Efeitos de maturadores de cana-de-açúcar na cultura do milho
Ferramenta auxilia a acelerar oferta de matéria prima no início da safra e apresentam resultados em contato com plantas de milho, mas é preciso atenção ao utilizar
Como o uso de fungicidas de maneira preventiva, a rotação de mecanismos de ação, o respeito às doses e intervalos entre aplicações, aliados a um programa de controle adequado podem ajudar no manejo consciente de doenças que afetam a cultura da soja.
Na safra 2019/2020 a estimativa de produção de soja, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) é de 121 milhões de toneladas para uma área plantada de aproximadamente 35 milhões de hectares no Brasil. Com janela de semeadura que se inicia durante o mês de Setembro (devido à limitação de vazio sanitário) e se estende até o início de Dezembro, boa parte da área de soja plantada no Brasil está vulnerável às manchas, Oídio e Ferrugem-asiática. Dentre as manchas-foliares, nas últimas safras, podem se destacar como emergentes as comumente conhecidas no campo como doenças de final de ciclo (DFCs), principalmente Cercosporiose (ou Crestamento-foliar de cercospora) e Septoriose (ou Mancha-parda) que são ocasionadas por Cercospora kikuchii e Septoria glycines, respectivamente.
A Cercosporiose, que ataca o cultivo da soja, é causada pelo fungo Cercospora spp. cujas principais espécies observadas são Cercospora sojina, conhecida como Mancha olho-de-rã (Figura 1a) que normalmente ocorre no período vegetativo e também pelo fungo Cercospora kikuchii (que causa o crestamento foliar de cercospora), quando se manifesta na folha ou Mancha-púrpura, quando ataca as estruturas reprodutivas e consequentemente, os grãos (Figura 1b). Por se tratar de um cultivo de verão no Brasil, a soja é cultivada em condições de temperatura e pluviosidade ideais para o desenvolvimento da Cercosporiose (de 22ºC a 30º C), presente em todo o território nacional. O impacto negativo causado pela Cercospora kikuchii sobre o rendimento de grãos da soja, caso não seja efetivamente controlada, pode atingir 20%, além da redução da qualidade dos grãos e sementes.
Em relação à Mancha-parda (ou Septoriose), que é causada pelo fungo Septoria glycines (Figura 1c), a ocorrência também é relevante em todo o Brasil agrícola. Normalmente já no início do estádio vegetativo é possível identificar os primeiros sintomas da doença nas folhas mais próximas ao solo (principalmente devido ao fato de os esporos serem trazidos do solo para a planta pelos respingos de chuva), os quais continuam infectando a planta até o final do ciclo da soja, podendo detrair até 15% de rendimento de grãos.
Quando ocorrem de maneira simultânea em uma lavoura, Cercosporiose e Septoriose tem impacto negativo sobre a produtividade e causam desfolha severa na parte inferior da planta. A partir de R5 (no período reprodutivo), a ocorrência de ambas as doenças nas folhas e legumes acabam sendo mais visíveis e então são comumente denominadas em campo pelos produtores como doenças de final de ciclo (DFCs).
Já a Mancha-alvo (Corynespora cassiicola) é uma doença foliar que ocorre predominantemente na soja plantada no cerrado brasileiro, em especial naquelas regiões onde o sistema de sucessão de cultivo soja-algodão é praticada. O uso de cultivares tolerantes a essa doença tem se caracterizado como peça fundamental no controle, uma vez que o poder de desfolha precoce e as detrações de rendimento de grãos podem atingir, em média, 25% em caso de controle químico deficiente.
Outra doença importante, considerando o contexto de doenças na soja, é a Antracnose (Colletotrichum dematium var. truncata) que pode ocorrer nas folhas, principalmente atacando os cotilédones (Figura 2a), as nervuras das folhas (Figura 2b), os pecíolos e, quando no estádio reprodutivo, causando abortamento de vagens (Figura 2c) de forma bastante significativa reduzindo rendimentos entre 15% e 20%. A ocorrência de Antracnose não se restringe somente às regiões sojícolas do cerrado, atualmente, pois as condições climáticas favoráveis (alta pluviosidade e temperaturas elevadas) são características da estação em que a soja é cultivada no Brasil.
Antes de qualquer método de controle, o manejo das doenças da soja deve ser consciente (veja box abaixo). A adoção de todas as ferramentas possíveis é fundamental para garantir controle eficaz das manchas que atacam o cultivo da soja. Dentre as opções que o produtor pode lançar mão estão o uso de fungicidas de maneira preventiva, a rotação de mecanismos de ação (principalmente carboxamidas, triazóis e multissítios), respeito às doses e intervalos entre aplicações de acordo com as recomendações.
Considerando que as estrubilurinas (QoIs) já apresentaram perda de sensibilidade conferida pela mutação G143A em Cercospora spp. e que a resistência genética das atuais variedades não são opções efetivas para o controle e, adicionado o fato de que as manchas-foliares da soja são capazes de sobreviver na palhada por longos períodos, o controle químico associado a boa tecnologia e momento de aplicação se caracterizam como as melhores alternativas para o controle da manchas (Cercosporiose e Mancha-parda) e Antracnose em soja.
Na tabela 1 estão destacados os principais modos de ação que apresentam controle eficiente sobre as principais manchas-foliares (Cercosporiose e Mancha-parda) e Antracnose que ocorrem de forma generalizada em todas as regiões produtoras de soja do Brasil.
Considerando que estrobilurinas não apresentam alta efetividade sobre as DFCs, os programas de manejo utilizando alternativas químicas devem considerar carboxamidas, triazóis e multissítios. Os melhores níveis de controle são construídos quando a planta de soja recebe aplicações de fungicidas desde o estádio vegetativo (aplicação zero, figura 3), onde ainda se pode atingir a planta por completo e posteriormente, a partir do pré-fechamento das linhas (40 dias a 45 dias após a emergência), com aplicações para amplo espectro com intervalo máximo de 14 dias.
Como as manchas e Antracnose são patógenos necrotróficos e podem estar presentes na palhada remanescente do cultivo anterior, começam atacando as plantas de soja ainda muito cedo e se manifestam mais fortemente no final do ciclo. A construção da sanidade das plantas é fundamental, com destaque para produtos a base de Solatenol, difenoconazole e clorotalonil, que entregam excelente nível de controle sobre Antracnose, Mancha-parda e Cercosporiose.
Na safra 2018/2019 (Figura 4) foram conduzidos ensaios em regiões representativas para o complexo de manchas no cultivo da soja, avaliando a eficácia dos principais multissítios disponíveis no mercado (Oxicloreto de Cobre, Mancozebe e Clorotalonil) e uma combinação com triazóis, devido ao potencial efeito complementar entre multissítios e triazóis no controle de Cercospora kikuchii e Septoria glycines, principalmente devido ao efeito de difenoconazole como o principal triazol com efeito sobre esses patógenos. Com base nos dados é possível identificar clorotalonil como o multissítio com o melhor nível de controle e que a adição de difenoconazole incrementa ainda mais o controle sobre DFCs e retorno sobre rendimento de grãos.
Adicionalmente às doenças de final de ciclo, o controle de Antracnose também é fundamental para construir a sanidade da planta como um todo. Para o controle de Colletotrichum dematium var. truncata na soja, os resultados demonstraram a efetividade de Solatenol e difenoconazole (Figura 5), assim como a contribuição de clorotalonil como parceiro para complementação do controle. Baseado nos dados, a combinação de Solatenol, ciproconazole e difenoconazole entregam menor incidência (redução no apodrecimento de vagens) de Antracnose nas vagens e consequentemente, maior controle, seguido por clorotalonil, com impacto positivo no rendimento de grãos.
Lucas Navarini, Professor e Pesquisador/Doutor em Fitopatologia. Planta (Conhecimento/ha); Lucio Zabot, Gerente de P&D - Fungicidas. Doutor em Fisiologia Vegetal. Syngenta Proteção de Cultivos; Bruno Zuntini, Gerente de Marketing - Fungicidas. Mestre em Agronomia. Syngenta Proteção de Cultivos
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