A busca da maximização da produtividade em muitas fazendas na pecuária de corte não estabelece, necessariamente, o nível de produção mais econômico para o fazendeiro. A falta de um planejamento formal acompanhado de uma análise econômica do modelo adotado parece ser um dos principais motivos da dificuldade deste ajuste econômico do nível de produtividade a ser alcançado. Parte central do planejamento é o binômio a ser alcançado na fazenda envolvendo o desfrute do rebanho e taxa de lotação das pastagens. Via de regra, para produtividades maiores, com taxas de lotações anuais superiores a 1UA/ha (450kg de peso vivo/ha) faz-se necessário a definição prévia de uma estratégia de suplementação alimentar para fazer frente à sazonalidade das pastagens no inverno. Vale ressaltar que, apesar da diversidade cenários para cada fazenda, a sazonalidade das pastagens se registra, em maior ou menor grau, em quase todas as regiões onde se produz carne bovina no Brasil.
Fazendas que focam exclusivamente as pastagens sem uma definição estratégica para suplementação alimentar no inverno limitam maiores taxas de lotação em pastejo também no verão. Desta forma, modernas tecnologias como o pastejo rotacionado e a adubação de pastagens ficam limitadas ao gargalo da sazonalidade das pastagens no inverno, de forma muito semelhante às fazendas que adotam sistemas menos tecnificados.
Estratégias
A definição de uma ou mais estratégias de suplementação alimentar no inverno é importante para qualquer intensidade de manejo, porém decisiva em sitemas intensivos. As estratégias devem regular a oferta e a qualidade da matéria seca consumida pelo animal neste período. A sua escolha deve ser ajustada para cada categoria animal e o ganho de peso de peso vivo pretendido. Além das diferentes exigências nutricionais do rebanho, deve-se levar em conta como estas fases se complementam comercialmente na fazenda, viabilizando o desfrute planejado do rebanho e a manutenção do equilíbrio da taxa de lotação das pastagens entre o verão e o inverno.
Quando a estratégia adotada prevê quantidade de alimentação suplementar significativa, além do ajuste da nutrição do rebanho num momento crítico, esta estratégia tem o mérito de contribuir para a redução da pressão de pastejo. Nestes casos, parte do consumo voluntário da pastagem é substituído pela consumo de matéria seca suplementada. É o caso do uso da suplementação a pasto com concentrado ou volumoso. Suplementações com baixo fornecimento de matéria seca, como o sal com uréia ou proteinado de baixo consumo, são recomendados para manutenção de peso vivo ou ganhos moderados, porém não reduzem a pressão de pastejo.
Em sistemas com alta lotação das pastagens tem sido freqüente a dificuldade do ajuste da taxa de lotação entre o verão e o inverno. Esta é uma situação que deve ser evitada, pois muitas vezes o pecuarista é obrigado a vender o gado como forma de reduzir a pressão de pastejo. O confinamento viabiliza a redução da pressão de pastejo a zero, liberando pastagem para categorias menos exigentes ou de menor consumo voluntário de pasto. Em fazendas onde é feita a engorda, com boa oferta regional de grãos e farelos e elevado preço da terra, o confinamento tem se encaixado muito bem como técnica de suplementação alimentar no inverno.
Em resumo, o planejamento deve focar as metas anuais de desfrute do rebanho, equilibrando a soma da produtividade de peso vivo entre o verão e o inverno. A tabela resume algumas estratégias de suplementação alimentar no inverno e suas características mais importantes.
Comentários finais
Um dos maiores desafios a serem superados para a viabilização agroeconômica da produção de carne bovina parece ser a sazonalidade da produção das pastagens. A quantidade de pastos degradados ou com baixa produtividade no Brasil parecem refletir uma certa dificuldade no ajuste do manejo das pastagens ao longo da história nas fazendas de pecuária no Brasil. O planejamento formal na aplicação de tecnologias modernas de pastejo, nutrição e manejo do rebanho podem garantir melhores resultados na fazenda viabilizando a superação da limitação imposta pela sazonalidade das pastagens. Nos casos de preço elevado da terra, estratégias de suplementação alimentar no inverno precisam ser agressivas para garantirem a produtividade verão e inverno em sistemas que buscam maior competitividade e lucratividade.
Ari José Fernandes Lacôrte e Mario Celso Fernandes Lacôrte
Plano Consultoria
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