A colheita de café processa-se em curto período de tempo, inicio em abril ou maio e prolonga-se até agosto ou setembro, dependendo da região produtora. A quantidade de café existente na planta, a quantidade caída no chão e o tempo de duração da safra são fatores a serem considerados para o início da colheita. Sabe-se que o fruto ideal para ser colhido é aquele que tenha completado seu estádio de maturação fisiológica, que na prática corresponde ao denominado fruto “cereja”.
Por isso, a quantidade ideal de frutos verdes encontrada na planta para se iniciar a colheita é de no máximo 5%, sendo toleráveis quantidades de até 20%. Essa porcentagem, no entanto, traz prejuízos no rendimento e qualidade no produto final. Entretanto, existem casos em que devido a uma maturação desuniforme, a condição ideal para se iniciar a colheita dificilmente é alcançada, fazendo com que o produtor tenha que colher o seu café com uma grande porcentagem de frutos verdes ou com grande porcentagem de frutos secos.
Essa variação que ocorre na maturação de frutos nas lavouras cafeeiras tem como principal causa a ocorrência de várias florações, em intervalos que vão geralmente de setembro a novembro, dependendo das condições climáticas, com destaque para o início do período chuvoso, uma vez que o estímulo para a quebra da dormência e a retomada do crescimento dos botões florais está diretamente relacionado com a disponibilidade de água para a planta. Sendo a água um dos principais fatores desencadeadores do processo de floração, que por sua vez reflete diretamente na maturação, é possível na cafeicultura irrigada, com um manejo adequado do sistema, obter floradas abundantes e mais uniformes, quando comparadas com o sistema tradicional.
Outro fator importante que reflete diretamente no processo de maturação é a cultivar utilizada, uma vez que podem apresentar uma maturação precoce, intermediária ou tardia. Além da época, a característica uniformidade de maturação também é desejável nas cultivares, pois apresenta relação direta com a qualidade do produto, como é o caso da Rubi e Topázio.
Dentro de um contexto mais amplo, torna-se claro que a maturação é um fator de qualidade e que, associado a esta, é importante durante o crescimento e desenvolvimento dos frutos realizar corretamente os tratos culturais com adubações equilibradas e na época correta, fazer o controle eficiente de pragas e doenças, ter boa disponibilidade de água durante o crescimento dos frutos, principalmente nas fases de expansão e granação, além de realizar um manejo correto durante a secagem e o beneficiamento. Esse conjunto de fatores é que irá conferir e proporcionar ao produto final uma melhor qualidade.
Portanto, se o cafeicultor realizou corretamente os tratos culturais, mas em função das várias floradas, a maturação não se apresentou uniforme, pode-se então fazer uso de produtos químicos precursores de etileno, como alternativa para antecipar e uniformizar a maturação dos frutos. Várias substâncias são capazes de liberar etileno (“hormônio maturador”) através de alguma reação química. Dentre as opções disponíveis, a mais utilizada e efetiva é o ácido 2-cloroetil-fosfônico, conhecido como Ethrel, Ethefon ou CEPA. Este produto quando aplicado na planta é absorvido pelos tecidos e através de simples reações base-catalizada, ou seja, não envolvendo nenhuma atividade enzimática das plantas tratadas libera o etileno.
O uso de Ethefon na cultura do cafeeiro também vem despertando o interesse dos cafeicultores por :
• Possibilitar um planejamento da colheita, com melhor utilização da mão de obra e equipamentos devido à antecipação da maturação dos frutos;
• Promover maior eficiência na derriça mecânica, e conseqüentemente redução no repasse manual;
• Proporcionar maior rendimento da colhedora devido ao fácil despreendimento do fruto;
• Liberar a planta mais cedo para a retomada dos tratos culturais do ano agrícola seguinte
Porém, para que todos os benefícios sejam alcançados, é necessário que a lavoura ou o talhão, no qual o produto será aplicado, apresente as características agronômicas desejáveis, com carga pendente variando de média a alta e com os frutos completamente granados.
É devido a isso que a aplicação somente deverá ser realizada mediante a avaliação detalhada do talhão. Na avaliação de granação e maturação é necessário a realização de duas coletas de frutos, sendo a primeira no terço inferior da planta, determinando a porcentagem de frutos granados, e a segunda, englobando o terço superior, médio e inferior, determinando a porcentagem de fruto “cereja”. Na avaliação de granação os frutos colhidos deverão ser cortados no sentido transversal e avaliados, enquanto que na avaliação de maturação, determina-se apenas a porcentagem de frutos maduros.
Quanto à aplicação do produto, devem ser seguidas as recomendações técnicas do fabricante, a qual deverá ser feita quando 90% dos frutos do terço inferior da planta estiverem completamente granados, o que na prática coincide com 96 % de frutos granados em todo o cafeeiro. Determinada esta fase, a aplicação do produto deverá ser realizada com equipamentos que permitam uma vazão em torno de 500 a 750 litros/ha, obtendo-se assim boa uniformidade e cobertura dos frutos e utilizando-se uma dosagem de 130 ml do produto comercial/100 litros de água.
Deve-se ressaltar mais uma vez, a importância da correta aplicação deste produto para se obter bons resultados, e fazer com que o produtor possa contar com mais este aliado para um bom manejo de sua lavoura cafeeira.
Epamig
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