A agricultura brasileira vem apresentando números que são espetaculares. A área cultivada em 2012/2013 bateu na casa dos 53 milhões de hectares, e a produção de grãos está estimada em 184,3 milhões de toneladas. São números de causar inveja. Mas temos potencial para aumentar significativamente a produção de grãos, fibras, carnes, açúcar e biocombustíveis.
No período de 2003/04 a 2012/13 a área ocupada com soja cresceu 22,9%, com milho 18,0%, com algodão e feijão decresceu 22,9% e 41,6%, respectivamente. Analisando-se a produtividade destes produtos, durante o mesmo período, constata-se aumento de 25,9%; 50,7%; 18,4% e 37,0% na produtividade de soja, milho, algodão e feijão, respectivamente. Estes dados não deixam dúvidas que o aumento da produção tem sido sustentado pelo aumento da produtividade.
Caso mais crítico é o feijão, onde a redução da área foi tão expressiva que o aumento da produtividade não foi suficiente para evitar a escassez do produto, especialmente a partir do segundo trimestre de 2013. O feijão perdeu área para o cultivo de outras espécies que apresentam ser mais atrativas para os agricultores no que diz respeito a rentabilidade.
Embora os números acima apresentados sejam bastante interessantes, estamos vivendo um momento delicado da agricultura brasileira, especialmente devido à elevação dos custos de produção. De acordo com estimativas do Instituto Mato-Grossense de Economia (IMEA), o custo de produção da safra 2013/2014 deve aumentar cerca de 17,1% para soja e 10,4% para o algodoeiro, quando comparado com os custos do ano agrícola de 20012/2013.
Saindo dos números vamos ver o que está acontecendo no campo:1- necessidade de controle mais frequente e sistemático de pragas, doenças e plantas daninhas; 2- surgimento de espécies de plantas daninhas resistentes a herbicidas; 3- surgimento de novas pragas. Até quando vamos conseguir conviver com estes fatores que interferem negativamente na produtividade, no custo de produção e na qualidade ambiental? A demanda por alimentos, fibra e energia é crescente por parte da população, cada vez mais urbana e mais exigente, tanto no aspecto quantitativo como no qualitativo. No caso do Brasil, os programas oficiais de transferência de renda têm proporcionado condições para que um enorme contingente de brasileiros tenha acesso a alimentos. Em resumo: conforme já previa Malthus (Ensaio sobre a população - 1798), há necessidade de um conjunto de ações para que as demandas da população, especialmente por alimentos, sejam plenamente atendidas.
Face ao exposto, é necessário refletir sobre o modelo de agricultura que queremos para o Brasil. Fundamentos básicos não estão sendo observados, como por exemplo a rotação de culturas, pois com isso estamos selecionando pragas, doenças e plantas daninhas. Começam a surgir plantas daninhas de difícil controle, novas doenças como ferrugem asiática da soja, ramulária na cultura do algodoeiro; novas pragas, como a Helicoverpa armigera e mosca branca, todas causando enormes prejuízos e exigindo aumento dos gastos com herbicidas, fungicidas, inseticidas, combustível, máquinas, implementos etc. Novas cultivares resistentes a determinadas pragas são colocadas no mercado, mas em curto espaço de tempo, não são mais eficientes.
Por que isto está acontecendo? Será que o modelo onde tentamos produzir num mesmo ano agrícola duas safras é o mais adequado para as diferentes situações, ou seria adequado apenas para condições bem específicas? Será que em alguns casos não estamos perdendo nas duas safras, além de estar causando outros problemas? Como fica a questão do vazio sanitário? Ele é fundamental para quebrar o ciclo de pragas e de agentes causadores de doenças. Estes exemplos são de táticas de manejo integrado de pragas e doenças.
Em resumo, temos instituições de pesquisa públicas e privadas, cooperativas, instituições de transferência de tecnologia e indústria trabalhando com e para os produtores brasileiros, que possuem como uma de suas marcas a sua capacidade empreendedora. Para continuar a produzir de forma sustentável, para atender à crescente demanda por alimentos, fibras e energia, é preciso incorporar aos diferentes sistemas de produção os conhecimentos existentes e utilizá-los da melhor forma possível. É preciso incrementar aquilo que se chama de Boas Práticas na Agricultura.
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