Maiores populações de lagartas preocupam produtores
Previsões climáticas indicam possíveis períodos de estiagem em dezembro e janeiro, o que agrava a situação
O mercado agrícola brasileiro e argentino viveu uma semana de movimento misto, com boas condições para o plantio da soja no Brasil e avanços na semeadura na Argentina. Entretanto, o dólar continua a influenciar diretamente as cotações, e a volatilidade na Bolsa de Chicago afeta o mercado internacional. A demanda por farelo de soja enfrenta desafios, especialmente na China, enquanto o milho também vive um cenário de pressão nos preços internos, mas com uma expectativa positiva para a safra de segunda temporada. O que esperar para os próximos dias? Especialistas da Grão Direto explicam os fatores que devem movimentar o mercado nos próximos meses.
Plantio no Brasil
O plantio da safra de soja 2024/25 no Brasil atingiu 78,2% da área prevista, superando a média dos últimos cinco anos (71,1%). Enquanto algumas regiões, como o Centro-Oeste, receberam chuvas favoráveis, outras, como o oeste de Mato Grosso do Sul, enfrentaram seca, com previsões de retorno significativo de chuvas apenas para dezembro.
Plantio na Argentina
Na última semana, a Bolsa de Cereales registrou um avanço de 12,2% de área plantada, alcançando 20,1% da área prevista. As condições foram favoráveis para o avanço da semeadura.
Na semana passada, o dólar registrou volatilidade e fechou próximo a R$ 5,79. A postura do Federal Reserve (Fed), que indicou uma possível redução mais lenta das taxas de juros nos Estados Unidos, fortaleceu o dólar globalmente. Isso reduz a atratividade de moedas emergentes, como o real brasileiro.
Em Chicago, o contrato de soja para janeiro de 2025 encerrou a US$ 9,98 por bushel (queda de 2,35%). O contrato com vencimento em março de 2025 também registrou queda de 2,51%, fechando a US$ 10,09 por bushel.
Demanda por farelo
A China aumentou o volume de produção de carne suína no último trimestre, mas o consumo não acompanhou a oferta, o que reduziu a margem de lucro dos suinocultores. Com margens mais apertadas, a demanda por farelo de soja por parte dos produtores diminuiu. Esses mesmos suinocultores estão aguardando o aumento sazonal da demanda no final do ano para tentar melhorar suas margens. Após esse período sazonal, o mercado poderá observar uma retomada na demanda por farelo de soja pelos suinocultores chineses.
Boas condições de plantio
Não é novidade que a maior parte do Brasil está com boas condições para o plantio. Com o rápido avanço devido às boas condições, a qualidade das lavouras estão boas e excelentes e esse fator já começa a fazer mais peso nos prêmios futuros. Com o ritmo acelerado e as boas condições, o volume de soja que entrará no mercado entre os meses de Fevereiro e Março trará transtornos para a cadeia logística.
Dólar
O ressurgimento da inflação nos EUA preocupa o mercado em relação aos cortes na taxa de juros norte-americana. O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, havia deixado claro em seus últimos discursos a intenção de acelerar os cortes na taxa de juros, mas os relatórios recentes sobre inflação e criação de novas vagas de emprego dificultaram essa possibilidade. Com uma inflação mais persistente, o Fed deve adotar uma postura mais cautelosa em relação aos cortes de juros, o que já tem contribuído e continuará contribuindo para a valorização do dólar em relação a outras moedas, especialmente as de países emergentes, como o Brasil.
Com base nos fatores apontados, poderemos ter mais uma semana negativa em Chicago, restando ao dólar, principalmente, fazer o contrapeso das cotações aqui no Brasil. No interior os prêmios devem seguir valorizando para o grão disponível e com força de baixa para a safra futura.
Como o mercado se comportou na última semana?
A região Sul do Brasil teve condições climáticas favoráveis para o milho da primeira safra, com boa umidade no solo, permitindo o avanço do plantio.
Mercado interno
Apesar da pressão dos preços em Chicago, os valores domésticos do milho no Brasil apresentaram certa resistência. Isso ocorreu devido à desvalorização do real frente ao dólar, que oferece suporte aos preços internos, e ao ritmo lento da comercialização pelos produtores
Safra Argentina
O plantio de milho na Argentina já alcançou 38,6% da área projetada. Já se observam os primeiros lotes em estágio reprodutivo no Centro-Norte de Santa Fé e Entre Ríos.
"Milho spot Chicago fechou em: 4,24 dólares o bushel, contrato . Movimento de -1,17% na semana.Milho BM&F nov./24 fechou a 0,7453 reais a saca, o que indica movimento de -4,02%.
"O milho encerrou a semana cotado a US$ 4,24 por bushel (queda de -1,17%) em Chicago, para o contrato com vencimento em dezembro de 2024. No Brasil, na B3, o milho seguiu o movimento de queda, com fechamento de -4,02%%, encerrando a R$ 74,53 por saca no contrato de janeiro de 2025. No mercado físico, os movimentos foram mistos, com altas e baixas distribuídas pelo país, predominando as altas.
O que esperar do mercado?
Janela de plantio para o milho segunda safra
Com o rápido avanço da safra brasileira de soja e o bom desenvolvimento, o mercado começa a repensar sobre uma possível diminuição na área de milho segunda safra. O cereal terá em grande parte a janela ideal para plantio e diferente de dois meses atrás, os preços do cereal dispararam no disponível e tiveram uma boa reação no mercado futuro. Não há cenário para uma grande elevação nos custos de produção então o cenário que começa a ser desenhado é de expectativas boas quanto ao volume de milho segunda safra.
Área plantada
Para a safra 2024/25 é estimado o plantio de 3.756,2 mil hectares, 5,2% inferior ao registrado na última safra. Essa redução de área é devido à baixa cotação do cereal no mercado, forçando os agricultores a procurarem melhores opções de cultivo de outras culturas. Agora, com uma alta expressiva nas últimas semanas, espera-se que a área plantada, principalmente na região sul, seja maior que a inicialmente estimada.
Demanda
A demanda interna deve continuar sendo o maior motivador das altas e a sustentação para os preços no mercado físico. A alta do boi gordo e a valorização no preço de outras proteínas como a carne suína e de aves são os principais motivos. Poderemos ter mais uma semana positiva para o milho no Brasil, apesar da queda na última semana.
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