Abertura do mercado chinês para amendoim brasileiro anima produtores

Com boas perspectivas sobre o posicionamento do mercado exterior, produtores planejam uma comercialização melhor que em 2021

12.10.2022 | 09:41 (UTC -3)
Fábio Bouças

De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) a produção brasileira de amendoim aumentou de 346,8 mil toneladas na safra de 2014/2015, para uma estimativa de 746,7 mil toneladas no ciclo 2021/2022, um aumento de 115%. O bom desempenho, segundo pesquisadores da instituição, está relacionado ao aumento da área destinada para a cultura.

Conforme a CONAB, a maior parte do amendoim cultivado no país é exportada, 70% da produção é destinada ao mercado internacional, principalmente para países da União Europeia. Outros importantes compradores são Rússia, Ucrânia, Reino Unido, Colômbia, África do Sul e México.

Com a guerra instalada entre Rússia e Ucrânia, a preocupação dos produtores de amendoim aumentou, já que as exportações para ambos estão sendo afetadas desde fevereiro deste ano, quando iniciou-se a guerra. Mas pesquisadores da CONAB avaliam que a China tem demonstrado cada vez mais interesse no amendoim brasileiro.

Segundo Fábio Pizzamiglio, diretor da Efficienza, empresa especializada no comércio exterior, o momento é de diversificação de mercado. “Nós sabemos que o impacto do conflito militar na Europa continuará afetando os trâmites do comércio exterior e, por esta razão, é necessário que os produtores busquem novos mercados para manter os números positivos da exportação do produto”, afirma o executivo.

Atualmente 47 empresas brasileiras estão autorizadas a exportar o produto, após a inclusão de todas as etapas concluídas. A decisão ocorreu após comunicado do Ministério da Agricultura que comunicou em nota que o mercado chinês para a exportação de amendoim está valendo desde o final de setembro. As empresas foram habilitadas pelo Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Vegetal da Secretaria da Defesa e Agropecuária.

Anualmente a China importa cerca de US$ 800 milhões com o produto. Rússia e Ucrânia juntas somam quase metade da exportação do amendoim brasileiro. Este trâmite proporcionou cerca de US$ 344 milhões em vendas para empresas brasileiras em 2021.

Somente a Rússia foi responsável por 37,6% do valor, enquanto a Ucrânia pagou 8,71%, conforme dados apurados e apresentados pelo Ministério da Agricultura. No entanto, ainda que a produção e exportação do amendoim seja amplamente afetada pela guerra entre Rússia x Ucrânia, ele não integra nem a lista dos 10 produtos mais exportados pelo país.

No Brasil, a maior parte do amendoim é exportado através do porto de Santos, no litoral paulista, enquanto uma pequena parcela sai de Paranaguá, no Estado do Paraná. De toda forma, este comércio está concentrado no Sudeste, tendo em vista que o Estado de São Paulo é responsável pela produção de 93% das quase 746 mil toneladas de amendoim colhidas pelo país na safra.

Porém, para Pizzamiglio, os atrasos provocados pela greve dos auditores fiscais podem gerar problemas e precisam ser enfrentados pelo Governo Federal. “O porto de Santos teve um acréscimo de 150% no tempo para desembaraço aduaneiro. Desta forma, precisamos de ações emergenciais para diminuir o impacto da greve em nossos portos e aeroportos estratégicos para o comércio exterior”, completa.

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