Agricultura Bio desacelera na França

Ainda em crescimento, o setor desacelera e enfrenta queda no consumo devido à alta de preços

12.10.2022 | 08:39 (UTC -3)
Cultivar
Fazenda na Normandia - Foto: David Mark
Fazenda na Normandia - Foto: David Mark

Os agricultores franceses estão menos dispostos a adotar a cultura biológica do que no passado, embora seu número ainda cresça. Entre janeiro e agosto deste ano 4.070 agricultores converteram seus cultivos, um crescimento de 7%. No ano passado, no mesmo período, houve 5.411 conversões, um aumento de 12%. É a primeira vez que a agricultura bio registra queda na progressão.

A Agência Bio, organismo que regula a atividade, informa que as vocações são menos numerosas, há agricultores se aposentando sem sucessores e até alguns que voltam à agricultura convencional, isto é, com o uso de fertilizantes químicos e agroquímicos.

O fenômeno não é novo, apenas se acentua, diz a agência. contabilizamos 2.173 desistências, ou 3,7% da do total em atividade em janeiro de 2022. Há um ano só 1.533, ou 2,9% desistiram, disse Laure Verdeau, diretora da Agência Bio ao jornal francês Le Monde. "Estimamos que no fim de 2022 teremos passado dos 5%", acrescenta.

Há no momento 1.897 fazendas registradas para ingressar na atividade bio, uma cifra duas vezes menor do que a de 2021. "Há uma forte baixa nos pedidos de informações para a conversão em bio. Ainda que o saldo seja positivo, a dinâmica é de marcar passo", afirma Phillipe Camburet, da Federação de Agricultores Biológicos.

O freio se deve a um resfriamento do mercado. O apetite dos franceses pelos produtos bio está menos voraz. O consumo vem caindo desde 2021, quando desembolsaram 12,65 bilhões de euros para comprar alimentos desse tipo. Uma queda de 1,4% no ano. Estima-se que 2022 verá nova queda de 5,6% em valores.

A causa principal vem sendo a inflação. O aumento de preços tem sido a preocupação maior dos franceses (54%). As outras: o aquecimento climático (43%), a guerra da Ucrânia (32%) e a crise sanitária (11%). E os produtos biológicos são em média 30% mais caros dos que os convencionais.

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