Webinar reforça parceria agrícola entre Brasil e Reino Unido

A Câmara Britânica reuniu lideranças do Brasil e Reino Unido para discutir os projetos de cooperação entre os dois países no campo da ciência e inovação na agricultura

13.10.2022 | 13:36 (UTC -3)
Vanessa Kopersz
Melanie Hopkins e Ana Paula Amaya Gutierrez
Melanie Hopkins e Ana Paula Amaya Gutierrez

Em evento organizado pela Câmara Britânica, participaram de webinar em torno do assunto ciência e inovação na Agricultura brasileira: Soraya Araújo, Coordenadora Geral de Mudanças Climáticas, Florestas Plantadas e Agropecuária Conservacionista do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, além de Ana Paula Amaya Gutierrez, Gerente de Financiamento Internacional para o Clima e Agricultura Sustentável do Governo Britânico no Brasil.

O webinar também teve a participação especial de Melanie Hopkins, Embaixadora Interina do Reino Unido no Brasil. Hopkins abriu o webinar afirmando que o "Reino Unido é o segundo maior parceiro do Brasil em colaboração científica na agricultura, tanto em produção científica quanto no impacto nas pesquisas, tendo a Embrapa como um dos mais tradicionais apoiadores desta dupla parceria".

"Nossa equipe de ciência tem expandido essa colaboração na parte de inovação, apoiando projetos em agricultura digital, através da atuação em conjunto com a empresa Satellite Applications Catapult. No nosso primeiro projeto em parceria, fomos pelo caminho da agricultura sustentável, através do monitoramento por satélite, conectividade e inteligência geoespacial, quando atraímos o interesse de 80 empresas", afirmou.

A Embaixadora também deixou claro que "graças ao papel estratégico da ciência aplicada à agricultura, a Embrapa tem ajudado a validar metodologias específicas para calcular o desmatamento evitado e as emissões de gases poluentes também barradas".

De acordo com a explicação de Hopkins, a Embrapa conseguiu mapear e verificar que 8.500 hectares não foram desmatados nem degradados por conta da agricultura de baixo carbono que foi implementada em 70 municípios da Amazônia e da Mata Atlântica. "Assim, foram evitadas a emissão de quase 9 milhões de toneladas de CO2 na atmosfera. Essas são evidências muito importantes para demonstrar o potencial de mitigação e adaptação da agricultura sustentável do Brasil na tentativa de conter o aquecimento global", disse.

Já Ana Paula Amaya Gutierrez apresentou o Programa Rural Sustentável, um pilar da cooperação da cooperação da agricultura de baixo carbono entre o Reino Unido e o Brasil. Este vem se implementando desde 2012, parceria do Ministério da Agricultura e da Embrapa, com apoio do BID O Banco Interamericano de Desenvolvimento.

Gutierrez explicou que "o objetivo do programa é apoiar a transição da agropecuária no Brasil, gerando incentivos e levando assistência técnica ao campo". Ela ainda afirmou que, para reduzir o desmatamento, "investimos em disseminação de práticas sustentáveis e gestão das propriedades, que hoje já alcançam 21% do território brasileiro em regiões como a Mata Atlântica, Cerrado, Caatinga e Amazônia, totalizando 252 municípios".

E onde a ciência e a pesquisa entram? "A Agricultura de Baixo Carbono não é uma política trivial, é um desafio muito grande. Trabalhamos com sistemas integrados, recuperação de áreas degradadas e tecnologias ou metodologias reaplicáveis", resume.

As perspectivas do Programa Rural Sustentável são excelentes: através de um arcabouço de parcerias e de resultados, o projeto tem construindo um legado sólido e com números expressivos. "Estamos em uma cooperação triangular com a África, reduzimos a emissão de 1,7 milhão de toneladas de gases de efeito estufa por meio de desmatamento evitado, manejamos de forma sustentável 63 mil hectares de terra, aumentamos em 18% de renda de produtores rurais em áreas de não intervenção, além de aumentarmos de 10% em cadeias sustentáveis na Amazônia, beneficiando cerca de 30 mil pessoas", Gutierrez elenca. E completa: "também construímos um diálogo político muito relevante entre países protagonistas sobre floresta, agricultura e commodities".

No segundo bloco do webinar, Soraya Araújo apresentou o Plano ABC Mais, voltado para uma pecuária de baixo carbono, com desenvolvimento territorial sustentável e que vem se desenhando desde 2010. "Nós tivemos duas fases desse plano: uma de 2010 até 2020 e outra, que se iniciou em 2020 e vai até 2030".

Na primeira fase do plano as metas foram, segundo Araújo: "mitigar a emissão dos gases de efeito estufa, adoção de tecnologias que trazem uma agricultura mais resiliente e adaptação a mudanças climáticas". Todos estes objetivos foram atingidos, segundo a Coordenadora Geral de Mudanças Climáticas, Florestas Plantadas e Agropecuária Conservacionista do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Na segunda fase do programa, que acontece atualmente, em um novo contexto mundial e permeada por novos acordos em torno do clima, "a meta é promover a adaptação da agropecuária brasileira às mudanças de clima e a mitigação das emissões de gases de efeito estufa, com aumento da eficiência e resiliência dos sistemas produtivos por meio de uma gestão integrada de paisagem", explica Araújo.

"Agora falamos muito em adaptação. Temos vivido o efeito de mudanças climáticas muito fortes. No Brasil, a seca no Rio Grande do Sul afetou a cultura da soja em bilhões de dólares e houve perdas muito significativas de produção, portanto temos de ficar atentos", pontuou.

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