Adubação foliar mista: influência na produtividade final da cultura do milho

Por Emmanuel Zullo Godinho, da Unisagrado, Meirieli Nunes Beladeli e Flávio Alessandro Valério, do CAAEC

27.12.2023 | 15:37 (UTC -3)

A intensificação agrícola aumentou drasticamente nas últimas décadas, superando as taxas de expansão agrícola, e tem sido responsável pela maioria dos aumentos de rendimento das últimas décadas (Foley et al., 2011). Porém, a atividade vem passando por muitos desafios, cada vez mais complexos para a produção de grãos, como mudanças climáticas, pragas e doenças, e solos exauridos e desprovidos de nutrientes (Tilman et al., 2011). Segundo Scolari (2009), as culturas mais importantes produzidas mundialmente, são: arroz, trigo, milho, centeio, sorgo, cevada, milheto, triticale, soja, dendê, girassol, algodão e coco, que ocupam grandes áreas de cultivos e largamente produzidas em vários países, desde os tempos mais remotos.

No Brasil, as três principais culturas produzidas representam 90,7% da produção de cereais, leguminosas e oleaginosas, o arroz, o milho e a soja, sendo responsáveis por 83,1% da área colhida no ano de 2012 (IBGE, 2012). As culturas com maior importância, que são produzidas em todo o território brasileiro é a soja e o milho. No estado do Paraná, a produção agrícola é bem diversificada, no entanto, as duas culturas são as mais produzidas no quesito grãos, com uma produção em toneladas no ano de 2018 de 19.266.672 para a soja e 11.863.627 para o milho (IBGE, 2019). O milho no Paraná é produto com agregação de valor da produção agrícola, pois, o Estado é importante produtor brasileiro de aves, suínos e leite, atividades consumidoras de milho (Martin et al., 2011).

A cultura do milho necessita de temperatura alta, por volta de 24 e 30ºC, uma radiação solar elevada e requer disponibilidade de água no solo (Vedovato e Finamore, 2016). Os manejos do solo para o milho e os resultados são bem diferenciados, geralmente o sucesso da produção está ligada com a disponibilidade de nutrientes presentes no solo e as exigências nutricionais (micro e macronutrientes) da cultura. Os micronutrientes são nutrientes essenciais absorvidos em quantidades muito pequenas pelas culturas, sua deficiência pode ter um grande impacto no rendimento, pois eles desempenham funções fisiológicas importantes para a manutenção das plantas (Mallarino et al., 2015). O nitrogênio é um dos macronutrientes que apresenta os efeitos mais espetaculares no aumento da produção de grãos na cultura do milho (Gross et al., 2005), exercendo importante função nos processos bioquímicos da planta, sendo constituinte de proteínas, enzimas, coenzimas, ácidos nucleicos, fitocromos e clorofila (Taiz e Zeiger, 2013).

A disponibilidade de N no solo, para a cultura do milho, é controlada basicamente pela decomposição da matéria orgânica e por adubações nitrogenadas (Lopes et al., 2017). As estratégias de adubação devem ser realizadas de acordo com os resultados das análises de solo e as necessidades da planta em diferentes períodos durante o ciclo da cultura, uma vez que o nitrogênio é facilmente perdido por lixiviação ou volatilização. Portanto, o planejamento da adubação consiste em manter a quantidade de nitrogênio exigido pela planta e reduzir as perdas, sendo assim as adubações podem ser realizadas em etapas, como no plantio, cobertura e/ou foliar.

No Brasil, a adubação foliar com micronutrientes na cultura do milho tem se intensificado nos últimos anos, tendo contribuído para isso os seguintes fatores: o desenvolvimento de híbridos com elevado potencial produtivo e com maior exigência nutricional; o uso de fórmulas de fertilizantes de alta concentração reduziu a oferta de micronutrientes como impurezas (Vedovato e Finamore, 2016).

Determinar as fontes, doses e épocas de aplicação mais adequadas, bem como verificar possíveis efeitos tóxicos às plantas, pela aplicação de produtos contendo micronutrientes, podem auxiliar de sobremaneira no planejamento da adubação. O presente trabalho teve por objetivo avaliar, o desenvolvimento da cultura do milho, sobre a influência da adubação foliar do produto comercial Zebmax fertilizante mineral misto com macro e micronutrientes.

Material e métodos 

O experimento foi conduzido em condições de campo, no período de agosto a novembro de 2018, na área experimental do Colégio Agrícola Estadual de Toledo (CAET - PR), localizado no município de Toledo/PR, com Altitude de 240 m, Latitude Sul 24° 47’ 16” e Longitude Oeste 53° 43’ 29”, na região sul do Brasil. O solo do local conforme dados a seguir mostra que o solo não necessitou de correções com calcário e/ou com uma adubação específica, apresentando as seguintes características: K = 1,06 cmolc dm-3; Ca = 10,81 cmolc dm-3; Mg = 2,10 cmolc dm-3; P = 49,40 mg dm-3 pelo extrator de mehlich-1; Al+ = 0,2 cmolc dm-3; H + Al = 3,71 cmolc dm-3; pH em H2O = 5,54 e saturação de bases = 76,06%. Os canteiros (parcelas) tiveram como área de experimentação, 3 m de comprimento com 2,8 m de largura, totalizando 8,4 m², conforme Figura 1.

A semeadura foi realizada no dia 20 de agosto de 2018, o canteiro foi dividido em 5 linhas de milho, variedade DK265 com espaçamento de 0,15 m entre planta e 0,45 entre linhas, deixando 0,5 m de distância entre as bordas do canteiro. 

Utilizou no experimento dois tratamentos em triplicata, com delineamento em blocos/parcelas inteiramente casualizados (BIC), sendo um tratamento referente à aplicação do fertilizante foliar Zebmax (fitoativador composto de macronutrientes e micronutrientes – 20% P; 3% N; 2% Zn; 1% S; 1% Cu; 1% Mn), na dosagem de 5 mL m-2, e o outro tratamento controle, sem aplicação do fertilizante. A aplicação do fertilizante foi realizada aos 20 dias após a emergência (DAE) das plantas, com o uso de um regador de 5 L.

Para a análise de produtividade, a colheita foi realizada após a umidade dos grãos atingir aproximadamente 13%. Foram colhidas 10 plantas aleatoriamente dentro de cada linha, sempre seguindo o mesmo padrão dentro das parcelas (Ex.: planta 2 da primeira linha de todas as parcelas). Após a colheita manual, as espigas foram debulhadas manualmente e pesadas em uma balança analítica de precisão de 5 casas após a vírgula em gramas. Para o cálculo final de produtividade a umidade dos grãos foi ajustada para 13%.

As médias obtidas foram comparadas entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade, posteriormente foi aplicado o teste de Anderson-Darling para verificar se existe distribuição normal e por, aplicado a Anova.

Resultados e discussão 

Conforme a análise de solo, as características químicas avaliadas mostraram dentro dos padrões para a cultura do milho, não havendo necessidade de correções.

A adubação foliar com o fitoativador Zebmax realizada 20 DAE das plantas, mostrou eficiente na produtividade final dos grãos na cultura do milho, como mostra a tabela 1, os tratamentos diferiram entre si, onde o fator 1 representa a produtividade média em toneladas/hectare das parcelas que receberam o fertilizante.

A Tabela 1, demonstra os resultados encontrados na pesquisa, pois as médias dos resultados foram diferentes com a aplicação da estatística de Tukey a 5% de probabilidade, com a média no tratamento de 8.347,7ª já na testemunha 7.458,3b. O coeficiente de variação está dentro da pesquisa, pois com um CV<10%, Ferreira (2018), destaca que em ensaios com este resultado apresentado, 2,27%, apresenta uma ótima precisão experimental.  

Esses dados se assemelham aos encontrados por Munaro e Simonetti (2016), utilizando silicato de potássio via foliar no milho na dosagem de 2,25 L ha-1, teve influência sobre o desenvolvimento inicial da cultura nos parâmetros de raiz, planta inteira e produtividade. Souza et al (2010), usando o mesmo fertilizante foliar obteve resultados satisfatórios na produtividade na dosagem de 2,9 L ha-1.

A Figura 2 mostra o gráfico dos efeitos individuais da aplicação do Zebmax na produtividade do milho, onde verificou-se mudanças significativas com a aplicação do fertilizante foliar. Ela mostra que ao aplicar o Zebmax no milho, houve um aumento significativo na produtividade em grãos da cultura.

Nos gráficos de resíduos na Figura 3.c observa-se a distribuição aleatória dos resíduos próximos do zero bem como na ordem de coleta dos ensaios na Figura 3.d., o qual teve como parâmetros ±200 em cada linha. Verifica-se também que no gráfico da probabilidade normal dos resíduos, já na Figura 3.b não há a presença de outliers e que os resíduos aderem a uma distribuição normal, com p-valor = 0,15 (> 0,05) determinado pelo teste de normalidade de Anderson-Darling (AD), dentro dos parâmetros testados ±400. Essas observações quanto aos resíduos na ANOVA satisfazem a premissa da Estatística paramétrica e permite uma análise mais aprofundada dos dados.

No experimento de Vedovato e Finamore (2016), identificaram que a dosagem de 362 kg ha-1 de N via foliar apresentou melhor desempenho na cultura, enquanto a dose de 90 kg ha-1 de N proporcionou a melhor rentabilidade para a cultura. No nosso experimento, a produtividade por hectare foi o alvo, logo que as observações no desenvolvimento foliar e radicular foi somente visual e registrado por imagem. O tratamento na dosagem de 5 mL m-2 mostrou resultados eficientes na produtividade em relação ao tratamento controle.

As plantas do tratamento com o fertilizante apresentaram desenvolvimento foliar e radicular superiores ao tratamento controle, porém as observações foram feitas sem viés paramétricos, uma vez que, não foram mensurados comprimento e largura das folhas e raízes. Nossos resultados corroboram com o estudo realizado por Deuner et al (2008), os quais observaram que a adubação foliar ao nível de 0,5% de ureia proporcionou uma área foliar 33% superior em comparação à aplicação via solo. 

Conclusão

O tratamento apresentou maior produtividade, quando comparado ao tratamento-controle. 

O fertilizante foliar Zebmax aplicada via foliar, pode contribuir para incremento na produtividade da cultura do milho, aumentando ainda a sanidade geral da planta, pois no mesmo possui diversos macronutrientes e micronutrientes.

*Por Emmanuel Zullo Godinho, da Unisagrado, Meirieli Nunes Beladeli e Flávio Alessandro Valério, do CAAEC

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