No Brasil, a cultura da cana-de-açúcar ocupa uma área de 4.900.000 ha (FAO, 1999). A área brasileira encontra-se ao redor dos 3 a 28ºLS. Nesta grande faixa onde se cultiva a cana-de-açúcar, existem os mais variados ambientes ecológicos (agroecossistemas).
Como as plantas daninhas (matospecies) são o resultado do desequilíbrio ecológico criado pela derrubada de florestas para implantar as culturas, elas são as únicas pragas constantes da agricultura, que obriga a uma constante luta do agricultor para salvar o rendimento de açúcar, álcool, papel, etc.
Nessa grande área canavieira, estima-se a presença de 1000 matospecies (Arevalo & Bertoncini, 1998). Embora existam ao redor de 12 que ocasionam os maiores problemas no mundo (Holm, et al., 1977).
O uso de herbicidas é a tecnologia mais difundida para o manejo de matos, no campo comercial da cana-de-açúcar, pelas seguintes razões:
• alta eficiência de matocontrole;
• mais econômicos que outros métodos de manejo;
• aproveitam as condições ambientais oportunamente.
No Brasil, na cultura da cana-de-açúcar, foram registrados até o dia 31 de março de 2000, cerca de 74 formulações comerciais de herbicidas. Isso representa 27 formulações simples e 16 formulações compostas de ingredientes ativos, de 18 empresas nacionais e multinacionais (AREVALO, 2000).
O presente trabalho objetiva informar sobre herbicidas para o manejo das piores matospecies que infestam a cultura da cana-de-açúcar.
A matoconvivência com a cultura ocasiona as maiores perdas no rendimento potencial, seja porque competem pelos fatores ecofisiológicos essenciais como água, luz e nutrientes, quando estes se encontram escassos no ambiente ou porque hospedam outras pragas como nematóides, ratos , agentes fitopatogênicos (bactérias, fungos ou virus) que atacam a cultura. Por outra parte, podem dificultar a colheita ou a industrialização de açúcar, álcool, papel, etc.
Na tabela 1 são apresentadas as 6 piores matospecies que infestam a cultura convencional da cana-de-açúcar. Na cultura sustentável, quando se deixa na superfície do solo os resíduos de colheita de cana crua, algumas espécies predominantes podem ser diferentes.
As piores matospecies da cana-de-açúcar têm ampla distribuição mundial (Tabela 2); ocasionam perdas significativas na produção da cultura, são de custoso e oneroso manejo.
ROOEX infesta 54 países e 24 países canavieiros. CYNDA infesta 80 países e 18 canavieiros. PANMA infesta 42 países sendo 11 canavieiros. CYPRO infesta 100 países canavieiros e 52 culturas.
No Brasil, estas matospecies também se encontram muito difundidas (Tabela 3 -
).
A matospecie ROOEX encontra-se em expansão, infestando algumas áreas do Mato Grosso do Sul; Paraná; São Paulo; Minas Gerais e Rio de Janeiro. CYNDA; PANMA e CYPRO infesta os 22 estados onde se cultiva cana-da-açúcar.
As perdas causadas pela matoconvivência variam com a matospecie considerada e com os fatores ecofisiológicos críticos (Tabela 4). Sendo CYPRO e CYNDA as que causam as menores perdas e ROOEX a mais prejudicial para a cana.
As perdas no rendimento potencial são para CYPRO, 28 para cultivares de cana tolerantes e de até 60 % em cultivares suscetíveis. Para ROOEX são de 80% em cana soca e 100% em cana planta. Esta matospecie afeta em cana planta a brotação e em cana soca o perfilhamento.
Recentemente foram identificadas 50 matospecies que infestam os resíduos de colheita de cana crua. As piores espécies se ilustram na tabela 5 (
).
Embora, os resíduos de colheita de cana crua controlam ao redor de 50% do mato que infestam a cultura convencional. Algumas espécies costumam emergir na superfície dos resíduos no período de 30 a 180 dias após a colheita da cana crua. Merecem citar-se as Cordas-de-viola, como PHBPU- Ipomoea purpurea (L.) Roth.; IPONI- Ipomoea nil (L.) Roth.; IAOGR-Ipomoea grandifolia (Dammer) O´Donell; IPOHF-Ipomoea heredifolia L. ; etc.
As matospecies que infestam os resíduos de colheita dependem (Arevalo, 2000; Arevalo & Bertoncini, 1999) de:
• Banco de disseminulos do solo;
• Quantidade de colheita;
• Uniformidade de distribuição dos resíduos;
• Densidade dos resíduos;
• Adaptação de matospecies aos resíduos.
É interessante notar que CYPRO emerge normalmente, independente da quantidades de resíduos uniespecíficos. Para as condições ambientais brasileiras a máxima quantidades de resíduos de colheita de cana crua é de ao redor de 20 t..ha-1de fitomassa seca ao sol.
Aqui serão descritos apenas os melhores tratamentos de herbicidas para o manejo das piores plantas daninhas acima citadas (Tabela 6 -
).
Matospecie alelopática, pelo tanto a convivência com cultivares suscetíveis pode afetar desde a brotação das gemas da cultura ou pela competição de fatores ecofisiológicos como água ; luz e nutrientes quando estes se encontram escassos no ambiente. Por isso os tratamentos pré-emergentes são mais vantajosos que os pós-emergentes. Mais muitas vezes por varia razões os tratamentos pós-emergentes são necessários.
Os tratamentos de cana planta devem ter prioridade. Poaceae (Gramineae) associadas. O importante é controlar o banco de bulbos e tubérculos, para reduzir a infestação significativamente.
O Boral tem a grande vantagem que controla alem de CYPRO, umas 65 piores matospecies da cana, e seletivo para a cultura e controla entre 60 a 80 % do banco de disseminulos do solo e aplicado antes que CYPRO prejudique a cultura.
Por outra parte, pode ser aplicado na superfície dos resíduos de colheita em pré-emergência de CYPRO e as águas de chuvas transportam o produto para o solo infestado e fazem um eficiênte controle do problema.
Os tratamentos de herbicidas requerem de umidade de solo. A melhor época para realizar os tratamentos é de setembro a março.
O manejo de ROOEX em cana de açúcar é problemático e oneroso. Infesta área total da cultura. A maioria dos herbicidas que a controlam são fitotóxicos para a cultura. O manejo é oneroso porque requer entrar nos campos até 6 vezes para realizar tratamentos. Ela germina todo a ano. Com um bico de máxima população em setembro e logo cai abruptamente, com um mínimo em maio-junho.
A evolução da produção de fitomassa seca a 70ºC a peso constante após 48 horas, nota-se a mesma tendência da evolução das populações de ROOEX. O fotoperiodo de 11,8 – 12,5 horas déu o máximo de matopopulação.
Para facilitar o manejo de ROOEX, o ideal e plantar a cana no período de fevereiro-abril, com aplicações de herbicidas pré-emergentes e complementado com aplicações pós-emegentes. Os tratamentos pré-emergêntes devem ser realizados de 1 a 5 dias após o plantio da cana. Os tratamentos pós-emergêntes requerem de pressão de vapor (umidade relativa) superior a 60% .
Os tratamentos pós-emergêntes deverão ser realizados em populações com plântula até 5 folhas.
A presença de poliploides (+2n cromossomos) fazem o manejo de CYNDA também problemático e oneroso. Pois os poliploides são plantas de maior fitoagressividade, mais vigorosas e com sistema radicular mai profundo, que os diploides (2n cromossomos). Isto permite maior tolerância a herbicidas e a fatores ecológicos adversos (AREVALO, 1992 a).
Os melhores herbicidas para CYNDA estão citados na tabela 6. Aplicar as maiores doses em solos com +35% de argila e as menores em solos com +15% de argila. En solos arenosos não se recomenda estes tratamentos. Os tratamentos de herbicidas são recomendados em cana planta .
Bom sucesso é obtido em tratamentos pré-emergentes quando os rizomas e estolões de CYNDA são picados em pedaços de –10cm. Quando o pedaço são de + 10cm emergem as plantas de CYNDA. Nesse caso é necessario aplicar tratamentos pós –emergêntes. Nos tratamentos pré-emergêntes de CYNDA, raras vezes a cultura mostram sintomas de fitointoxicação de albinismo provocado por Gamit. O uso de Gamit 360 CS, evita a presença de sintomas de albinismo. Embora o albinismo provocado por Gamit não afeta o rendimento da cultura. A seqüência de manejo de CYNDA em cana-de-açúcar estão sintetizados na tabela 7 (
).
O preparo do solo na seca ou na presença de geada mata 50% de rizomas e estolões de CYNDA. A morte deste órgãos acontecem ao ser exposto na superfície do solo por 7 dias ou quando perdem 85% da água (AREVALO, 1992b).
A limpeza de maquinarias e veículos ao sair dos campos infestados com CYNDA evitam a invasão de novas áreas.
O plantio de cultivares de brotação e fechamento rápido levam vantagem sobre as plantas daninhas.
O plantio de fevereiro-março, quando as matopopulações encontram-se em declinio de sua agressividade, favorece a cultura.
As plantas de CYNDA que escapam dos tratamentos pré-emergêntes podem ser tratados com herbicicdas aplicados em pós-emergencia. A aplicaçaõ de herbicidas de precisão é a tecnologia mais apropriada, que economiza herbicidas e evita o impacto ambiental dos mesmos.
Estas 3 matospecies reproduzem-se por sementes. PANMA se multiplica por divisão touceiras, (nos tratamentos mecânicos do solo); por rizomas e por semente apomítica, principalmente BRAPL.
Todos os tratamentos de herbicidas realizam um eficiente matocontrole. Especialmente quando se trata de plantas de sementes ou sementes apomíticas. Já as plantas originadas de multiplicação vegetativas , o mais eficiente herbicida e o Verpar K GRDA, na doses de 1%. Os resultados foram superiores a Glifosato 3%.
A eficiência agronômica neste estudo se expresa em kg. parcela -1 de açúcar (Tabela 8).
A máxima produção de açúcar foi obtida no controle de CYPRO e DIGHO com Boral; A máxima produção de açúcar foi obtida no controle de BRAPL; CYNDA e PANMA com Sinerge;
As piores plantas daninhas da cana –de-açúcar são:
ROOEX-Capim –camalote; CYNDA-Grama-seda; PANMA-Capim-colonião; BRAPL- Capim-marmelada; DIGHO- Capim - colchão e CYPRO- Tiririca..
Os melhores herbicidas para ROOEX são: Boral; Sempra e Contain; para CYNDA: Sinerge e Velpar K; para PANMA ;BRAPL e DIGHO Sinerge; Boral; Combine e Velpar K e para CYPRO Boral; Sempra e Contain. Plantas de PANMA originadas de rizomas, são eficazmente controladas com Velpar K GRDA 1%.
Centro de Cana-IAC
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