No agronegócio brasileiro é comum observarmos campos e lavouras sendo administrados por famílias inteiras. Sejam áreas e atividades pequenas ou gigantescas, o fato é que a agricultura familiar no Brasil ainda é muito latente e, segundo dados do IBGE, dessas estruturas apenas 30% chegam na segunda geração e só 5% conseguem chegar até a terceira.
Além disso, de acordo com um levantamento realizado pela Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária -, aproximadamente 40% dos produtores rurais não exercerão mais suas atividades até 2030. E, segundo o último censo agropecuário, realizado em 2017, 26% dos produtores enquadrados na categoria de agricultura familiar tem 65 anos ou mais. Mas por que é tão difícil manter uma transição familiar longeva? A resposta pode estar no planejamento.
Em qualquer tipo de empresa, traçar um plano de negócios bem estruturado é sem dúvida um diferencial competitivo e em uma sucessão familiar não deve ser diferente. Uma transição bem-sucedida faz parte de um bom planejamento pensado e traçado com antecedência, mas esse trabalho exige tempo e dedicação, já que é algo que deve envolver todos que atuam no dia a dia das operações.
“É muito importante, desde cedo, pensar em como será o futuro e como é possível manter um campo fértil para as gerações seguintes. Ter uma visão de longo prazo é importante para que o produtor tenha tempo para se preparar quando o momento da sucessão chegar”, destaca Ricardo Berni, diretor de Negócios Agrícolas da Raízen e responsável pelo Cultivar, programa da empresa que tem como objetivo gerar valor aos parceiros, por meio de iniciativas de suporte aos negócios, dentre elas soluções de apoio ao processo sucessório no campo.
Mas, além de ter uma visão de longo prazo, é importante ter em mente que uma sucessão não é somente a transferência patrimonial para as novas gerações: ela envolve também a transferência do poder de decisão e de responsabilidades para elas, e sabemos que essa tarefa não é nada fácil, por isso é fundamental planejamento e a busca por conhecimento para entender a melhor forma de executar esse processo.
De acordo com Berni, existem no mercado diversas consultorias especializadas nesse tipo de trabalho e que podem apoiar o produtor mostrando a ele o melhor caminho a seguir, assim como também existem diferentes formas de realizar essa sucessão. “O produtor precisa ter em mente o que ele deseja para o futuro do seu negócio e, dentro das possibilidades que essas consultorias oferecem, chegar ao modelo sucessório que mais tem conexão com a sua realidade e anseios, por isso as palavras de ordem são: planejamento e visão de futuro”, ressalta.
O executivo da Raízen ainda explica que o Programa Cultivar nasceu com a intensão de estreitar o relacionamento com os produtores, mas por meio de fóruns de discussão com este público, tem construído iniciativas que vão além do relacionamento. Olhando para os maiores desafios do negócio e propondo soluções que os apoiem para o crescimento sustentável não apenas dos negócios, como também do setor. Desta forma e, por entender que a sucessão nas empresas agrícolas ainda é um gap do agronegócio brasileiro, é que a companhia se colocou na vanguarda sobre o tema e, desde 2018, vem fomentando a discussão sobre sucessão, promovendo fóruns e encontros entre produtores, Raízen e consultorias especializadas para contribuir na estruturação desse processo de seus parceiros de negócios. Mesmo assim, sabe que muito ainda precisa ser feito e ainda há muito conhecimento a ser compartilhado.
E, por mais que o Censo agropecuário nos dê um retrato de uma realidade não muito otimista, é notório destacar que nos últimos anos é percebido um aumento quanto a participação de jovens que cada vez mais vem se inserindo na atuação do campo. Tendo em vista que os modelos de negócios evoluíram e as tecnologias estão se aproximando mais das operações agrícolas, é correto afirmar que existe um movimento positivo acontecendo. Se há 20 anos era natural observarmos jovens deixando suas propriedades pela falta de perspectiva de crescimento, hoje observamos uma maior permanência desses sucessores no campo.
Eles estão se qualificando e trazendo para os negócios da família uma visão mais preparada e sólida de como pode ser o futuro, como também enxergam nessa atividade, um campo de oportunidades e possibilidades, e é por isso que, cada vez mais, o tema da sucessão familiar precisa estar presente no dia a dia desses produtores, para que ela possa ser executada com planejamento e garantir um campo fértil para a sua longevidade.