização dos produtos hortífrutícolas da

região em análise, principalmente no tocante ao comportamento dos

preços recebidos, fator pôr demais relevante para as tomadas de

decisões dos produtores, estudos desta natureza tornam-se necessários.

Este

trabalho teve como objetivo analisar o comportamento de preços do

tomate produzido na região do Submédio São Francisco. Especificamente

se procurou nesta pesquisa determinar a variação estacional dos preços

do tomate comercializado na região do Submédio São Francisco durante o

período de 1995 - 2007.

Para os cálculos da estacionalidade, os

preços foram corrigidos pelo Índice Geral de Preços (IGP), da Fundação

Getúlio Vargas (FGV, 2008) para o ano base de agosto de 1994. Para

determinar a variação estacional dos preços do tomate foram utilizados

dados coletados mensalmente durante o período de 1995 a 2007 no

mercado do Produtor de Juazeiro, Bahia, que se constitui pelo volume

comercializado no principal centro de comercialização de produtos

hortifrutícola do Nordeste e em um dos maiores do país. O método

utilizado para se calcular a estacionalidade ou sazonalidade dos preços

da cultura em estudo foi a média móvel de doze meses, que segundo

diversos autores como Allen (1988) e Spiegel (1993) tem a propriedade

de tender a reduzir ou a eliminar as flutuações indesejáveis de uma

série temporal. Em complementação ao estudo de variação estacional ou

sazonal dos preços procedeu-se a aplicação de um teste de 2 (Qui -

quadrado), com o objetivo de testar a significância estatística da

variação estacional dos preços do produto.

Analisando-se os

índices estacionais do preço do tomate na região do Submédio São

Francisco, no período 1995/2007, verifica-se que em janeiro até junho

registra-se índices estacionais superior ao médio anual (igual a 100) e

a partir de julho até dezembro os índices foram superiores ao índice

médio. O índice estacional máximo ocorreu no mês de março, estando

34,15% acima do índice médio e o mínimo ocorreu no mês de setembro

também com a cifra de 34,55% abaixo do índice estacional médio (100).

A explicação deste quadro no primeiro semestre está fortemente

relacionada com as condições climáticas da região que nos primeiros

meses do ano registram as maiores precipitações, que trazem como

resultado uma significativa redução das áreas plantadas com tomate,

além da queda da produtividade, uma vez que essa cultura é altamente

sensível a fortes chuvas. Já a trajetória declinante de presos

registrados em todo o segundo semestre é explicado, pelo aumento das

áreas plantadas na própria região, e pela coincidência com as safras de

outras regiões produtoras do Nordeste e até do Sudeste como é o caso do

Estado do Espírito Santo, que nessa época do ano enviam seus produtos

para mercados preferencialmente utilizados pelos produtores do

Submédio.

O teste apresentou significância ao nível de 0,1% de

probabilidade indicando estatisticamente um comportamento altamente

instável dos índices estacionais observados para a cultura do tomate na

região do Submédio São Francisco.

Como se trata de uma

exploração de risco econômico elevado é necessário que o produtor

busque alternativas para tornar o tomate do Submédio São Francisco mais

valorizado na segunda metade do ano, quando há mais oferta do produto

no mercado, e uma delas é efetivamente o escalonamento de colheita,

proporcionado pela favorabilidade das condições ambientais do período e

pelas técnicas de irrigação, e dessa forma procurar aproveitar, mesmo

nessa época de concentração de safras, pequenas janelas de mercado

tanto nos centros de consumo do Nordeste como nos grandes mercados

nacionais de produtos hortífrutícolas.

Embrapa Semi-Árido. Caixa Postal 23. 56302-970. Petrolina, PE. E-mail: lincoln@cpatsa.embrapa.br.

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