O pasto é o alimento responsável por cerca de 96% da carne produzida no Brasil, é o chamado Boi Verde. Os 4% restantes, além de capim, recebem milho e soja apenas durantes os últimos cem dias antes do boi ir para o frigorífico. Portanto, 100% de nossa carne é natural, é extremamente competitiva no mercado mundial em preço e qualidade, que aliados aos fatores externos, levou o Brasil ao posto de maior exportador de carne do mundo.
Os especialistas do setor dizem que há espaço para o Brasil exportar, em 2004, até 20% a mais do que as 1,3 milhões de toneladas exportadas em 2003, quando se faturou US$ 1,552 milhão.
Este consumidor exige cada vez mais segurança na qualidade da carne que compra. Uma simples suspeita - mesmo que infundada - de qualquer tipo de contaminação, e uma conquista que levou dezenas de anos para ser alcançada, irá “água abaixo” em poucos segundos.
O consumidor mundial quer garantias de que estamos produzindo carne de alta qualidade e sem riscos para sua saúde, exclusivamente a partir de pastagens. Ele quer estas garantias durante os trezentos e sessenta e cinco dias do ano, e a vida toda.
O pasto de ouro
Cresce o número de pecuaristas a perceber que a lucratividade de sua empresa depende da eficiência reprodutiva, da taxa de crescimento do bezerro até a desmama, da eficiência de utilização dos alimentos e da eficiência em ganho de peso, além de outros atributos de genética, manejo, de sanidade...
Temos um rebanho bovino de 170 milhões de cabeças de gado, ocupando de 180 milhões de hectares de pastagens, dos quais cerca de 100 milhões são cultivadas e o restante é pasto nativo (Meirelles, 1999). Alguns estudos apontam que 80% das pastagens cultivadas no cerrado apresentam algum grau de degradação, que é o maior problema relacionado com a sustentabilidade da produção pecuária (Embrapa, Esalq/Usp, UFV, IZ, Unesp/Jaboticabal). Entretanto, além do cerrado existem muitas áreas de pastagens também com algum grau de degradação, que ainda estão por quantificar.
Esta degradação está relacionada a erros no manejo das pastagens, em conseqüência do desconhecimento dos limites ecofisiológicos e de resistência ao pisoteio dos animais nas plantas forrageiras, por acreditar que o solo é “fonte inesgotável de nutrientes” como nitrogênio, fósforo,etc.
O pecuarista que ainda age assim sacrifica sua fábrica de bezerros, de carne e de leite, decreta sua decadência produtiva e pratica autofagia. Neste contexto, o maior desafio deste século para maximizar os ganhos de produtividade da pecuária de corte é gerenciar bem o sistema de produção. O que implica em educar o homem para esta tarefa.
Há muitos anos deixou de ser produtivo apenas o pecuarista ter consciência dos cuidados com os fatores de produção. É imprescindível investir na educação das pessoas envolvidas na execução das tarefas produtivas no campo, para que tenham consciência do papel que desempenham, do salgador de cocho ao dono do boi.
Poderá haver prejuízos investir em adubos, máquinas, equipamentos, genética, e outros insumos de alto nível tecnológico, antes de qualificar pessoas para manejar de modo eficiente. A capacidade de gerenciar do pecuarista e seu nível cultural irão determinar a profundidade com que estas medidas serão implementadas.
Mais lucro com o pasto
O pasto pode ser utilizado com “lotação contínua” ou com “lotação rotacionada”. O importante, nos dois sistemas, é colher forragem suficiente para maximizar a produção animal e manter área foliar para a fotossíntese.
Existem dezenas de alternativas para solucionar os problemas mais urgentes de nossa extensa área de pasto degradado. Uma delas está resumida na Tabela 1, resultado de 19 propriedades do Sistema Lavoura e Pecuária, denominado pela Embrapa de “Sistema Barreirão”.
A Tabela 1 (
) considerou receita apenas a produção de grãos. Devemos considerar ainda, que 63% do custo de produção da lavoura, a cada safra, ficou como lucro direto para a pecuária. Isto porque o preparo de solo, o adubo, a semente, a maior produção de forragem, o maior suporte de animais e a maior produção de carne por hectare, são resíduos altamente lucrativos que a lavoura proporcionou ao pecuarista.
Rubens Pinheiro de Souza
Tortuga
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