Técnicos de Moçambique visitam a Embrapa Cerrados

06.05.2009 | 20:59 (UTC -3)

A experiência brasileira, especialmente da Embrapa Cerrados, no desenvolvimento da região dos cerrados como pólo de produção agropecuária tem atraído a atenção de técnicos de Moçambique.

A Embrapa Cerrados (Planaltina-DF) recebeu, terça-feira (05/05), visita de representantes do Ministério da Agricultura de Moçambique e da Jica – Agência Japonesa que apóia ações nos países africanos.

A missão foi recebida pelo Chefe-geral José Robson Sereno, pelo Chefe Adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento Fernando Macena e pelos pesquisadores Geraldo Martha, Djalma Martinhão, Tadeu Graciolli e Eric Scopel, do Cirad- Instituto Francês de Pesquisa.

Um dos técnicos do Ministério da Agricultura apresentou o Plano de Ação para produção de Alimentos, que visa, até 2011, eliminar o déficit do país nos principais produtos alimentares, aumentar a produtividade, expandir as áreas de cultivo e reduzir a dependência às importações. Entre os maiores problemas do país estão a fraca infraestrutura nas áreas rurais, dificuldade de financiamento e de produção de sementes básicas.

Em Moçambique, há 7 milhões de hectares disponíveis para atividade agrícola. São aproximadamente 3 milhões de empreendimentos agrários, dos quais 97% são ocupados por agricultores familiares em área média de 1,5 hectares. As principais culturas alimentares são milho e mandioca, seguida de arroz. A cultura de maior rendimento é a cana-de-açúcar. Com condições agroclimáticas propícias a produção agrícola diversificada e com proximidade geográfica a mercados consumidores importantes, o país tem grande potencial para o agronegócios.

Manejo do solo

O pesquisador Djalma Martinhão, da Embrapa Cerrados, ressaltou aos visitantes a importância do correto manejo do solo para o sucesso da agricultura. Atualmente, os cerrados é responsável por 54% da produção brasileira de grãos. Ele citou a eficiência de uso de fertilizantes como um dos responsáveis pela expansão da agricultura nos cerrados brasileiro a partir da década de 70. “Assim como aconteceu aqui, não dá para entrar no sistema sem investir em corretivos e fertilizantes. Quanto menor a área, como a de pequenos agricultores, mais importante o uso de corretivos e fertilizantes”, frisou.

Algumas das principais contribuições das pesquisas para o desenvolvimento agrícola dos cerrados brasileiros são a correção da acidez do solo, a definição no modo de aplicação dos adubos, o uso de gesso agrícola e a fixação biológica de nitrogênio. No período da tarde, os técnicos moçambicanos tiveram a oportunidade de conhecer experimentos na Unidade que utilizam tais tecnologias. Assim como de verificar o sucesso de experimentos em fruticultura irrigada. O pesquisador Tadeu Graciolli apresentou no campo o desenvolvimento das pesquisas em fruticultura relacionadas às culturas da banana, abacate, maracujá e consórcio entre graviola, acerola com grãos e hortaliças.

A experiência com agricultores familiares no município de Unaí foi relatada pelo pesquisador Marcelo Nascimento. A Embrapa Cerrados desenvolveu projeto em assentamentos da reforma agrária com objetivo de fortalecer as organizações sociais, melhorar o processo produtivo e a inserção dos produtos no mercado e orientar sobre o manejo da fertilidade do solo e dos recursos naturais. Atualmente são realizadas atividades que estimulem os agricultores a adotarem os sistemas agroecológicos.

Agricultura de Conservação

A Embrapa Cerrados, juntamente com o Ministério das Relações Exteriores do Brasil, Ministério de Relações Exteriores da França e o Ministério da Agricultura de Moçambique, realizará de 11 a 22 de maio, o curso “Agricultura de Conservação para Agricultura Familiar nas Zonas Tropicais”. A iniciativa tem o objetivo de capacitar 15 técnicos moçambicanos em práticas da agricultura de conservação, e estabelecer uma plataforma de trabalho compartilhada na região de Manica e Tete, entre instituições do Brasil, França e Moçambique.

A agricultura de conservação inclui qualquer prática que reduza, mude ou elimine a mobilização do solo, evitando, entre outros benefícios, a queima de resíduos de culturas na superfície do solo e a erosão hídrica.

O curso é resultado do intercâmbio entre os três países, firmado em dezembro de 2008, em que foi definido um perfil para técnicos desse setor. A primeira fase do treinamento será realizada na unidade da Embrapa Cerrados. Na segunda etapa, os técnicos irão para o município de Unaí-MG, onde irão adquirir conhecimentos metodológicos e de arranjos de pesquisa, além de visitarem assentamentos, sindicatos, Faculdade de Agronomia e grandes propriedades no PAD-DF.

O “Projeto Brasil – França de Treinamento de Técnicos Moçambicanos na Área de Agricultura de Conservação” foi financiado pelo Governo Brasileiro, por meio da ABC (Agência Brasileira de Cooperação) que disponibilizou US$ 49.600,00, e pelo Governo da França, através do Cirad e da Embaixada da França no Brasil e no Moçambique, que colaborou com US$ 50.500,00. O governo brasileiro, por meio da Embrapa, contribuiu com US$ 3.400,00.

Liliane Castelões

Embrapa Cerrados

61 3388-9945 /

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