Sustentabilidade é tema de evento aberto ao público em São Paulo

14.09.2009 | 20:59 (UTC -3)

Para onde caminha o nosso planeta? O que fazemos em nosso dia a dia em favor do meio ambiente? Como utilizar os recursos naturais disponíveis de forma consciente e com responsabilidade?

Estas e outras questões serão apresentadas durante o Vivendo Sustentável, encontro que tem por objetivo conscientizar as pessoas sobre formas eficazes de se viver em harmonia com o meio ambiente, promovido pelo Clube Esperia, em São Paulo, de 15 de setembro a 4 de outubro de 2009.

José Maria Gusman Ferraz, pesquisador da Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP), presente no encontro em 30 de setembro, a partir das 20h, irá falar sobre o consumo desenfreado, maior ameaça ao futuro da humanidade, que esgota rapidamente os recursos naturais e piora a qualidade de vida de ricos e pobres. “Sempre que se consome, o meio ambiente é afetado de alguma maneira”, enfatiza.

“Podemos definir consumo sustentável como o ato de adquirir, utilizar e descartar produtos e serviços com respeito ao meio ambiente e à dignidade humana ou simplesmente como o consumo que nos permita satisfazer as nossas necessidades sem comprometer as gerações futuras”.

Os países desenvolvidos, com somente 20% da população mundial, consomem 85% do alumínio e químicos e sintéticos; 80% do papel, ferro e aço; 80% da energia comercial; 70% da madeira; 65% da carne, dos agrotóxicos e do cimento; 80% dos peixes e grãos e 40% da água doce, conforme dados das Nações Unidas de 1998.

“Mesmo na situação atual, em que metade da humanidade está abaixo da linha de pobreza, já se consome de 20% a 30% a mais do que a Terra consegue renovar. O que aconteceria no mundo se o consumo dos mais ricos pudesse ser estendidos a todas as pessoas? A demanda de recursos naturais exigiria mais uns três ou quatro planetas”, sinaliza o pesquisador.

O consumo médio brasileiro dos que podem comprar além do básico está em US$ 7 mil anuais, comparados com os US$ 21,7 mil nos EUA e na Europa. O Brasil é o segundo maior consumidor mundial de carne bovina. Uma dieta de carnes, para ser produzida, precisa de quatro vezes mais terra do que uma de vegetais. E produzir um quilo de carne bovina exige até 15 mil litros de água. Para um quilo de grãos, gasta-se em média 1.300 litros.

“Consumir pelo prazer de consumir e trabalhar para pagar dívidas, sem ter tempo para usufruir o que adquiriu, esse é o modo de vida propagado pela indústria cultural e reforçado pelo marketing das empresas. Só em maquiagem, gasta-se hoje no mundo, US$ 18 bilhões e com os serviços de saúde reprodutiva para as mulheres, os custos são estimados em US$ 12 bilhões”.

Conforme dados da ONU, o combate a fome pede hoje US$ 19 bilhões, um pouco mais do que se gasta na Europa e nos Estados Unidos com ração industrializada para animais de estimação - US$ 17 bilhões. E para vacinar todas as crianças contra doenças que matam milhões, seriam necessários gastos de US$ 1,3 bilhões, pouco mais de dez por cento do que os europeus gastam em sorvetes. Os gastos militares em 2003 foram da ordem de US$ 956 bilhões, valor que daria para resolver todos estes problemas.

“A humanidade caminha para um beco sem saída, acredita Ferraz. Estima-se que daqui a mais ou menos 100 anos, não haverá recursos para alimentar e aquecer os seres humanos. Com o atual ritmo de exploração, em um século não haverá fontes de água, reservas de ar puro e terras para agricultura em quantidade suficiente para a preservação da vida”.

Um fato preocupante é o resultado de uma pesquisa que mostra que os jovens brasileiros se interessam mais por compras (70%) do que os americanos (33%). Jovens brasileiros são também os que mais gostam de televisão e os que menos se interessam por política e sociedade.

“Parece incrível, mas consumir é um exercício de liberdade. Dizer sim ou não e ter a responsabilidade de escolher produtos e serviços mais adequados para cada um de nós fica ainda melhor quando incorporamos o conceito de consumo sustentável”.

Aos famosos 3Rs - Reduzir, Reutilizar e Reciclar, deve ser acrescido o Repensar, que é o pensar no resíduo da sua compra antes de comprar. Prefira embalagens menos impactantes, por exemplo de papelão e não de isopor. Use o menos possível de plásticos, que é outro fator importante de poluição. Ao beber água, prefira copos de vidro, não os recicláveis. Além de contribuir para poluir menos, você não ingere substâncias químicas que agem como hormônios femininos, liberados por esse material.

Tecnologias são resolvem tudo, conclui Ferraz. Nós é que precisamos mudar nossas escolhas, nossas atitudes, nosso modo de viver.

Além das palestras, o público pode participar de oficinas sobre alimentação viva, suco verde, ecojóias, horta urbana e papel reciclado.

Serão apresentados documentários com alertas para os grandes desafios ecológicos que o planeta enfrenta com imagens impressionantes da natureza, recolhidas nos cinco continentes, oceanos e glaciares. Também serão exibidos programas sobre o progresso de uma metrópole, mudanças do clima, com imagens de seca, inundação, destruição e depoimentos de pessoas no Sul, na Amazônia e no Nordeste, além da opinião de cientistas sobre as causas do aquecimento global e o que o governo e a população podem fazer para reduzir os seus impactos.

Além disso, haverá exposições sobre a trajetória do projeto Tietê, distribuição de mudas de árvores, cálculo de emissão de GEE, coleta de óleo vegetal, de baterias, de aparelhos de celular e eletrônicos.

Todas as atividades são gratuitas e abertas ao público.

Serviço

Clube Esperia

Av. Santos Dumont, 1313 - Santana

Informações para o público - (11) 2223-3342

Cristina Tordin

Embrapa Meio Ambiente

19.3311.2608 /

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