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Desde o início do semestre letivo a Faculdade de Ciências Agronômicas (FCA) da Unesp, Câmpus de Botucatu, recebe quatro alunos de intercâmbio franceses, como parte de um convênio entre a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e o Ministério da Agricultura francês, o Programa Brasil/França Agricultura - Brafagri.
O professor Waldemar Venturini, do Departamento de Gestão e Tecnologia Agroindustrial da FCA explica que a presença de intercambistas no Brasil tem aumentado nos últimos anos. “Dá para perceber que está havendo um maior interesse. Não sei dizer se em função da crise na Europa, mas eles estão enxergando no Brasil e nos demais países emergentes boas oportunidades de trabalho”.
Baptiste Benoit-Lizon, aluno do curso de Horticultura, do Agrocampus Ouest, na cidade de Angers, disse que o que mais chamou sua atenção até agora foram estudos sobre reflorestamento e recuperação de áreas degradadas. “Antes de chegar aqui não pensava que a ecologia tinha uma importância grande no Brasil. Conhecia apenas a vocação brasileira para grandes culturas como a cana”.
Companheiro de sala de Baptiste, Antoine Queró também têm grande interesse em questões ecológicas. Os dois ficarão por 18 meses no Brasil e com isso pretendem conseguir o duplo-diploma, que consiste em obter, além do diploma da universidade de origem, outro referente à universidade em que foi feito o intercâmbio.
“Ao final do curso eles terão um diploma francês (de horticultura, do Agrocampus Ouest) e um diploma brasileiro (de Agronomia, da FCA). Isso torna possível o trabalho deles tanto na França, quanto no Brasil”, explica o professor Waldemar. “Quero trabalhar fora da França, e o duplo diploma é interessante para podermos atuar em regiões tropicais. Assim posso conhecer um pouco mais do mundo também”, completa Antoine.
Além dos alunos de Angers, a FCA recebe duas alunas de Agronomia, do Agrocampus Ouest, em Rennes. Constance Laplace e Maria Brykalski estudarão na FCA por um período de seis meses.
Rafaela Martins, aluna da FCA, está em Rennes para obter o duplo-diploma pelo Agrocampus Ouest. Ela conseguiu o intercâmbio através de projeto vinculado ao FCAV/Unesp, em Jaboticabal, e ficará na França por três semestres.
O convênio - O Brafagri é um programa bilateral entre Brasil e França para a troca de estudantes de graduação nas áreas de ciências agronômicas, agroalimentares e medicina veterinária.
Em 2011 foram iniciados nove projetos através do convênio Brafagri. O professor da FCA Waldemar Venturini coordena um desses projetos, que envolve a Unesp, a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Agrosup Dijon e o VetAgrosup – Clermont-Ferrand.
O professor explica que a Unesp está envolvida em mais quatro projetos do Brafagri e dentre estes detém a coordenação de três. Por conta disso a mobilidade dos alunos franceses e brasileiros é facilitada. “Apesar destes alunos que vieram para a FCA estudarem no Agrocampus Ouest, que está vinculado a um projeto do câmpus da Unesp, em Jaboticabal, eles podem fazer o intercâmbio por aqui, pois, havendo interesse, há possibilidade desse entrecruzamento”.
Além de receber os alunos estrangeiros, o programa de intercâmbio coordenado pelo professor Waldemar mandou, neste semestre, nove alunos para a França, um a mais do que no ano passado. “Do lado Francês também houve uma evolução já que recebíamos um aluno por ano e agora recebemos quatro. A avaliação que faço é muito positiva, porque houve um aumento de interesse dos dois lados”, avalia o professor.
Diferenças e dificuldades - Para o professor Waldemar, as maiores barreiras para a evolução de um projeto como esse são impostas pela língua. “O domínio do idioma é um problema para os dois lados. É difícil encontrar alunos brasileiros que falem francês, tanto como alunos franceses que falem português.”
Assim mesmo, o professor elogia a preocupação com o estudo da língua estrangeira promovido pelas universidades europeias. “Lá, é exigido que os alunos aprendam duas línguas. O inglês é obrigatório. Então existe uma preocupação com a internacionalização e globalização do mercado de trabalho. As faculdades brasileiras estão apenas começando a trabalhar em cima disso. preocupação. Na FCA temos cursos de francês, inglês, espanhol e mandarim. É um começo”, analisa.
Os intercambistas contam que o sistema de graduação francês funciona de forma diferente do brasileiro. Os dois primeiros anos correspondem a um curso mais básico e genérico. Após essa etapa, o aluno passa por mais três anos de especialização, no caso deles, em Horticultura. “A grande diferença é que, ao término desses cinco anos, já saímos com um diploma de mestrado”, afirma Baptiste.
O professor conclui dizendo que convênios como esse são muito importantes para o fortalecimento do ensino superior brasileiro. “Apesar de algumas disparidades, o projeto é muito interessante, pois permite que nossos alunos viajem para a França para se especializar. Isso é importante para eles, para a universidade e para o Brasil”.
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