Veja o teste do MF 7180 realizado pela Equipe da Cultivar Máquinas

19.07.2010 | 20:59 (UTC -3)

A Cultivar Máquinas teve a oportunidade de conhecer em primeira mão a nova série 7100 dos tratores Massey Ferguson e realizar o test drive com o modelo MF 7180. Esta série, que está sendo lançada no mês de janeiro nas concessionárias e depois nas feiras de verão, como Show Rural Coopavel, em Cascavel (PR), e Expodireto, em Não-Me-Toque (RS), já inicia com quatro modelos: MF 7140 de 140cv, MF 7150 com 150cv, MF 7170 com 170cv e o MF 7180 com 180cv.

Estes novos tratores substituem de forma permanente e definitiva os tratores da série 600, dos modelos 650, 660 680 que por vários anos formaram a gama alta de tratores MF. Assim, o 7140 substitui o modelo 650, o 7150 substitui o 660, o 7170 substitui o 680, ganhando o mercado um novo trator de que é o 7180.

Estes robustos tratores vêm ao mercado com o objetivo de atender as grandes lavouras de grãos (soja, milho, trigo etc) e a lavoura de cana-de-açúcar, naturalmente exigente em tratores de maior porte. Os concorrentes diretos do MF 7180 são o John Deere 7715, o Case MXM 180, o New Holland TM 7040 e o Valtra BH 180. Antes, o MF 680, que tinha 173cv, estava em desvantagem na potência de motor e, agora, o 7180 equilibra forças.

Inicialmente impressiona a adoção pelo fabricante do padrão de design da linha internacional da Massey Ferguson, comercializada na Europa e nos Estados Unidos, com algumas características básicas, mas que são bem representadas pela nova grade dianteira envolvente e que aparece abraçando o capô dianteiro, pela frente. A cor da pintura está mais viva com um

vermelho puro sem tonalidades de laranja e o chassi, antes pintado de preto, adota agora a cor cinza, acompanhando o padrão tradicional e mundial da marca.

O motor escolhido para equipar esta linha, foi o modelo 620 DS produzido pela AGCO Sisu Power. Este motor foi projetado para manter uma potência constante nas rotações próximas à nominal (1.800 a 2.200rpm). Assim, mesmo com uma pequena queda de rotações, a potência se mantém naquela faixa em que, na maioria dos tratores e operações, é necessário o uso da reserva de torque. Este motor, que inicia nesta série, tem fama de econômico e possui uma excelente rede de atendimento em mais de 500 postos em toda a América do Sul e aproximadamente 200 somente no território brasileiro. Portanto, há uma vasta experiência com este motor no uso agrícola.

Para uma potência máxima de 180cv, 132,5kW a 2.200rpm e um torque máximo de 720Nm a 1.400rpm, verifica-se uma boa reserva de torque de 25%. O fabricante recomenda um período de amaciamento de 100 horas como mínimo para que se possa obter uma prolongada vida útil.

A estrutura escolhida foi de monobloco, tradicional da marca MF, porém com um projeto mais robusto, em função das exigências que estes modelos irão ser submetidos no trabalho de campo, embora fosse esperado algum movimento da engenharia da fábrica para nesta série ser iniciada a utilização de chassi ou semi-chassi.

O modelo que testamos tinha 7.800kg de peso lastrado com água, relação peso/potência de 44kg/cv, com a possibilidade de colocação de pesos metálicos de até 1.900kg com 12 placas de 42kg cada, para o suporte dianteiro, e de um a três discos de 95kg presos a cada uma das rodas traseiras. Também há a opção de colocar-se um centro de roda de 540kg e rodas duplas (duplado), chegando a um peso máximo de 9.900kg que dá uma relação de peso/potência de 55kg/cv.

No entanto, o fabricante criou várias opções de combinação entre estes lastros em função de qual rodado equipa o trator e, é claro, em função do trabalho que se pretende executar, evitando compactar o solo, porém, diminuindo o patinamento, otimizando a tração e, no final,

proporcionando maiores capacidades operacionais.

Sem dúvida, a Massey Ferguson não gostaria de perder as principais características que marcam há tantos anos esta marca que, talvez devido a isto, esteja se mantendo líder no mercado nacional, que é o baixo custo operacional e a fácil manutenção. E, pelo visto, nos novos tratores a mantenabilidade e a servicibilidade foram fatores primordiais do projeto.

Exemplo disto é o capô basculante, que facilita o acesso e incentiva o usuário a fazer a manutenção preventiva. A abertura é feita pela frente com o simples aperto de um botão. De cara, impressiona a dimensão do filtro de ar do sistema de alimentação. Também as tampas laterais, facilmente removíveis, dão acesso fácil no lado direito à correia do alternador e bomba d’água, turbocompressor, alternador, sedimentador, motor de arranque e, pelo lado esquerdo aos filtros, bomba injetora e cárter do motor. No centro e ao alto, facilmente acessível está o reservatório auxiliar de líquido de arrefecimento.

Igualmente chama a atenção a criatividade ao montar uma estrutura corrediça que facilita a limpeza da parte frontal do radiador, deslocando-se o radiador do sistema hidráulico. O trator testado tem tanque para 420 litros de combustível e, como todos os outros modelos da série, possui caixa de ferramenta de fácil acesso e um depósito de água limpa.

Aliás, como prevê a NR-31 do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), vários itens foram incorporados, como chave corta corrente, triângulo de alerta, em material fosforescente, a tomada de eletricidade padronizada e o local para a placa de identificação. Todos os modelos cabinados desta série podem ser equipados com o recurso de piloto automático, já explicado detalhadamente em número anterior da Revista Cultivar Máquinas.

No posto de operação visualizaram-se algumas melhorias feitas pela engenharia, no sentido de melhorar a ergonomia. O acesso foi melhorado e o local do operador está em posição mais elevada, com plataforma e com um melhor posicionamento dos comandos e dos pedais. Para aumentar a agilidade, principalmente nas manobras, foi providenciado um volante de menor diâmetro, que não aumentou o esforço do operador pelo excelente sistema de direção assistida hidraulicamente.

Há possibilidade de regulagem da posição do volante e um bom sistema de regulagem de posição do banco, o que configura posições adequadas para todos os portes de operadores. Os postos podem ser abertos ou cabinados. Os cabinados têm como principais mercados a lavoura de cana-de-açúcar e as de agricultura comercial de grande porte. Os postos abertos, sem cabina, são os preferidos pelos prestadores de serviços e parte da agricultura comercial, principalmente da região Centro-Oeste do país e sul da Bahia.

Em todos os modelos a plataforma está montada sobre coxins de borracha, para diminuir as vibrações que chegam ao posto de operação. O painel é simples, embora suficiente, e conta com poucos instrumentos como tacômetro, horímetro, indicador de volume de combustível e termômetro da água de arrefecimento. O arco de segurança é autocertificado pelo seu laboratório, como já acontece normalmente com a marca. É ampla a disponibilização de adesivos indicativos de ações e cuidados. Positivamente chama a atenção um espelho panorâmico, interno ao posto do operador, que possibilita a visão traseira de todo o equipamento que está acoplado. O fabricante também solucionou o problema gerado pelo acúmulo de calor no toldo de chapa utilizado anteriormente, substituindo por de maior tamanho e construído em plástico branco. O banco é convencional com apoio para os braços e boa regulagem de posição (distância ao volante).

O sistema de transmissão, marca ZF é do tipo sincronizado com 12 velocidades à frente e cinco a ré. A sexta marcha não engata ré, por questões de segurança. O escalonamento parece ser bem adequado para operações pesadas de preparo do solo e semeadura, com sete marchas entre 4 e 12km/h, a faixa de velocidades mais utilizada nestas operações.

O bloqueio do diferencial é ainda mecânico, através de um pedal posicionado entre os pedais de embreagem e freios. O sistema utilizado na transmissão é o sincronizado, com um arranjo de 12 marchas, divididas em regimes de alta e de baixa para cada marcha. Não existe o tradicional sistema de grupos, normalmente utilizado pela Massey Ferguson na linha de pequenos e médios tratores. As alavancas de troca de marchas agora utilizam cabos para a troca e foram reprojetados os trambuladores na caixa. Quanto à tomada de potência (TDP), é independente com duas opções de rotação, 540rpm e 1.000rpm, acionada por alavanca.

Todos os tratores da série são fabricados com a tração dianteira auxiliar (TDA). O eixo dianteiro é marca ZF, reconhecidamente robusto e funcional, com um sistema de autoblocante de diferencial e com excelente ângulo de esterçamento de 55°, como informa o fabricante. Este eixo dianteiro é divido em três partes, o que facilita a manutenção corretiva.

A variedade de pneus oferecidos é bastante ampla, sempre em casais para sincronizar a velocidade dos dois eixos, com possibilidades de oferta em pneus duplados e inclusive em determinadas opções com o sistema bastante utilizado em outras linhas da marca que é o PAVT, que permite o ajuste de bitola de forma automática com o trator parado, somente através do ajuste de pequenas castanhas.

O controle remoto é bastante qualificado, com centro fechado e que permite a utilização simultânea de mais de um equipamento. Tem vazão máxima de 138l/minuto e, dependendo do modelo, pode chegar a quatro módulos com dois corpos para motores hidráulicos e dois para pistões. As alavancas de acionamento do controle remoto estão posicionadas ergonomicamente ao lado direito do operador. Nos terminais de engate dos módulos do controle remoto possui um sistema que retém e armazena o óleo que venha a escorrer durante o acoplamento das mangueiras do implemento ao trator.

Nesta gama de tratores passa a ser comum o fornecimento de unidades sem sistema hidráulico de três pontos, componente que é fundamental nos modelos de pequeno porte. Assim, o cliente pode solicitar o trator sem sistema hidráulico de três pontos, para reduzir o custo de aquisição. Esta opção será uma versão muito usual em cereais, sob plantio direto, principalmente nas regiões de fronteira de expansão da área agrícola brasileira.

O sistema hidráulico mantém as funções existentes em tratores da série 600 com Boschtronic, com um painel fácil de operar, com botões de memorização da regulagem de altura máxima e mínima e, em substituição às famosas duas alavancas do sistema Ferguson, de controle de profundidade e tração, fazendo uso apenas de botões. Como inovação, temos o controle eletrônico no sistema hidráulico, que introduz um componente eletro-hidráulico no sistema Ferguson de controle de profundidade e tração do terceiro ponto, tradicionalmente feito por meio de uma mola. A capacidade de levantamento está bem adequada à dimensão dos tratores da série, aproximadamente 5.500kg no olhal e 4.500kg a 610mm.

O acionamento do sistema hidráulico nesta série deixa de ser por alavancas e está colocado no painel lateral do trator, ao lado direito do operador. Assim mesmo, como já é um critério de qualidade atual, há comandos de hidráulico, por botões, no pára-lama do trator, proporcionando mais segurança ao operador, que nestas condições pode acoplar os implementos sem necessitar de auxílio de outra pessoa.

Fizemos um teste de campo em uma parcela na Fazenda Experimental da Ulbra, Universidade Luterana do Brasil, na cidade de Nova Santa Rita (RS). Tivemos o auxílio da equipe da fábrica, principalmente do engenheiro agrônomo Daniel de Souza Dias, analista de Marketing de Produto, que nos proporcionou o equipamento e o apoio de campo.

Trabalhamos com uma plantadeira Massey Ferguson, MF 512 L45 com 11 linhas de 0,5m de espaçamento entrelinhas, em terceira marcha baixa, a aproximadamente 6km/h. Notamos que é muito interessante a possibilidade da troca sincronizada de marchas entre grupo de alta e baixa, com um escalonamento que só nesta faixa entre 5 a 10km/h há cinco marchas disponíveis.

Outro ponto importante é a agilidade no levante da plantadeira nas manobras de cabeceiras, devido à elevada capacidade do sistema hidráulico acionado pelo controle remoto. O ruído do motor é bastante característico e diferente do que estávamos acostumados na linha MF. O trator demonstrou não ter nenhum problema para efetuar este trabalho, mesmo com uma demanda bruta aproximada de 16cv/linha, inclusive sugerindo que com o espaçamento convencional de 45 centímetros desta plantadeira, poderíamos estar perfeitamente tracionando as 12 linhas, que normalmente é utilizado.

Ao final tivemos a impressão de que estamos frente ao um trator com um excelente motor, já comprovado e com tecnologia compatível com a faixa de potência e com a realidade da agricultura brasileira. Notamos que vários problemas antes detectados pelo mercado na linha 600 foram resolvidos e houve uma melhora substancial no projeto, sem acessar demasiadamente itens de tecnologia avançada, que encarecem o produto.

UFSM

Teste publicado na edição nº 81 da Revista cultivar Máquinas (dezembro de 2008).

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