Zoneamento da cana-de-açúcar é discutido na Embrapa

20.10.2009 | 21:59 (UTC -3)

O zoneamento agroecológico da cana-de-açúcar para a produção de etanol e açúcar no Brasil, lançado no mês passado, em Brasília, é o tema da palestra a ser proferida na Embrapa Instrumentação Agropecuária nesta quinta-feira (22/10).

O evento inicia-se às 10 horas. A palestra será proferida pelo pesquisador Celso Vainer Manzatto, chefe-geral da Embrapa Meio Ambiente e um dos responsáveis pelo estudo. A proposta do zoneamento é fornecer subsídios técnicos para formulação de políticas públicas visando à expansão e produção sustentável de cana-de-açúcar no território brasileiro. O pesquisador explica que no trabalho foram utilizadas técnicas de processamento digital para avaliação do potencial das terras destinadas à produção da cultura de cana-de-açúcar em regime de sequeiro, sem irrigação plena. Para isso, considerou-se como base várias características dos solos, expressos espacialmente em levantamentos de solos e em estudos sobre risco climático, relacionados aos requerimentos da cultura, como precipitação, temperatura, ocorrência de geadas e veranicos. Os principais indicadores considerados na elaboração do Zoneamento Agroecológico foram à vulnerabilidade das terras, o risco climático, o potencial de produção agrícola sustentável e a legislação ambiental vigente.

De acordo com Manzatto, as terras com declividade superior a 12% foram excluídas, observando-se a premissa da colheita mecânica e sem queima para as áreas de expansão, as áreas com cobertura vegetal nativa, os biomas Amazônia e Pantanal, as áreas de proteção ambiental, terras indígenas, remanescentes florestais, dunas, mangues, escarpas e afloramentos de rocha, reflorestamentos, áreas urbanas e de mineração. Outra área excluída nos Estados da Região Centro-Sul, foram as cultivadas com cana-de-açúcar no ano safra 2007/2008, com base no mapeamento realizado pelo Projeto CanaSat – INPE.

"As áreas indicadas para a expansão compreendem aquelas atualmente em produção agrícola intensiva, produção agrícola semi-intensiva, lavouras especiais -perenes e anuais- e pastagens. Estas foram classificadas em três classes de potencial: alto, médio e baixo, discriminadas ainda por tipo de uso atual predominante (Ag – Agropecuária, Ac – Agricultura e Ap – Pastagem) com base no mapeamento dos remanescentes florestais em 2002, realizado pelo Probio-MMA".

Os estudos foram realizados para os Estado da Federação não contemplados totalmente pelo bioma Amazônia. Foram empregadas as melhores informações temáticas e cartográficas disponíveis no país com escala de abstração de 1:250.000, quando possível. Os resultados estão apresentados em mapas de vários formatos e em tabelas com estimativas de áreas aptas à produção de cana-de-açúcar por município e tipo de uso da terra. O pesquisador informa que as estimativas demonstram que o país dispõe de cerca de 64,7 milhões de hectares de áreas aptas à expansão do cultivo com cana-de-açúcar, sendo que destes, 19,3 milhões de hectares foram considerados com alto potencial produtivo; 41,2 milhões de hectares como médio e; 4,3 milhões como de baixo potencial para o cultivo. As áreas aptas à expansão cultivadas com pastagens, em 2002, representam cerca de 37,2 milhões de hectares. "As estimativas demonstram que o país não necessita incorporar áreas novas e com cobertura nativa ao processo produtivo, podendo expandir ainda a área de cultivo com cana-de-açúcar sem afetar diretamente as terras utilizadas para a produção de alimentos".

Perfil palestrante

Celso Vainer Manzatto é Engenheiro Agrônomo pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Concluiu os cursos de Mestrado em Ciência do Solo na mesma Universidade em e o de Doutorado em Produção Vegetal pela Universidade Estadual do Norte Fluminense em. Foi consultor de empresas de engenharia em projetos de irrigação e drenagem, assentamentos humanos e estudos de impacto ambiental. Desde 1995, é pesquisador da Embrapa Solos, onde já foi chefe adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento e chefe geral. Em agosto de 2009, assumiu a chefia geral da Embrapa Meio Ambiente. É membro do Conselho Superior da FAPERJ desde 2005 e do conselho de Administração da PESAGRO Rio desde 2007. Possui experiência na área de Agronomia, com ênfase em Produção Vegetal, atuando principalmente nos temas de pedologia, aptidão agrícola, zoneamentos e assentamentos humanos.

Joana Silva

Embrapa Instrumentação Agropecuária

(16) 21072901 /

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