Desmineralização: risco iminente

Os malefícios gerados pelo desequilíbrio nutricional na dieta dos animais, no longo prazo, trazem conseqüências devastadoras ao rebanho, ao ponto de inviabilizar totalmente o projeto.

10.11.2015 | 21:59 (UTC -3)

A falta de preocupação de uma parcela dos pecuaristas com a mineralização do rebanho é hoje um motivo de preocupação dentro da cadeia de produção animal, uma vez que a desmineralização e/ou a submineralização do gado, está entre os fatores responsáveis pelos baixos índices de produtividade média das fazendas de criação, tanto em sistemas de produção de carne quanto de leite.

São muitas as variáveis possíveis de serem analisadas, antes de se chegar a um número confiável com relação ao atual déficit de mineralização do rebanho bovino brasileiro, que mantém uma população flutuante de 170 milhões de cabeças distribuída em uma área aproximada de 170 milhões de hectares de pastagens. Dados do setor, no entanto, mostram que entre 30% e 40% dos nossos rebanhos não recebem nenhum tipo de suplementação nutricional, percentual que cresce de forma preocupante se for considerado os animais sub-suplementados, cerca de entre 70% e 80%, que são aqueles que não têm incluídos nas suas dietas a quantidade correta de sal mineral ou qualquer outro tipo de suplementação alimentar.

Uma conta simples ajuda ilustrar melhor esse cenário, pois, se considerarmos um consumo médio diário de 70 gramas/animal/dia, seriam necessárias 4 milhões de toneladas de sal mineral para abastecer somente o mercado interno. Dados do segmento, no entanto, dão conta de uma produção nacional de apenas 2 milhões de toneladas. Ou seja, metade daquilo que seria efetivamente necessário para uma suplementação adequada do rebanho, simplesmente não existe.

Outro fato importante para analise diz respeito aos atuais índices que medem a produtividade média por hectare da pecuária brasileira, muito aquém daquilo que se pode visualizar como ideal, considerando os índices de alguns países que concorrem diretamente com o Brasil por uma fatia do mercado mundial de produtos de origem animal. Isso significa, em outras palavras, que existe uma necessidade urgente da pecuária elevar seu nível de tecnificação, caso queira competir em condição de igualdade por esses nichos de consumo.

A menor disponibilidade de área disponível para a pecuária de corte e a pressão social em torno de um modelo de produção agrícola sustentável também têm sido fatores responsáveis por acelerar o processo de intensificação do sistema de produção da pecuária no mundo, situação hoje já sentida também no Brasil, em questões como o desmatamento do bioma amazônico.

A explicação para essa falta de cuidado do pecuarista com a nutrição do gado, ou mesmo para a utilização de técnicas alternativas de suplementação do rebanho como o uso de sal branco misturado ao suplemento mineral, farinha de osso, entre outras invenções que comumente são vistas no campo, se baseia na falsa idéia de que os bovinos apresentam uma resistência natural aos desafios apresentados pelo ambiente, quando na verdade, a busca está numa redução dos custos com alimentação para tentar driblar os efeitos das sucessivas crises financeiras que geram problemas sérios de caixa às fazendas de criação.

Um ponto preocupante nessa questão é que as consequências de curto prazo para o pecuarista que não faz uso correto da suplementação mineral na dieta do gado são quase imperceptíveis, só podendo ser vista com clareza, no médio e longo prazo. O fazendeiro que deixa de usar sal mineral consegue, ainda por um tempo, que os resultados se mantenham pouco perceptíveis, o que ajuda a maquiar a realidade, dando a falsa impressão de que o gasto com mineralização é dispensável. No entanto, isso não é verdade. Os malefícios gerados pelo desequilíbrio nutricional na dieta dos animais, no longo prazo, trazem conseqüências devastadoras ao rebanho, ao ponto de inviabilizar totalmente o projeto.

A ação de empresários inescrupulosos dentro do mercado que vendem falsas promessas ao produtor é outro fator que tem levado muitos pecuaristas a não mais saber em quem ou no que acreditar, e isso é muito ruim para o futuro da atividade pecuária e, sobretudo, para o setor de nutrição animal que possui empresas sérias e comprometidas de verdade com os resultados da criação e com a credibilidade do agronegócio brasileiro.

O jeito que essas empresas encontram para atuar dentro do mercado, em sua grande maioria, é oferecendo produtos milagrosos, com preços bem abaixo daquilo que é praticado pelos outros fabricantes, com a diferença de jamais apresentarem qualquer dado científico consistente sobre os resultados obtidos por suas supostas tecnologias. Por isso, todo cuidado é pouco na hora de escolher a empresa para quem você vai entregar a nutrição do seu rebanho.

Para finalizar quero dizer que em matéria de nutrição animal não existem milagres. Tecnologia para ser de fato eficiente tem um custo. Hoje para o pecuarista implementar na fazenda um programa estratégico de nutrição do rebanho ele vai gastar em média entre R$ 45 e R$ 60, preço este que vai depender do nível de tecnologia a ser empregado e a categoria animal suplementada. Na verdade o pecuarista não deve enxergar o dinheiro empregado na nutrição animal como gasto e sim como um investimento no rebanho que no futuro trará para ele economia em todo o sistema de produção.

Lauriston Bertelli

Diretor técnico da Premix Técnica em Suplementação

Fonte: Texto Assessoria de Comunicações: Tel. (11) 2198-1888

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