O arroz irrigado é um dos produtos mais importantes do setor agrícola de Roraima, sendo que seu cultivo é realizado duas vezes ao ano, 70% no período seco (outubro a março) e os restantes 30% no período chuvoso (abril a setembro). As cultivares mais utilizadas são as BRS Taim, IRGA 417, BR IRGA 409 e Roraima, e em menor escala a IRGA 422 CL, que possuem ciclo de 100 a 110 dias e a BRS Jaburu que possui ciclo de 120 dias. O sistema de produção é praticado por cerca de 25 produtores que cultivam área média de 600 hectares/ano, sendo que as maiores lavouras ocupam áreas acima de 1.000 hectares/ano. Apesar de ser praticado há 26 anos e ser considerado uma das principais atividades agrícolas, poucas são as publicações com relato histórico e análise do agronegócio do arroz no Estado de Roraima. Assim, o objetivo deste trabalho foi o de realizar uma análise simplificada do agronegócio do arroz irrigado em Roraima, visando subsidiar produtores, técnicos,pesquisadores e estudantes quanto ao assunto.
Foi realizada a coleta de informações referentes a área colhida em hectares, quantidade produzida e produtividade média do arroz irrigado em toneladas no período relativo aos anos agrícolas de 1981 a 2007, além de consultas junto ao Banco da Amazônia e a Associação dos Arrozeiros de Roraima, quanto a custo de produção e geração de emprego e renda. As inferências quanto a sazonalidade do período supracitado, bem como sua possível estacionalidade, foram realizadas por meio de análise de série temporais. A sazonalidade, foi indicada por meio do teste de aleatoriedade de Durbin-Watson (d(D-W)) para determinação de independência temporal na série cronológica (Diggle, 1991). As análises foram conduzidas com auxílio da planilha eletrônica Excel e do pacote estatístico STATISTICA 5.5 (StatSoft, Inc,2001).
Nas Tabelas 1e 2 são apresentados os dados de área colhida (ha), quantidade produzida (t) e produtividade média (t/ha) do arroz irrigado no período de 1981 a 2007, perfazendo um total de 26 anos. Todos os indicadores apresentaram sazonalidade, segundo a estatística de Durbin-Watson (p<0,05). Analisando-se os dados relativos às décadas de 1980, 1990 e 2000(Tabela 1) verifica-se que a série apresenta-se segmentada em, praticamente, tres fases: a de implantação (1981 a 1990), a de estabelecimento (1991 a 2000) e a de expansão de cultivo(a partir de 2000), que resultaram no fortalecimento do agronegócio tornando a atividade como uma das mais organizadas no estado. Em consequência isto refletiu-se no crescimento da produção local, onde nos últimos sete anos ,a área colhida com arroz apresentou um crescimento médio por ano de 25 a 30%, com exceção para o ano agrícola 2005/06, cuja estimativa foi de redução, provavelmente em decorrência da alta oferta do produto no país com consequente queda nos preços. No entanto, o setor voltou a crescer no ano seguinte, mantendo a taxa média de crescimento dos últimos anos (Tabela 2)
A produtividade média ,considerando-se cada período, cresceu 31,5% da década de implantação para a de estabelecimento e 23,5% desta para a fase de expansão(Tabela 1), resultado expressivo, provavelmente, decorrente de ajustes tecnológicos em componentes dos sistemas de produção local e a incorporação/recomendação de novas cultivares pela pesquisa local. Segundo a Associação dos Arrozeiros de Roraima, da produção obtida , 20 a 30% abastece o mercado local e os restantes 70 a 80% são exportados para outros estados da região Norte, com ênfase ao estado do Amazonas, cuja demanda apenas da cidade de Manaus corresponde a 90.000 toneladas de arroz beneficiado.Cordeiro e Medeiros (2005), citam que, mantida a produtividade média e as demandas de mercado atuais há potencial para a expansão imediata da área para cerca de 50.000 hectares.
Entre os principais entraves da cultura destaca-se o elevado custo de produção, que é de R$ 3.226,06 por hectare, sendo que, 42% dos custos são atribuídos a óleo diesel (28%) e fertilizantes(14%)( Banco da Amazônia,2006).Por outro lado, a produção local tem permitido colocar o produto na mesa do consumidor a um preço , em média, 35% mais barato que marcas oriundas de outros estados. Enquanto o quilo do arroz tipo 1 produzido em Roraima tem preço médio de R$ 1,75, o arroz importado de outros estados é vendido, em média por R$ 2,36 o quilo.
O agronegócio do arroz no Estado gera cerca de 600 empregos diretos, movimentando R$ 90 milhões de receita bruta e R$12 milhões de impostos por ano (Folha de Boa Vista, 2007), representando 10,25% do Produto Interno Bruto (PIB) de Roraima que é de R$ 1,2 bilhão(Cordeiro e Medeiros,2005).
Antonio Carlos Centeno Cordeiro (1), Moisés Cordeiro Mourão Jr.(2),
Roberto Dantas de Medeiros(1).
1. Eng. Agr. Dr.Pesquisador da Embrapa
Roraima.
2. Biólogo, Msc. Pesquisador da Embrapa Roraima.
Contatos: acarlos@cpafrr.embrapa.br
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
BANCO DA AMAZÔNIA. Estimativa do orçamento para custeio de 1,0 hectare de arroz irrigado. Boa Vista,RR.2006.
CORDEIRO, A.C.C;MEDEIROS,R.D.de.O cultivo de arroz irrigado em Roraima:situação atual e perspectivas.In:IV Congresso Brasileiro de Arroz Irrigado e XXVI Reunião da Cultura do Arroz Irrigado, 9 a 12 de agosto. Anais. Santa Maria-RS: Editora Orium,2005.volume II. p.337-438.
DIGGLE, P.J.1991.Time series:A biostatistical approach. Oxford Statistical Science Series-5. Oxford University Press. New York. 257p.
FOLHA DE BOA VISTA. Boa Vista, sexta-feira, 08 de junho de 2007. p.03.
StatSoft, Inc.2001. STATISTICA (data analysys software system), version 5.5.disponível em www.statsoft.com.
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